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Adriano de Sousa Lopes

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Adriano de Sousa Lopes

Nascimento 13 de fevereiro de 1879
Leiria
Morte 21 de abril de 1944 (65 anos)
Lisboa
Nacionalidade Portugal portuguesa
Prémios Prémio Anunciação 1900
Área Pintura

Adriano de Sousa Lopes (Vidigal, Leiria, 13 de fevereiro de 1879 — Lisboa, 21 de abril de 1944) foi um gravador e pintor modernista português.[1]

Retrato de Madame Sousa Lopes, 1927 óleo sobre madeira, 76 x 63 cm

Nasce no lugar de Vidigal, freguesia de Pouzos, concelho de Leiria. Em 1898 inscreve-se na Academia de Belas Artes, onde será aluno de Veloso Salgado (pintura) e Luciano Freire (desenho). Parte para Paris em 1903 como pensionista do Legado Valmor na especialidade de Pintura de história; frequenta a École Nationale des Beaux-Arts e, depois, a Academia Julian. É aluno de Fernand Cormon. Expõe em diversas edições do Salon d’Automne (1904, 1905, 1906, 1908, 1909, 1912). Faz uma viagem a Itália em 1907, regressando de novo a Paris.[2]

Em 1917 realiza uma primeira exposição individual, na SNBA, Lisboa. Nesse mesmo ano parte para a Frente na Primeira Guerra Mundial como oficial artista, realizando uma série de trabalhos em que regista a ação do Corpo Expedicionário Português. Em 1918 instala-se perto de Versailles e faz esboços preparatórios de composições sobre a Grande Guerra. A 31 de julho de 1919, foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[3] Em 1923 expõe em Paris. Até 1927 viaja pela Europa e pelo Norte de África, passando temporadas em França e em Portugal; nesse ano expõe de novo na SNBA, Lisboa e assume a direção do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa (segundo M. Margarida Matias no texto incluído no catálogo da exposição na FCG, 1980, Sousa Lopes ocupou «de facto» o cargo de diretor em 1927; na biografia incluída no final dessa publicação é indicado 1929 como o ano em que tomou posse do lugar). Ao longo da década de 1930 recebe diversas encomendas oficiais, nomeadamente para o Museu Militar de Lisboa e para o Salão Nobre da Assembleia Nacional, projeto que ficará interrompido pela sua morte.[4][2]

Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o pintor dando o seu nome a uma rua próxima da Avenida Álvaro Pais, em Lisboa.[5]

A Blusa Azul, c. 1920, óleo sobre tela. MNAC.

Pintor formalmente algo eclético, oscilou entre as aproximações ao impressionismo e formas de representação mais académicas. Percorreu uma grande diversidade de temas, dos retratos, paisagens e naturezas mortas a episódios da história.

A sua obra inicial do período parisiense revela uma "admiração empenhada pela pintura académica, que praticou como discípulo de Cormon", aproximando-se por vezes de um "simbolismo temático e pictural vindo de Ingres a Gustave Moreau"; a esta situação estilística pertencem pinturas como Ondinas (1908) e Caçador de águias (1905), pertencentes à coleção do Museu do Chiado, duas pinturas com um teor simbolista – literário e plástico –, raro em Portugal. Irá depois renovar a sua pintura através de uma aproximação ao impressionismo, que então se encontrava em fase acelerada de internacionalização, trabalhando em estudos de pequeno formato a partir do motivo, "impressões urbanas, elegantes e sensíveis tomadas nos jardins de Paris ou em Itália".[6]

A participação na 1ª Guerra Mundial como oficial encarregado de pintar os seus temas irá determinar a fase seguinte. Sousa Lopes realiza uma série genericamente intitulada Portugal na Grande Guerra, em que ilustra de forma expressiva uma multiplicidade de cenas como, por exemplo, 9 de Abril, O Capitão Beleza dos Santos atravessa uma densíssima barragem de artilharia e consegue salvar a sua bateria de 75. Segundo Raquel Henriques da Silva, trata-se de "um conjunto raro de águas fortes que, além de valor testemunhal, manifesta, nos melhores casos, a emergência de uma poética expressionista, justificada pelo confronto com tão dura realidade".[6]

Durante a década de 1920 realiza pinturas "em que a explosão do colorido tem um sentido novo na pintura portuguesa. São pescadores […] e outras marinhas expostas em 1927, tal como o retrato de «Madame Sousa Lopes» […], um dos melhores retratos da pintura nacional dos Anos 20".[7]

Na sua produção final, irá abandonar os derradeiros sinais de modernidade, regressando a temáticas históricas e a um idioma mais convencional ao assumir o seu derradeiro projeto, "o programa decorativo para a Assembleia Nacional".[6]

Algumas obras

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Portugal na Grande Guerra, c. 1918

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Referências

  1. Pertence à primeira geração de pintores modernistas portugueses. França, José Augusto - A Arte em Portugal no Século XX: 1911-1961 [1974]. Lisboa: Bertrand Editora, 1991, p. 182
  2. a b AFC (Dezembro de 2010). «Adriano de Sousa Lopes». Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian. Consultado em 12 de abril de 2014 
  3. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Adriano de Sousa Lopes". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 25 de setembro de 2021 
  4. Catálogo da exposição de Sousa Lopes, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1980.
  5. https://www.facebook.com/423215431066137/photos/pb.423215431066137.-2207520000.1448277902./874870145900661/?type=3&theater
  6. a b c Silva, Raquel Henriques da - "Adriano Sousa Lopes". In: A.A.V.V. – Museu do Chiado: Arte Portuguesa 1850-1950. Lisboa: Instituto Português de Museus, 1994, p. 183
  7. França, José Augusto - A Arte em Portugal no Século XX: 1911-1961 [1974]. Lisboa: Bertrand Editora, 1991, p. 182
  8. «Documentos relativos à concessão de prémio / Representação digital». Direcção-Geral de Arquivos. 1879 / 1964. Arquivo Nacional / Torre do Tombo. Consultado em 18 de Julho de 2012. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2014 

Ligações externas

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