Dedekind-infinito
Na matemática, especialmente na teoria de conjuntos, um conjunto A é Dedekind-infinito ou infinito de Dedekind se A é equipotente a um subconjunto próprio. Um conjunto é Dedekind-finito se ele não é Dedekind-infinito. O nome provém do matemático alemão Richard Dedekind, que definiu "infinito" dessa maneira no seu famoso artigo de 1888 O que são e o que precisam ser os números.[1]
Definição e exemplos
[editar | editar código-fonte]Dado um conjunto A, dizemos que A é Dedekind-infinito se A é equipotente a B, com B⊆A e B≠A. Pela definição de equipotência, isso significa que existe uma função bijetiva entre A e B.[2]
Como exemplo, consideremos o conjunto do números naturais e a função
Onde é o conjunto dos inteiros positivos: . Portanto, o conjunto dos números naturais é Dedekind-infinito. Para um outro exemplo, considere o intervalo fechado em e a função:
.
Portanto, o intervalo é Dedekind-infinito.
Propriedades básicas
[editar | editar código-fonte]As seguintes propriedades podem ser demonstradas em ZF sem o axioma da escolha.
- Se A é Dedekind-infinito, então A é infinito.[3]
- Se B é Dedekind-finito e A⊆B, então A é Dedekind-finito.[4] Portanto, se A é Dedekind-infinito e A⊆B, então B é Dedekind-infinito.
- Todo conjunto enumerável é Dedekind-infinito.[2]
- Um conjunto A é Dedekind-infinito se e somente se A tem um subconjunto enumerável.[5]
- Se é Dedekind-infinito, então é Dedekind-infinito.[6]
- Se é infinito, então é Dedekind-infinito.[5]
Dedekind infinito e o axioma da escolha
[editar | editar código-fonte]O axioma da escolha implica ZF a recíproca das proposições acima:
- Se A é infinito, então A é Dedekind-infinito.[7]
- Se é Dedekind-infinito, então é Dedekind-infinito.[8]
Mas essas proposições não podem ser demonstradas sem o axioma da escolha, se ZF é consistente.[9]
Referências
- ↑ Dedekind 1932, §5, 64, p. 356.
- ↑ a b Hrbacek Jech [1999] , p. 97.
- ↑ No sentido habitual de infinito: A não tem n elementos para algum número natural n.
- ↑ Levy [2002] , p. 92.
- ↑ a b Ibid.
- ↑ Considere os {x} com x no subconjunto enumerável de A.
- ↑ Levy [2002] , p. 167.
- ↑ Note que A é infinito.
- ↑ Jech [1973] , p. 95.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Dedekind, Richard (1932). «Was sind und was sollen die Zahlen?». Gesammelte mathematische Werke (em alemão). III. Braunschweig: Friedr. Vieweg & Sohn. p. 335−391
- Hrbacek, Karen; Jech, Thomas (1999). Introduction to set theory (em inglês) 3a. ed. New York: Marcel Dekker
- Jech, Thomas (1973). The axiom of Choice (em inglês). Amsterdam: Elsevier
- Levy, Azriel (2002). Basic set theory (em inglês). Mineola, New York: Dover