Alzira Costa
Alzira Costa | |
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Nascimento | Alzira de Jesus Coelho de Campos de Barros Mendes de Abreu 20 de abril de 1875 Oliveira do Hospital |
Morte | 21 de fevereiro de 1970 Nossa Senhora de Fátima, Lisboa |
Cidadania | portuguesa |
Progenitores |
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Cônjuge | Afonso Costa |
Filho(a)(s) | Sebastião de Barros Abreu e Costa (1894-?) Maria Emília de Barros Abreu e Costa (1896-?) Afonso de Barros Abreu e Costa (1900-?) Fernando de Barros Abreu e Costa (1906-?) |
Irmão(ã)(s) | José de Barros Mendes de Abreu (1878-195?) António de Barros Mendes de Abreu (1880-1960) |
Ocupação | política |
Assinatura | |
Alzira Costa (Oliveira do Hospital, 20 de abril de 1875 - Lisboa, 21 de fevereiro de 1970), também conhecida como Alzira de Barros de Abreu Costa, foi uma republicana e benemérita portuguesa. Era casada com o advogado, professor universitário, político, dirigente do Partido Republicano Português e posteriormente do Partido Democrático, Afonso Costa.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e Família
[editar | editar código-fonte]Nascida a 20 de abril de 1875, em Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, Alzira de Jesus Coelho de Campos de Barros Mendes de Abreu e Costa era filha de Albano Mendes de Abreu,[1][2] médico, natural de Oliveira do Hospital, e de Maria Emília de Barros Coelho e Campos, natural de Farminhão e irmã do General António de Almeida Coelho e Campos e do escritor Luís de Campos.[3][4][5] Era a primeira filha do casal, sendo irmã mais velha do escritor, bacharel em direito, político, diretor geral do Supremo Tribunal de Justiça e comendador da Ordem Militar de Cristo, José de Barros Mendes de Abreu (1878-195?)[6][7][8][9][10] e do advogado António de Barros Mendes de Abreu (1880-1960), sendo tia da bailarina e coreógrafa Margarida von Hoffmann de Abreu (1915-2006) e de Maria Helena von Hoffmann de Abreu (1920-2020), professora de piano e pioneira do ioga no país, casada com João de Freitas Branco, filho do compositor Luís de Freitas Branco.[11] Era ainda avó da ativista feminista e militante socialista Maria Alzira Lemos, trisavó da atriz Catarina Wallenstein e tia-trisavó de Sofia Sá da Bandeira.
Casamento e Descendência
[editar | editar código-fonte]Com 17 anos de idade, a 15 de setembro de 1892 casou-se com Afonso Costa, natural de Seia, então com 21 anos e estudante do quarto ano de Direito, na Sé Nova de Coimbra.[12][13] Do seu casamento, teve quatro filhos, Sebastião (1894-?), tenente do Exército Português condecorado Cavaleiro pela Ordem de Cristo em 1919,[14][15] Maria Emília (1896-?),[16] Afonso (1900-?) e Fernando de Barros Abreu e Costa (1906-?).
Primeira República Portuguesa
[editar | editar código-fonte]Inseparável do seu marido, ainda antes da implantação da República Portuguesa a 5 de outubro de 1910, Alzira de Barros de Abreu Costa mudou-se com a sua família de Coimbra para Lisboa, onde Afonso Costa tornou-se num dos principais dirigentes do Partido Republicano Português. Posteriormente o seu marido foi chamado a integrar o Governo Provisório da República, tendo desempenhado o cargo de Ministro da Justiça e legislado a lei da separação do estado das igrejas, a criação do registo civil, a lei do divórcio, a lei de protecção dos filhos, a legalização das comunidades religiosas não católicas e a privatização dos bens da Igreja Católica, entre muitas outras medidas, ou ainda como Ministro das Finanças, tendo obtido o feito de conter o défice público e equilibrar as contas públicas, tornando-se mais tarde líder e fundador do Partido Democrático.
Durante esse período, Alzira Costa conviveu com várias figuras ilustres da sociedade cultural e política portuguesa, travou amizade com várias sufragistas e republicanas da primeira vaga do feminismo português e actuou em vários movimentos de beneficência e de combate às desigualdades sociais.
Ativismo
[editar | editar código-fonte]Em 1916, com a participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial e a consequente mobilização de homens para o Corpo Expedicionário Português, aderiu ao movimento de beneficência feminino e de apelo ao esforço de guerra, criado pela Primeira Dama Elzira Dantas Machado, a Cruzada das Mulheres Portuguesas, tornando-se numa das suas principais impulsionadoras.[17][18]
Eleita presidente do Instituto Clínico, criado pela associação, fundou a Comissão de Hospitalização, órgão responsável pelo internamento e tratamento médico dado aos soldados feridos e mutilados na frente de combate em Flandres, instalou o Hospital Médico-Cirúrgico, dirigido pelo médico Francisco Gentil, no antigo Colégio Jesuíta de Campolide em Lisboa, equipado com 1200 camas e dez especialidades de medicina, possuindo várias salas de cirurgia, laboratórios e uma farmácia, e ainda recomendou e organizou a instalação do Hospital Militar Português no Hotel-Casino de Hendaia, dirigido pelo médico Sílvio Rebelo.[19][20]
Pós-Guerra
[editar | editar código-fonte]Ultrapassando tempos conturbados, após o seu marido ter sido preso no Porto durante o golpe de estado de dezembro de 1917 e libertado do Forte de Nossa Senhora da Graça em Elvas, após o assassinato de Sidónio Pais, com o fim da guerra, em 1919, Alzira Costa partiu para França, onde o seu marido presidiu a delegação portuguesa na Conferência de Paz de Paris, somente regressando a Portugal em 1921.[21] Vivendo alternadamente, entre Lisboa e a Serra da Estrela, onde possuía a residência de família, conhecida como Vila Alzira, entre 1922 e 1925, acompanhou o seu marido nas várias delegações em que este participou no estrangeiro, no âmbito da Sociedade das Nações.
