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Cirilo I de Moscou

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Cirilo I de Moscou
Кирилл
Patriarca
Patriarca de Moscou e Toda Rússia
Info/Prelado de Igreja Oriental
Cirilo em 2023.

Igreja

Igreja Ortodoxa Russa

Título

Sua Santidade
Hierarquia
Atividade Eclesiástica
Predecessor Aleixo II
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 7 de abril de 1969
Ordenação episcopal 14 de março de 1976
Nomeado metropolita 26 de dezembro de 1984
Patriarcado
Nomeado Patriarca 27 de janeiro de 2009
Entronizado 1 de fevereiro de 2009
Brasão patriarcal
Dados pessoais
Nome secular Vladimir Mikhailovich Gundyayev
Nascimento Leningrado
20 de novembro de 1946 (78 anos)
Nacionalidade russo
Portal:Igreja Ortodoxa
Projeto Cristianismo

Cirilo (em russo: Кирилл; nome secular: Vladimir Mikhailovich Gundiaiev, em russo: Владимир Михайлович Гундяев - Leningrado, União Soviética, 20 de novembro de 1946) é um bispo ortodoxo russo e Patriarca de Moscou e Toda a Rússia (em russo: Патриарх Московский и всея Руси) e Primaz da Igreja Ortodoxa Russa desde 1 de fevereiro de 2009.

Antes de se tornar Patriarca, Cirilo foi arcebispo (mais tarde metropolita) de Esmolensco e Caliningrado desde 26 de dezembro de 1984. Cirilo era também presidente do Departamento de Relações Externas da Igreja Ortodoxa Russa e um membro permanente do Santo Sínodo Russo desde novembro de 1989.

Cirilo I é um aliado importante de Vladimir Putin, cujo reinado considera um "milagre de Deus",[1][2] e expressou por diversas vezes o seu apoio à intervenção militar na Ucrânia.[3] Ele vive uma vida de opulência, sendo que segundo a revista Forbes, Cirilo teria uma fortuna de US$ 4 bilhões de dólares.[4]

Cirilo nasceu em Leningrado, atual São Petersburgo, então União Soviética. Seu pai, Mikhail, e seu avô Vasiliy eram padres ortodoxos russos. Em 3 de abril de 1969, ele tomou os votos monásticos e foi ordenado hierodiácono em 7 de abril e hieromonge em 1 de junho. Em 1970, Cirilo graduou-se na Academia Teológica de Leningrado, onde foi mantido como professor de teologia dogmática e assessor do inspector da academia. Tornou-se secretário pessoal do Metropolita Nikodim (Rotov) de Leningrado em 30 de agosto de 1970.

Em 12 de setembro de 1971, Cirilo tornou-se arquimandrita e foi enviado como representante da Igreja Ortodoxa Russa ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Genebra, Suíça. Cirilo na altura era membro do KGB, tentando que o conselho denunciasse os Estados Unidos e aliados, bem como moderasse as críticas à União Soviética e seus aliados.[5]

Em 26 de dezembro de 1974, foi nomeado reitor da Academia e Seminário de Leningrado. Desde dezembro de 1975, Cirilo foi membro do Comitê Central do CMI e do Comitê Executivo.

Carreira episcopal

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Vladimir Putin, o metropolita Cirilo e Xenia Sheremetyeva-Yusupova em outubro de 2001.

Em 1976, Cirilo foi consagrado Bispo de Vyborg. Em 1977, tornou-se arcebispo. Desde 1978, ele foi o administrador das paróquias patriarcais na Finlândia. Em 1984, tornou-se arcebispo de Smolensk e Vyazma. O título foi alterado para o arcebispo de Esmolensco e Caliningrado, em 1989. Em 1991, tornou-se bispo metropolita.

Entre 1974 e 1984, Cirilo foi reitor da Academia e Seminário Espiritual de Leningrado.

Em 1971, foi nomeado representante do Patriarcado de Moscou no Conselho Mundial de Igrejas e tem participado ativamente na atividade ecumênica da Igreja Ortodoxa Russa desde então.

