Delirium tremens
Delirium tremens | |
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Um homem alcoólatra com delirium tremens em seu leito de morte, cercado por sua aterrorizada família. | |
Especialidade | psiquiatria |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F10.4 |
CID-9 | 291.0 |
CID-11 | 844301129 |
DiseasesDB | 3543 |
MedlinePlus | 000766 |
eMedicine | med/524 |
MeSH | D000430 |
Leia o aviso médico |
Delirium tremens (DT) é um estado confusional breve, acompanhado de perturbações somáticas, que usualmente acomete usuários de álcool gravemente dependentes em abstinência absoluta ou relativa.[1] Esse quadro geralmente ocorre 3 dias após o início dos sintomas de abstinência e pode durar vários dias. Os sintomas clássicos dessa psicose incluem a diminuição da claridade de percepção do ambiente, confusão, alucinações e ilusões vívidas e tremores marcantes.[1][2][3] Os efeitos físicos podem incluir agitação, tremores, arritmia cardíaca e sudorese.[1] Casos mais graves, com episódios de hipertermia ou convulsões, podem resultar em morte.[2]
Normalmente, o delirium tremens só é observado em pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool por mais de um mês.[4] Uma síndrome semelhante pode ocorrer com indivíduos em abstinência de benzodiazepínicos e barbitúricos.[5] Já a suspensão de estimulantes, como a cocaína, não tem maiores complicações médicas.[6] Em uma pessoa com quadro sugestivo de delirium tremens, é importante fazer o diagnóstico diferencial para descartar outros problemas associados, como distúrbios eletrolíticos, pancreatite e hepatite alcoólica.[2]
A prevenção não consiste em tratar os sintomas da abstinência. Se ocorrer delirium tremens, é necessário um tratamento agressivo, pois trata-se de emergência médica.[1][7] O paciente deve ser internado em local tranquilo e com pouca luz e submetido a terapia com benzodiazepínicos, como diazepam, lorazepam, clordiazepóxido e oxazepam.[4] Pacientes refratários a esses medicamentos podem ser tratados com haloperidol, infusão de propofol, ou clonidina.[8][9][10] Também é recomendada a reposição vitamínica com tiamina, para prevenir a Síndrome de Wernicke-Korsakoff, que causa ataxia, confusão mental e anormalidades de movimentação ocular.[1][2] Sem tratamento, a mortalidade por delirium tremens pode ser de 15% a 40%.[11] Atualmente, entretanto, as mortes ocorrem em cerca de 1% a 4% dos casos.[2]
Cerca de metade das pessoas com problemas de alcoolismo irá desenvolver sintomas de abstinência após a redução no seu consumo. Destes, 3% a 5% irão desenvolver delirium tremens ou sofrer convulsões.[2] O termo foi utilizado pela primeira vez em 1813, mas os sintomas dessa psicose já haviam sido descritos em 1700.[4]
Tratamento
[editar | editar código-fonte]Esta seção não cita fontes confiáveis. (Junho de 2018) |
A farmacoterapia costuma ser sintomática e de suporte. Se a ocorrência do delirium tremens for devido à abstinência alcoólica o paciente é mantido sedado a maior parte do tempo com benzodiazepínicos como diazepam, lorazepam ou oxazepam.
Nos casos de psicose mais severa doses sub-terapêuticas de haloperidol ou mesmo benzodiazepínicos mais fortes como paraldeído e clometiazole. A médio prazo acamprosato pode ajudar a conter o desejo pelo consumo das substâncias causadoras dessa patologia e reduzir a probabilidade de recaídas.
O delirium tremens não deve ser confundido com a Doença de Parkinson.
Referências
- ↑ a b c d e Laranjeira et al 2000, p. 62-71.
- ↑ a b c d e f Schuckit 2014, p. 2109-2113.
- ↑ Pitta 2001.
- ↑ a b c Stern et al 2010, p. 1-9.
- ↑ Plum et al 2007, p. 283.
- ↑ «Treatment for Stimulant Use Disorders» (PDF). Quick Guide For Clinicians (em inglês). U.S. Department of Health and Human Services - Substance Abuse and Mental Health Services Administration. 2001. p. 10-12. Consultado em 4 de Setembro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 24 de dezembro de 2016
- ↑ Erwin et al 1998, p. 425-432.
- ↑ McCowan, Marik 2000, p. 1781-1784.
- ↑ DeBellis et al 2005, p. 164-173.
- ↑ Braz et al 2003, p. 802-807.
- ↑ Blom 2010, p. 136.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Blom, J.D. (2010). A Dictionary of Hallucinations (em inglês). Nova Iorque: Springer. p. 136. 283 páginas. ISBN 978-1-4419-1223-7. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Braz, L.G.; Navarro, L.H.C.; Braz, J.R.C.; Silva, U.T.; Yamaguti, F.A.; Cristovan, J.C (2003). «Clonidina como droga adjuvante no tratamento da síndrome de abstinência alcoólica em unidade de terapia intensiva. Relato de caso» (PDF). Revista Brasileira de Anestesiologia. 53 (6): 802-807. ISSN 1806-907X. Consultado em 4 de setembro de 2016
- DeBellis, R.; Smith, B.S.; Choi, S.; Malloy, M (2005). «Management of delirium tremens» (PDF). Journal of Intensive Care Medicine (em inglês). 20 (3): 164-173. ISSN 0885-0666. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Erwin, W.E.; Williams, D.B.; Speir, W.A (maio de 1998). «Delirium Tremens». Southern Medical Journal (em inglês). 91 (5): 425-432. ISSN 1541-8243. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Laranjeira, R.; Nicastri, S.; Jerônimo, C.; Marques, A.C. e equipe (junho de 2000). «Consenso sobre a Síndrome de Abstinência do Álcool (SAA) e o seu tratamento» (PDF). Revista Brasileira de Psiquiatria. 22 (2): 62-71. ISSN 1809-452X. Consultado em 4 de setembro de 2016
- McCowan, C.; Marik, P.M.D (junho de 2000). «Refractory delirium tremens treated with propofol: A case series». Southern Medical Journal (em inglês). 28 (6): 1781-1784. ISSN 1530-0293. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Pitta, J.C.N (2000–2002). «Diagnóstico e conduta dos estados confusionais». Psiquiatria na Prática Médica. 34 (4). ISSN 1518-1650. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Plum, F.; Posner, J.B.; Saper, C.B.; Schiff, N.D. (2007). «Capítulo 5: Multifocal, Diffuse, and Metabolic Brain Diseases Causing Delirium, Stupor, or Coma». Plum and Posner's Diagnosis of Stupor and Coma (em inglês) 4ª ed. Oxford: Oxford University Press. 283 páginas. ISBN 978-0-19-532131-9. Consultado em 4 de setembro de 2016
- Schuckit, M.A (novembro de 2014). «Recognition and Management of Withdrawal Delirium (Delirium Tremens)». The New England Journal of Medicine (em inglês). 371 (22): 2109-2113. ISSN 1533-4406. Consultado em 4 de setembro de 2016