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Alto Molócue (distrito)

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Alto Molócue[1] (oficialmente em Moçambique Alto Molócuè[2]) é um distrito da província da Zambézia, em Moçambique, com sede na vila de Alto Molócue. Tem limite, a norte com os distritos de Ribaue e Malema, ambos da província de Nampula, a oeste com o distrito de Gurue, a sul e sudoeste com o distrito de Ile e a leste com o distrito de Gilé.


O distrito tem uma área de 6 338km²,[3], com um relevo acidentado e altitudes cuja maioria se situam entre os 400 e os 700 metros embora uma pequena área se situe acima dos 1000 metros. O distrito tem um clima tropical húmido, mas com deficiência de água no inverno. A sua rede hidrográfica é extensa, sendo de realçar o rio Ligonha, que marca a fronteira norte do distrito, o rio Molócue, que dá nome ao distrito e que banha a sua capital, e ainda os rios Errequete, Lice, Luaia, Mulela, Mutuasse e Namirrué.[4]

De acordo com os resultados finais do Censo de 2017, o distrito tem 356 769 habitantes[3] numa área de 6 338 km², o que resulta numa densidade populacional de 56,3 habitantes por km². A população registada no último censo representa um aumento de 30% em relação aos 275 155 habitantes contabilizados no Censo de 2007.[5]

População do distrito de Alto Molócue[5][5][3]
1997 2007 2017
185 224 275 155 356 769

O distrito é habitado maioritariamente pelo grupo étnico lomwe, cuja língua era a mais falada por 87,4% da população em 2017, seguida do português por 10% e a língua macua por 1%.[3] A religião dominante é a muçulmana.[4]

A ocupação colonial da área do actual distrito começou em 1907 e foi concluída em 1909, tendo sido criadas as capitanias-mor do Alto e Baixo Molocué, integradas no então distrito de Quelimane (hoje província da Zambézia).[6] Em Julho de 1918, o distrito foi atacado e brevemente ocupado por forças alemães no decurso da Primeira Guerra Mundiall.[7] Em 1934 foi criada a Circunscrição do Alto Molocué,[8] unidade administrativa que se manteve até à véspera da independência nacional quando a circunscrição foi transformada em concelho pelo Decreto nº 59/74 de 27 de Julho e finalmente através do Decreto-lei nº 6/75 de 18 de Janeiro os concelhos passam a denominar-se distritos, formando-se então o Distrito de Alto Molocué.[9] O distrito sofreu duramente os efeitos da Guerra Civil. A Renamo entrou na Zambézia pela primeira vez em 1982, atacando povoações e estradas. A partir de 1984 a guerra generalizou-se na província, tendo a guerrilha estabelecido bases no distrito e atacando a vila sede.[10] Além das forças governamentais, a Renamo foi combatida pelos Naparamas, um grupo messiânico fundado no distrito cerca de 1990, por um agricultor, Manuel António.[11]

O escritor Armando Artur nasceu no distrito em 28 de Dezembro de 1962.

Divisão administrativa

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O distrito está dividido em dois postos administrativos, Alto Molócue e Nauela, compostos pelas seguintes localidades:

  • Posto Administrativo de Alto Molócue:
    • Alto Molócue-Sede
    • Calaia
    • Chapala
    • Ecole
    • Malua
    • Mutala
    • Nacuaca
    • Nimala
    • Nivava
    • Novanana
  • Posto Administrativo de Nauela:
    • Mahiua
    • Nauela

De notar que em 1998 a vila de Alto Molócue, até então apenas uma povoação da localidade do mesmo nome, foi elevada à categoria de município.[12]

A actividade económica dominante no distrito é a agricultura, envolvendo a quase totalidade da população (90,8%), com apenas 4,2% da população activa no sector secundário e 5,1% no terciário. A maior parte da produção agrícola é de sequeiro para auto-sustento, sendo que na época 2010-2011, a produção de cereais foi dominante (milho e alguma mapira), sendo de notar também a produção de feijão e amendoim. A rede industrial e de serviços limita-se a pequenas moageiras e processamento de produtos agrícolas.[4]

Referências

  1. Paulo, Correia; Mendes, Jorge Madeira (Outono de 2017). «Notas sobre povos, línguas, topónimos e ortografia de Moçambique» (PDF). Bruxelas: a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 33. ISSN 1830-7809. Consultado em 15 de setembro de 2020 
  2. Lei 26/2013, de 18 de Dezembro, Artigo 3 (Distritos por província), Boletim da República, 1ª Série, Número 101
  3. a b c d «Folheto Estatístico Distrital Alto Molocue_2018» (PDF). Instituto Nacional de Estatística. 2018. Consultado em 27 de março de 2022 
  4. a b c «Perfil do Distrito de Alto Molocué, Edição de 2014». Ministério da Administração Estatal. 2014. Consultado em 27 de março de 2022 
  5. a b c «INDICADORES SOCIO-DEMOGRÁFICOS DISTRITAIS». Instituto Nacional de Estatística. 2012. Consultado em 27 de março de 2022 
  6. Pélissier, René (2000). História de Moçambique - Formação e oposição, 1854-1918, Volume II, 3ª Edição. Lisboa: Editorial Estampa. pp. 159–161. ISBN 972-33-1010-4 
  7. Pélissier, René (2000). História de Moçambique - Formação e oposição, 1854-1918, Volume II, 3ª Edição. Lisboa: Editorial Estampa. pp. 425–426. ISBN 972-33-1010-4 
  8. Tjipilica, Palmira (2021). «Divisões administrativas do Império Colonial Português, Documento de Trabalho WP nº 73» (PDF). ISEG – GHES/CSG. ISSN 2183-1807. Consultado em 28 de março de 2022 
  9. «Divisão Territorial e Toponímia, Documento de Trabalho nº 1» (PDF). Assembleia da República, Commissão de Agricultura, Desenvolvimento Regional, Administração Pública e Poder Local. 1996. Consultado em 28 de março de 2022 
  10. «A guerra na província da Zambézia e o papel de Malawi, 1975 - 1988». Assembleia da República, Comissão de Agricultura, Desenvolvimento Regional, Administração Pública e Poder Local. 1996. Consultado em 25 de abril de 2022 
  11. Pinto, Maria João Paiva Ruas Baessa (Junho de 2015). «Estado, Poderes Linhageiros, Poderes Religiosos Muçulmanos nos Macuas de Nacala – Oposições, Ambiguidades e Convergências» (PDF). Instituto Universitário de Lisboa. 45 páginas. Consultado em 25 de abril de 2022 
  12. «Governo aprova aumento de municípios para 43». RTP. 1 de abril de 2017. Consultado em 15 de julho de 2018 

Ligações externas

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