Em 1978, Cirilo foi nomeado vice-presidente, e em novembro de 1989, presidente do Departamento das Relações Externas do Patriarcado de Moscou e membro permanente do Santo Sínodo.

Foi criticado por alguns por falhas da Igreja Ortodoxa Russa na Diocese de Sourozh e na Ucrânia.[6][7][8]

Em 6 de dezembro de 2008, o dia após a morte do Patriarca Aleixo II de Moscou, o Santo Sínodo elegeu-o lugar-tenente do trono patriarcal. Em 9 de dezembro, durante o funeral de Aleixo II na Catedral de Cristo Salvador de Moscou, que foi transmitido ao vivo por canais de TV estatal da Rússia, Cirilo teve, segundo relatos, um desmaio durante a decorrência do funeral.[9][10] Em 29 de dezembro, ao falar para jornalistas, Cirilo disse que se opõe a qualquer reforma de caráter litúrgico ou doutrinária da Igreja.[11]

Patriarca Cirilo I em sua entronização, 2009.

Cirilo foi eleito patriarca em 27 de janeiro de 2009, no Conselho Local da Igreja Ortodoxa Russa, e empossado durante uma liturgia na Catedral de Cristo Salvador de Moscou em 1 de fevereiro de 2009. A cerimônia contou com a presença, entre outros, do presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, e do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.[12]

No dia seguinte, o presidente russo Medvedev ofereceu uma recepção (um banquete formal[13][14]) para os bispos da Igreja Ortodoxa Russa no Grande Palácio do Kremlin, onde Cirilo expôs o conceito bizantino de sinfonia como sua visão das relações ideais entre a igreja e o estado, embora reconhecendo que não era possível atingir plenamente a isso na Rússia de hoje.[15][16]

Em 17 de agosto de 2012, Cirilo e o arcebispo da Polônia Jozef Michalik assinaram um histórico chamado à reconciliação entre poloneses e russos, depois de séculos de disputas muitas vezes sangrentas.[17]

Pontos de vista

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A ala conservadora da Igreja Ortodoxa Russa criticou a prática do ecumenismo de Cirilo em toda a década de 1990. Em 2008, o bispo separatista Diomid de Anadyr e Chukotka criticou-o por associar-se com a Igreja Católica Romana.[18] No entanto, em uma declaração recente, Cirilo afirmou que não haveria compromisso doutrinário com a Igreja Católica, e que as discussões com eles não tinham o objetivo de buscar a unificação.[19]

Segundo Kirill, o feminismo é muito perigoso e pode destruir a Rússia. De acordo com Kirill, o feminismo oferece às mulheres a ilusão de liberdade, uma espécie de pseudo-liberdade em que as mulheres operam fora do casamento e da família – ao passo que as mulheres devem concentrar-se nas suas famílias e filhos. Segundo Kirill, se o importante papel da mulher for destruído, tudo o resto, como a família, e a pátria serão destruídos junto com ela. Segundo Kirill, não é por acaso que a maioria das líderes feministas são solteiras.[20][21]

Relações com Cuba

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Em 20 de outubro de 2008, durante uma viagem pela América Latina, Cirilo teve uma reunião com o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, Fidel Castro. Castro elogiou o metropolita Cirilo como seu aliado na luta contra o imperialismo norte-americano.[22][23][24] Cirilo abençoou Fidel Castro e seu irmão Raúl Castro, em nome do patriarca Aleixo II no reconhecimento da sua decisão de construir a primeira Igreja Ortodoxa Russa em Havana, para servir os expatriados russos que ali vivem.[25]

Comunicações

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Desde 1994, Cirilo tem um programa de televisão semanal ortodoxa no Perviy Kanal.