Exílio
[editar | editar código-fonte]Em 1926, após o Golpe de Estado de 28 de maio, sendo o seu marido um forte opositor da ditadura militar de Óscar Carmona e do regime do Estado Novo, dirigido por António de Oliveira Salazar, Afonso e Alzira Costa exilaram-se em Paris, organizando a resistência republicana no estrangeiro através da Liga de Defesa da República e da Frente Popular Portuguesa.[22]
Regressando ocasionalmente a Portugal, para visitar a sua família e sem o seu marido, correndo este o risco de ser preso ao entrar em território nacional, Alzira Costa somente regressou definitivamente a Portugal após a morte de Afonso Costa, a 11 de maio de 1937.
Morte
[editar | editar código-fonte]Faleceu a 21 de fevereiro de 1970, com 94 anos de idade, em Nossa Senhora de Fátima, Lisboa.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Revista universal Lisbonense. [S.l.]: Imprensa Nacional. 1844
- ↑ Sena, António Maria de (2003). Os alienados em Portugal. [S.l.]: Ulmeiro
- ↑ Affonso, Domingos de Araújo (1933). Livro de oiro da nobreza: apostilas à Resenha das famílias titulares do reino de Portugal de João Carlos Feo Cardoso Castelo Branco e Torres e Manoel de Castro Pereira da Mesquita. [S.l.]: J.A. Telles da Sylva
- ↑ Guía de forasteros (em espanhol). [S.l.: s.n.] 1906
- ↑ Livro de Registo de Baptismos 1872/1878 (folha 44-44 v.), Paróquia de Oliveira do Hospital - Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC)
- ↑ «José de Abreu». RevelarLx. Câmara Municipal de Lisboa. Consultado em 4 de julho de 2018. Cópia arquivada em 4 de julho de 2018
- ↑ As constituintes de 1911 e os seus deputados; obra comp. e dirigida por um antigo official da Secretaria do Parlamento. [S.l.]: Ferreira. 1911
- ↑ «Correspondência de José de Barros Mendes Abreu relativas à acusação de que foi alvo quando era Diretor Geral do Supremo Tribunal de Justiça». Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq. 1951. Consultado em 25 de setembro de 2021
- ↑ «Mercê do grau de comendador da Ordem Militar de Cristo, concedida pelo presidente da República Portuguesa ao bacharel José de Barros Mendes de Abreu». Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq. 1919. Consultado em 25 de setembro de 2021
- ↑ Serrão, Joaquim Veríssimo (1977). História de Portugal. [S.l.]: Editorial Verbo
- ↑ Mundo literário, semanário de crítica e informação literária, científica e artística. [S.l.]: Editorial Confluencia. 1946
- ↑ «Casamento de Afonso Augusto da Costa e D. Alzira de Barros Mendes de Abreu». Repositório Histórico. 1892. Consultado em 25 de setembro de 2021
- ↑ Marques, António Henrique R. de Oliveira (1988). Ensaios de história da i república portuguesa. [S.l.]: Livros Horizonte
- ↑ Guerra, Portugal Ministério da (1919). Colecção das ordens do exército. [S.l.: s.n.]
- ↑ «Tenente Sebastião de Barros Abreu e Costa». Biblioteca Genealógica de Lisboa. Consultado em 26 de setembro de 2021
- ↑ «Registo civil do nascimento de Maria Emília de Barros Abreu e Costa». Casa Comum | Fundação Mário Soares. 1910. Consultado em 25 de setembro de 2021
- ↑ Guerra, Portugal Ministério da (1918). Colecção das ordens do exército. [S.l.: s.n.]
- ↑ Samara, Maria Alice (11 de novembro de 2014). «Women's Mobilization for War (Portugal)». 1914-1918-online: International Encyclopedia of the First World War. Freie Universität Berlin. Consultado em 3 de julho de 2018
- ↑ Paz, PANDO BALLESTEROS, María de la; Pedro, GARRIDO RODRÍGUEZ; Alicia, MUÑOZ RAMÍREZ (20 de fevereiro de 2018). El cincuentenario de los Pactos Internacionales de Derechos Humanos de la ONU: libro homenaje a la profesora M.ª Esther Martínez Quinteiro (em espanhol). [S.l.]: Ediciones Universidad de Salamanca
- ↑ Mujeres, Asociación Española de Investigación Histórica de las; Nash, Mary; Tavera, Susanna (2003). Las Mujeres y las guerras: el papel de las mujeres en las guerras de la Edad Antigua a la contemporánea (em espanhol). [S.l.]: Icaria Editorial
- ↑ Meneses, Filipe Ribeiro de (29 de outubro de 2015). A Grande Guerra de Afonso Costa. [S.l.]: Leya
- ↑ Meneses, Filipe Ribeiro de (19 de abril de 2011). Afonso Costa: Portugal (em inglês). [S.l.]: Haus Publishing