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Direita envergonhada

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Enéas Carneiro foi um importante representante da direita envergonhada

A direita envergonhada (no original, abashed right) é um termo criado por Timothy Power em 2000 no livro The Political Right in Postauthoritarian Brazil: Elites, Institutions, and Democratization para descrever a direita no Brasil após a redemocratização.[1]

Após o fim da Ditadura Militar, muitos dos antigos membros da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e do Partido Democrático Social (PDS), especialmente os políticos ligados a José Sarney, criaram novos partidos ou migraram para outros já existentes, incluindo os de oposição, como o Partido de Frente Liberal (PFL) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).[1] Esses políticos adotaram um discurso mais brando e se definiam como sendo de "centro", por haver um consenso democrático e antiautoritário no país, incluindo entre a elite.[2] Em 1987, a Assembléia Constituinte era formada por 5% dos deputados de extrema-esquerda, 52% de centro-esquerda, 37% de centro e 6% à direita, com ninguém se definindo como de extrema-direita.[2] Entre 1990 e 2009, 88% dos parlamentares se posicionaram à esquerda, enquanto apenas 13,5% se posicionaram à direita.[3] Ou seja, em tese, o Brasil pós-ditadura seria um país onde a direita praticamente não existia.[2]

De acordo com Timothy Power, este fenômeno ocorreu pela transição democrática ser conservadora, ou seja, não punir os militares culpados pelos crimes ocorridos durante o regime anterior e manter as antigas elites no poder, mas com um verniz democrático. Com isso, iniciou-se um processo de esquecimento do passado recente.[2] Outro fator importante foi a dissolução da União Soviética, que tornou a distinção entre esquerda e direita menos nítida.[2]

Em 1989, Enéas Carneiro criou o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) e se lançou como candidato ao presidente do Brasil. Até à sua extinção, em 2006, o partido foi o maior representante da extrema-direita brasileira, apesar de se definir como sendo de centro.[2]

Foi especulado que este fenômeno duraria por um curto período de tempo, mas ele perdurou por mais de uma década. Porém, ele se enfraqueceu com a atuação da bancada BBB nos governos petistas. Políticos como Marco Feliciano, Celso Russomano e Jair Bolsonaro passaram a se posicionar publicamente como conservadores.[3]

Para Leonardo Avritzer, a direita envergonhada acabou em 2013, com o surgimento do Movimento Brasil Livre (MBL) e outros movimentos da nova direita.[4]

Características

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  1. a b c d Schwam-Baird, David (2003). «Review of The Political Right in Postauthoritarian Brazil: Elites, Institutions, and Democratization». Journal of Third World Studies (1): 274–276. ISSN 8755-3449. Consultado em 6 de junho de 2023 
  2. a b c d e f g h Neto, Odilon Caldeira (2016). «A "DIREITA ENVERGONHADA" E A FUNDAÇÃO DO PARTIDO DE REEDIFICAÇÃO DA ORDEM NACIONAL». Historiæ (2): 79–102. ISSN 2238-5541. Consultado em 6 de junho de 2023 
  3. a b Quadros, Marcos Paulo dos Reis; Madeira, Rafael Machado (2018). «Fim da direita envergonhada? Atuação da bancada evangélica e da bancada da bala e os caminhos da representação do conservadorismo no Brasil». Opinião Pública: 486–522. ISSN 0104-6276. doi:10.1590/1807-01912018243486. Consultado em 7 de junho de 2023 
  4. Fernanda da Escóssia (19 de maio de 2017). «União de esquerda com direita pode levar a eleições diretas, diz cientista político». BBC News Brasil. Consultado em 6 de junho de 2023. Cópia arquivada em 6 de junho de 2023