Invasão russa da Ucrânia

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Após a Rússia ter invadido a Ucrânia em 2022, Kirill elogiou a invasão,[26][27] atribuiu o conflito às paradas gay e afirmou que a Ucrânia estaria a "exterminar" os russos em Donbass,[28] apresentando a guerra como uma batalha apocalíptica contra as "forças do mal" que tentam destruir a unidade dada por Deus à Santa Rússia.[29][26]

Depois de Cirilo louvar a invasão, o clero de outras dioceses ortodoxas condenou as suas observações[28][30] e o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, disse que o apoio de Cirilo a Putin e à guerra estavam "prejudicando o prestígio de toda a Ortodoxia".[31][32]

Controvérsias públicas

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Ligações com a KGB

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Na década de 1990, Cirilo foi acusado de ter ligações com a KGB durante boa parte do período soviético, assim como muitos membros da hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa, e de ter os interesses do estado acima dos interesses da igreja.[33][34][35][36][37][38] Ele teria sido agente desde 1972, mais tarde oficial, e o seu nome secreto seria "Mikhailov".[39][40][41]De acordo com os Arquivos Federais Suíços, na década de 1970, Cirilo trabalhou como agente do KGB em Genebra.[42][43][44]

Importação de cigarros

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Jornalistas dos jornais Kommersant e Moskovskij Komsomolets acusaram Cirilo de especulação econômica e abuso de privilégio pela importação franquiada de cigarros concedida pela igreja em meados da década de 1990, e Cirilo ganhou o apelido "metropolita do tabaco".[45] Segundo relatos, o Departamento de Relações Externas da igreja agiu como o maior provedor de cigarros estrangeiros na Rússia.[46] Estima-se que os bens pessoais de Cirilo totalizem 1,5 bilhão de dólares, segundo o sociologista Nikolai Miotrokhin,em 2004. Segundo o The Moscow News, o patrimônio de Cirilo poderia alcançar 4 bilhões de dólares em 2006.[38][47] No entanto, Nathaniel Davis notou que "... não há evidências que o metropolita Cirilo tenha efetivamente desviado recursos da igreja. O que é mais provável é que os lucros da importação de tabaco tenham sido usados para despesas urgentes e imediatas da igreja.Contudo, a divulgação pública das receitas não tem sido boa e as autoridades da Igreja têm resistido a emitir relatórios pormenorizados e exactos." A importação franquiada de cigarros foi finalizada em 1997.[46] Numa entrevista de 2002 para o Izvestia, o então metropolita Cirilo chamou as alegações sobre suas especulações comerciais como uma campanha política contra ele.[48]

Relação com Vladimir Putin

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Um aliado próximo do líder russo Vladimir Putin, Cirilo descreveu o governo de Putin como "um milagre de Deus". [49] Durante seu mandato como Patriarca de Moscou, Cirilo aproximou a Igreja Ortodoxa Russa do Estado russo.[50]

Amizade de Putin e Patriarca Cirilo.

Por ocasião do do 70° aniversário do Presidente russo, o Patriarca de Moscou teceu comentários sobre Putin nas felicitações, para Cirilo, "Deus colocou Putin no comando da Rússia por um motivo, para transformá-la".[51][52] Especificamente, o Patriarca saudou as seguintes mudanças: aumento da soberania da Rússia, capacidade de se defender militarmente, proteção de seus interesses nacionais e melhoria do bem-estar dos cidadãos russos. O Patriarca elogiou ainda como o Estado russo trabalha em estreita colaboração com a Igreja para promover o cristianismo na Rússia.[52]

Perseguição às Testemunhas de Jeová

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Desde a década de 1990, Kirill defende a proibição das Testemunhas de Jeová, levantando-se a questão da liberdade religiosa num país que passou do soviético ateísmo militante ao "renascimento religioso" sob Putin.[53] Em 20 de Abril 2017, o Supremo Tribunal Russo proibiu as Testemunhas de Jeová, alegando ser uma organização extremista. [54][55]

Em 2 de maio de 2017, a Igreja Ortodoxa Russa emitiu um comunicado à imprensa afirmando: "A Igreja Ortodoxa Russa apoia a proibição de Testemunhas de Jeová na Rússia", e novamente, em 13 de fevereiro de 2019, reiterou total apoio à proibição.[56][57]

