Poti
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Cidade | ||
Mercado em Poti | ||
Localização | ||
Localização de Poti na Geórgia. | ||
Coordenadas | 42° 09′ 00″ N, 41° 40′ 00″ L | |
País | Geórgia | |
Região | Mingrélia-Alta Suanécia | |
Administração | ||
Prefeito | Beka Vacharadze | |
Características geográficas | ||
Área total | 65,8 km² | |
População total (2014) | 41,465 hab. | |
Densidade | 630,17 hab./km² | |
Altitude | 1−3 m | |
Fuso horário | Fuso da Geórgia (UTC+4) | |
Horário de verão | Não tem desde 2005 | |
Sítio | poti.gov.ge |
Poti (em georgiano: ფოთი) é uma cidade portuária na Geórgia, localizada na costa oriental do mar Negro, na mkhare (região) de Mingrélia-Alta Suanécia, no oeste do país. Construída próxima ao sítio arqueológico da antiga colônia grega de Fásis, a cidade tornou-se um importante centro industrial e portuário desde o início do século XX. É também sede de uma das principais bases da Marinha da Geórgia.
O governo georgiano estuda transformar a área do Porto Marítimo de Poti numa zona franca, de acordo com um projeto de parceria com os Emirados Árabes Unidos assinado em abril de 2008.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome Poti está aparentemente ligado ao nome antigo "Fásis", porém a sua etimologia ainda é alvo de intenso debate acadêmico. O nome grego Phasis (Φάσις) é registrado pela primeira vez na Teogonia, de Hesíodo (por volta de 700 a.C.), como o nome de um rio (Rio Fásis), e não de cidade. Já se sugeriu que o nome não teria uma origem helênica, e seria derivado de um hidrônimo local, como o zan-georgiano *Poti, o suana *Pasid, ou até mesmo uma palavra semita que significaria "rio de ouro".[1]
Geografia e clima
[editar | editar código-fonte]Poti está situada a 312 quilômetros a oeste da capital da Geórgia, Tbilisi, num delta pantanoso, criado pelo principal rio da Geórgia ocidental, o rio Rioni, ao juntar-se com o mar Negro. A cidade está numa altitude de dois metros acima do nível do mar, e boa parte de seus arredores foi recuperada dos pântanos que existiam anteriormente, para abrigar atualmente plantações de frutas cítricas. Em torno da cidade também está o Parque Nacional de Colchétia, flanqueado pelo pequeno rio Kaparchina, a sudoeste, e pelo lago Paliastomi a sudoeste. A cerca de cinco quilômetros ao sul está a vila de Maltacua, um balneário conhecido localmente.
O clima é o subtropical úmido, com invernos pouco frios e verões quentes. A temperatura média anual é de 14.1 °C; a mínima média é de 2 °C em janeiro, e a máxima média é de 22.9 °C em julho. Chove muito na região, e o índice pluviométrico pode chegar a 1.960 milímetros por ano.
História
[editar | editar código-fonte]Antiguidade e Idade Média
[editar | editar código-fonte]Durante a Antiguidade clássica a área foi ocupada pela pólis grega de Fásis, fundada por colonos de Mileto, liderados por um certo Temistágoras, no fim do século VII a.C..
Após muitos anos de incerteza e ferrenhas disputas acadêmicas, o sítio exato desta cidade antiga parece ter sido determinado com alguma segurança, devido à arqueologia subaquática. Aparentemente, o lago que o antigo autor grego Estrabão havia descrito como localizado próximo a um dos lados da cidade acabou por submergir boa parte dela. Ainda assim, uma série de questões que dizem respeito à exata localização da cidade e à identificação de suas ruínas ainda permanecem sem respostas, devido principalmente aos processos geomorfológicos, exercidos ao longo de séculos na região, à medida que as camadas mais baixas do rio Rioni acabaram sofrendo alterações no seu percurso, por toda a área pantanosa. Fásis parece ter sido um centro importante de comércio e cultura da Cólquida, por todo o período clássico.[2][3] O trecho ao longo do rio Fásis fazia parte da rota comercial que ligava a Índia ao mar Negro, citada por Estrabão e por Plínio, o Velho.[4]
Durante a Terceira Guerra Mitridática Fásis passou para o comando romano; o general romano Pompeu, o Grande, depois de entrar na Cólquida pela Ibéria, encontrou com o legado Servílio, almirante da sua frota naval do Euxino, em 65 a.C..[5]
Depois de ser introduzida ao cristianismo, Fásis tornou-se a sede duma diocese grega, da qual um dos seus bispos, Ciro, tornou-se Patriarca de Alexandria, entre 630 e 641 d.C.. Durante a Guerra Lázica, entre os bizantinos e os persas sassânidas (542-562), Fásis foi atacada, sem sucesso, pelas tropas persas.
No século VIII o nome Poti foi registrado pela primeira vez nas fontes escritas georgianas. Continuou a ser uma localidade focada no comércio marítimo, dentro do Reino da Geórgia, e era conhecida pelos viajantes medievais europeus como Fasso.[6] No século XIV, a República de Gênova estabeleceu uma feitoria comercial na cidade, que acabou tendo curta existência.
História moderna
[editar | editar código-fonte]Em 1578, Poti foi conquistada pelo Império Otomano. Os turcos, que chamaram a cidade de Faş, construíram fortificações pesadas e a transformaram num de seus principais postos de fronteira no Cáucaso, onde havia um grande mercado de escravos. Um exército combinado dos príncipes da Geórgia ocidental recuperou Poti em 1640, porém a cidade caiu para os otomanos novamente em 1723. Outra tentativa fútil de libertar a cidade do jugo otomano foi feita pelas forças russo-georgianas em 1770 e 1771, e a partir do momento em que a Rússia tomou conta da maior parte do território georgiano, no século XIX, suas forças tentaram novamente destruir o forte turco em Poti. Apesar da empreitada eventualmente ser bem-sucedida, com o auxílio de tropas georgianas, em 1809, o Tratado de Bucareste forçou a devolução do território e da fortaleza aos otomanos. A próxima Guerra Russo-Turca trouxe a cidade definitivamente ao domínio russo, onde foi subordinada à gubernia ("província") de Cutais, e recebeu o estatuto de cidade portuária em 1858. O porto marítimo foi construído entre 1863 e 1905. Em 1872, a cidade tornou-se o ponto final da Ferrovia Transcaucásica, que passava diretamente por Tbilisi.
Referências
- ↑ Lordkipanidze (2000), pp. 11–12.
- ↑ Lordkipanidze (2000), p. 50.
- ↑ Richard J. A. Talbert et al (2000), p. 1227.
- ↑ Lordkipanidze (2000), p. 31.
- ↑ John Leach (1986), Pompey the Great, p. 84. Routledge, ISBN 0709941277.
- ↑ Allen, W. E. D. (Aug., 1929), The March-Lands of Georgia. The Geographical Journal, Vol. 74, No. 2, p. 135.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Lordkipanidze, O. (2000), Phasis: The River and City in Colchis. Franz Steiner Verlag, ISBN 3-515-07070-2.
- Jones, Stephen F. (2005), Socialism in Georgian Colors: The European Road to Social Democracy, 1883-1917. Harvard University Press, ISBN 0-674-01902-4.
- Richard J. A. Talbert et al (ed., 2000), Barrington Atlas of the Greek and Roman World. Princeton University Press, ISBN 0-691-04945-9.