Afonso Cautela
Afonso Cautela | |
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Nome completo | Afonso Joaquim Fernandes Cautela |
Nascimento | 1933 Ferreira do Alentejo |
Nacionalidade | Portugal |
Morte | 29 de junho de 2018 (85 anos) Lisboa |
Ocupação | Jornalista, escritor e ecologista |
Afonso Joaquim Fernandes Cautela (Ferreira do Alentejo, 1933 - Lisboa, 29 de Junho de 2018) foi um jornalista, escritor e ecologista português. Destacou-se principalmente pelas suas causas ecologistas, tendo sido o primeiro jornalista em Portugal que chamou a atenção do público para os problemas do meio ambiente.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]Afonso Cautela nasceu na vila de Ferreira do Alentejo, em 1933.[2]
Estudou no Magistério Primário de Faro, tendo concluído o curso em 1956.[3] Enquanto estudava, escreveu alguns poemas para o jornal A Escola Nova, que era publicado pelos alunos daquela instituição.[3]
Carreira profissional
[editar | editar código-fonte]Exerceu como professor do ensino primário, embora tenha começado desde logo a trabalhar no jornalismo.[4] Na década de 1950, ajudou a publicar o jornal algarvio O Pintassilgo.[4] Depois foi um dos fundadores do suplemento cultural Ângulo das Artes e das Letras, parte do jornal quinzenário A Planície,[4] publicado na vila de Moura, no Alentejo.[5] Este suplemento teve uma grande influência a nível nacional, tendo ajudado a lançar uma nova geração de escritores.[5] Em 1958, fundou e foi editor do periódico Zero: Cadernos de Convívio, Crítica e Controvérsia, de Ferreira do Alentejo,[5] que só durou dois números.[4] Em 1959, abandonou a carreira de professor e foi viver para Lisboa.[4] Nos inícios da década de 1960, esteve integrado no Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian.[5]
Desde 1965 até à reforma, dedicou-se inteiramente ao jornalismo.[4] Trabalhou em vários jornais, incluindo o República de 1965 a 1968, O Século de 1972 a 1977, e A Capital e 1982 a 1996.[6] Neste último periódico foi responsável pela Crónica do Planeta Terra durante mais uma década,[3] que se debruçava sobre as questões do consumo e da ecologia.[2][6]
Ao mesmo tempo manteve uma carreira como poeta, tendo lançado três livros de poesia, Espaço Mortal em 1960, O Nariz em 1961, e Campa Rasa e Outros Poemas em 2011.[4] Em 1965, foi responsável pela organização de duas antologias, Poesia Portuguesa do Pós-Guerra 1945-1965, em conjunto com Serafim Ferreira, e uma recolha de Raul de Carvalho (Poesia 1949-1958), com Liberto Cruz.[4] Esteve integrado na antologia 800 Anos de Poesia Portuguesa, que foi organizada por Orlando Neves e Serafim Ferreira em 1973, e em 2007 colaborou na obra colectiva Poesia em Verso, com Vítor Silva Tavares e Rui Caeiro.[4] Também fez parte da antologia Surrealismo Abjeccionismo, publicada por Mário Cesariny em 1963.[5] Publicou igualmente vários ensaios, principalmente sobre a temática do ambiente, destacando-se as obras Ecologia e Luta de Classes, Depois do Petróleo, e Dilúvio e Contributo à Revolução Ecológica.[4]
Foi um apoiante da causa ecologista desde o período anterior à Revolução de 25 de Abril de 1974,[7] tendo sido uma das primeiras figuras portuguesas a alertar o público contra a poluição.[1] Foi um dos fundadores do Movimento Ecológico Português em 1974,[1] para o qual iniciou e dirigiu o jornal Frente Ecológica.[4] Também foi um dos responsáveis pela criação do Comité Anti-Nuclear de Lisboa e da divisão portuguesa da associação internacional Amigos da Terra (Friends of the Earth).[7] Foi o primeiro jornalista a alertar para vários problemas ecológicos, como a poluição nas vias aquáticas, a plantação de eucaliptos, a ocupação industrial de Sines, e os planos para construir uma central nuclear em Ferrel.[8] Também apoiou a causa dos direitos dos animais.[3]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]Faleceu em 29 de Junho de 2018, na cidade de Lisboa, aos 85 anos de idade.[6] O féretro ficou em câmara ardente na Igreja da Figueirinha, em Oeiras, e o funeral teve lugar no dia seguinte, no cemitério daquela localidade.[9]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Em 2017, José Carlos da Costa Marques lançou a antologia Lama e Alvorada, Poesia Reunida de Afonso Cautela (1953-2017) - I Volume: Inéditos e Dispersos.[4]
Em 30 de Junho de 2018, o Ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de Afonso Cautela.[10] No dia seguinte, foi homenageado na Assembleia da República,[8] e em 3 de Julho, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento de António Cautela, que tinha sido proposto pelo grupo Municipal do Movimento o Partido da Terra.[2] Em Novembro, a Junta de Alcântara e a Associação Academia Hipócrates organizaram uma homenagem a Afonso Cautela, no edifício da Junta de Freguesia de Alcântara, em Lisboa.[1]
Referências
- ↑ a b c d «Homenagem a Afonso Cautela». Livraria Letra Livre. 2018. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b c «Morreu o jornalista Afonso Cautela». Sindicato dos Jornalistas. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b c d «Voto 028/02 (MPT) - Pesar pelo falecimento de Afonso Cautela». Assembleia Municipal de Lisboa. 3 de Julho de 2018. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b c d e f g h i j k l ROMEIRA, Almerinda (29 de Junho de 2018). «Jornalista, poeta, fundador do Movimento Ecológico: Afonso Cautela morre aos 85 anos». Jornal Económico / SAPO. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b c d e QUEIRÓS, Luís Miguel (29 de Junho de 2018). «Afonso Cautela (1933-2018): jornalista, poeta, ecologista». Público. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b c «Morreu o jornalista e poeta Afonso Cautela aos 85 anos». Diário de Notícias. 29 de Junho de 2018. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b ELOY, António (6 de Julho de 2018). «Comemoremos a vida de Afonso Cautela». Gazeta das Caldas. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ a b SILVA, André (1 de Julho de 2018). «Voto de Pesar n.º 585/XIII/3ª Pelo Falecimento de Afonso Cautela». Assembleia da República. Consultado em 29 de Junho de 2019
- ↑ «Morreu o jornalista e poeta Afonso Cautela aos 85 anos». Expresso. 29 de Junho de 2018. Consultado em 28 de Junho de 2019
- ↑ «Ministro da Cultura manifesta pesar pela morte de Afonso Cautela». Governo da República Portuguesa. 30 de Junho de 2018. Consultado em 28 de Junho de 2019