Relação com Bartolomeu I de Constantinopla

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A relação de Cirilo com Bartolomeu I de Constantinopla, Patriarca Ecuménico e líder espiritual de aproximadamente 300 milhões de cristãos ortodoxos em todo o mundo, tem sido tensa.[58] A situação se agravou após a criação, por parte de Bartolomeu, da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, considerada cismática pelo Patriarcado de Moscou, bem como com as reivindicações de um "status especial" vindas do Patriarcado de Constantinopla, o que causou uma crise na Ortodoxia mundial.[59][60][61][62][63]

Referências

  1. Bryanski, Gleb (10 de fevereiro de 2012). «Russian patriarch calls Putin era miracle of God». Reuters Africa (Arq, em WayBack Machine) 
  2. Esch, Christian (11 de fevereiro de 2016). «Kirills Leidenschaft für Putin». Frankfurter Rundschau (em alemão) 
  3. «The Guardian view on the Russian Orthodox Church: betrayed by Putin's patriarch». The Guardian (em inglês). 3 de Abril de 2022. ISSN 0261-3077 
  4. «Putin Runs The Russian State--And The Russian Church Too». Forbes (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2022 
  5. «Patriarch Kirill worked for the KGB in the 1970s, Swiss media reports» 
  6. Игрок глобального масштаба. 60-летие митрополита Кирилла через призму украинских церковных проблем
  7. Митрополит Кирилл после Украины. В минуты «триумфа» не грех вспомнить и о неудачах нынешнего председателя ОВЦС МП Oleg Vladimirov, 1 August 2008
  8. Первые киевские итоги: методы церковной внешней политики РПЦ МП и роль одной личности в одной истории portal-credo.ru July 24, 2008
  9. «Russians bid farewell to Patriarch at grand funeral» (em inglês). Moscow: Reuters. 9 de dezembro de 2008. Consultado em 9 de dezembro de 2008 
  10. «Упокоился с миром» (em russo). Moscow: Gazeta.ru. 9 de dezembro de 2008. Consultado em 9 de dezembro de 2008 
  11. Russia’s prospective church leader says opposed to reforms RIA Novosti December 29, 2008.
  12. «Orthodox Church enthrones leader» (em inglês). BBC. 31 de janeiro de 2009. Consultado em 31 de janeiro de 2009 
  13. Патриарх Кирилл призвал Церковь и государство к взаимодействию NEWSru February 2, 2009.
  14. Miedwiediew: Państwo będzie wspierało Cerkiew[ligação inativa] Gazeta Wyborcza February 2, 2009.
  15. Архипастыри — участники Поместного Собора присутствовали на приеме в Георгиевском зале Большого кремлевского дворца patriarchi.ru February 2, 2009.
  16. Приём от имени Президента России в честь архиереев – участников Поместного собора Русской православной церкви kremlin.ru February 2, 2009.
  17. «Ortodoxos russos e católicos poloneses assinam reconciliação histórica». Uol Notícias. Consultado em 17 de agosto de 2012 
  18. «Cópia arquivada». Consultado em 14 de dezembro de 2009. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2008 
  19. Russian Church against compromise on belief-preaching with Catholics — Metropolitan Kirill Interfax, January 21, 2009.
  20. «Russia's Orthodox leader says feminism is very dangerous». Reuters (em inglês). 9 de abril de 2013 
  21. Elder, Miriam (9 de abril de 2013). «Feminism could destroy Russia, Russian Orthodox patriarch claims». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077 
  22. Fidel Castro considers Metropolitan Kirill his ally in opposing American imperialism Arquivado em 13 de março de 2012, no Wayback Machine. Interfax October 23, 2008.
  23. Митрополит Кирилл встретился с Фиделем Кастро ROC official web site, October 21, 2008
  24. Фидель Кастро считает митрополита Кирилла своим союзником в противостоянии американскому империализму ROC official web site, October 21, 2008
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Aleixo II

Patriarca de Moscou e Toda a Rússia

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