Saltar para o conteúdo

Bairro proletário: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiqueta: Código wiki errado
 
(Há 12 revisões intermédias de 10 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
[[Ficheiro:São Paulo - casario na Mooca.jpg|thumb|300px|direita|<center>''Resquícios da época industrial na [[Mooca]], um dos bairros proletários paulistanos mais conhecidos.''</center>]]
[[Imagem:São Paulo - casario na Mooca.jpg|thumb|300px|direita|Resquícios da época industrial paulistana na [[Mooca (bairro de São Paulo)|Mooca]], um dos bairros proletários mais conhecidos, hoje é exemplo urbanístico de casas geminadas e recuperação de fachadas.]]
'''Bairro proletário''' ou '''operário''' é um [[bairro]] destinado aos trabalhadores industriais, portanto surgiram após a [[Revolução Industrial]], em meados do [[século XVIII]]. Estão localizados nos arredores das [[fábrica]]s, distantes dos centros da cidades.<ref name="fab">[http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/2-3_bairros_operarios.asp BAIRROS OPERÁRIOS]</ref>
'''Bairro proletário''' ou '''operário''' ou '''Vila proletária''' ou '''operária''' é um [[bairro]] destinado aos trabalhadores industriais, seu conceito surgiu após a [[Revolução Industrial]], em meados do [[século XVIII]]. E sua construção em massa se deu entre [[1870]] e [[1950]], nas grandes metrópoles de países hoje desenvolvidos ou emergentes. Estão localizados nos arredores das [[fábrica]]s, distantes dos centros da cidades.<ref name="fab">[http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/2-3_bairros_operarios.asp BAIRROS OPERÁRIOS]</ref>


== Evolução do conceito ==
Na [[cidade de São Paulo]] eram destinados aos imigrantes, operários que estabeleceram-se, no início do [[século XX]] na então [[periferia]] da futura [[metrópole]]. Localizados em terrenos acidentados ou nas [[várzea]]s dos rios [[rio Tamanduateí|Tamanduateí]], [[rio Tietê|Tietê]] e [[rio Pinheiros|Pinheiros]],<ref name="nom">[http://www.dellamonica.com.br/brasdositalianos.htm Características de um bairro proletário]</ref> portanto sujeitos às diversas catástrofes naturais,<ref name="fab"/><ref name="nom"/> não recebiam auxílio do poder público, apresentando altos graus de pobreza.<ref name="fab"/>
[[Imagem:StrasbourgWaken.JPG|200px|thumb|esquerda|Em primeiro plano, a cidade de [[Ungemach]], ''company town'' do início do século XX, nos arredores de [[Estrasburgo]], [[França]].]]
A [[revolução industrial]] do século XIX implicou num surto de migração para as grandes metrópoles industriais, trazendo a problemática do [[êxodo rural]] para a questão urbana. Havia a necessidade de que essas populações operárias, provenientes regiões distantes, serem rapidamente acomodadas próximas a seu local de trabalho, para evitar dispêndios com locomoção. Outro fator é que no século XIX as deploráveis condições ​​de vida dos trabalhadores começaram a preocupar governos e industriais, visto que associou-se a ideia de que a produtividade do operário estava atrelada à sua condição de vida (incluindo moradia, condições sanitárias, lazer, educação, transporte, etc.).


Alguns capitalistas industriais adotaram uma política "paternalista" em relação à sua força de trabalho. Seria, assim, uma forma de "assumir a responsabilidade" sobre cada momento da vida do trabalhador, para garantir seu [[bem-estar]], mas também para melhor controlá-lo. Esses padrões são marcados pelas teorias de [[Conde de Saint-Simon|Saint-Simon]] (1760-1825), que defendia uma atitude esclarecida das novas elites capitalistas. A ideia de Saint-Simon era estabelecer um "novo cristianismo", cujos fundamentos são a ciência e a indústria, e a maior meta de produção possível. Em um campo ideológico completamente diferente, [[Charles Fourier]] (1772-1837), um dos precursores do [[socialismo]], propõe em seu livro "Teoria da Unidade Universal", o [[falanstério]]: uma organização de trabalhadores que vivem e trabalham numa cooperativa. Outros movimentos também inspiraram o desenvolvimento destas cidades, movimentos tão diversos como o [[catolicismo social]] e o [[higienismo]],<ref>OLIVEIRA, Samuel S. R..[http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/12529/TESE_SAMUEL%20OLIVEIRA.pdf?sequence=1 “Trabalhadores Favelados”: identificação das favelas e movimentos sociais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte] - Tese de Doutorado apresentada ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), set/2014 - Biblioteca Digital FGV</ref> promovidas principalmente por Adolphe Burggraeve e Frédéric Japy.
Algumas das "vilas" operárias eram construídas pelas próprias empresas e apresentavam [[Pau a pique|casas de pau-a-pique]], [[cortiços]], [[edifício]]s superlotados e até igrejas ou creches.<ref name="fab"/> A maioria das residências era [[Casa geminada|geminada]], pois todos os espaços eram rigorosamente aproveitados.<ref name="nom"/>
[[Ficheiro:Lapa Sorocabana - passarela.jpg|thumb|190px|esquerda|<center>''[[Lapa de Baixo]].''</center>]]
Com o passar dos anos o crescimento da cidade fez com que essas localidades já não fossem mais distantes. Através da implantação do transporte público e de melhorias em infraestrutura houve uma valorização dessas áreas, perdendo lentamente as características [[Proletariado|proletárias]] e industriais.<ref name="fab"/> A maioria desses bairros são até hoje chamados de Vilas.


=== Paternalismo ===
Atualmente os ex-bairros operários são destinados às classes: média, média-alta e até alta, como [[Vila Olímpia]]. Eram bairros operários paulistanos: [[Brás (bairro de São Paulo)|Brás]], [[Bixiga]], [[Barra Funda (bairro)|Barra Funda]], [[Belenzinho]], [[Cambuci (bairro de São Paulo)|Cambuci]], [[Canindé (bairro de São Paulo)|Canindé]], [[Pari]], [[Mooca (bairro de São Paulo)|Mooca]], [[Lapa (bairro de São Paulo)|Lapa]], [[Lapa de Baixo]], [[Penha (São Paulo)|Penha]], [[Água Branca (bairro de São Paulo)|Água Branca]], [[Luz (bairro)|Luz]], [[Bom Retiro (bairro de São Paulo)|Bom Retiro]], [[Tatuapé (bairro de São Paulo)|Tatuapé]], [[Centro de Santana|Santana]], [[Ipiranga (bairro de São Paulo)|Ipiranga]], Vila Maria Zélia, [[Vila Maria (distrito de São Paulo)|Vila Maria]], [[Vila Mariana (bairro de São Paulo)|Vila Mariana]], [[Vila Romana]], [[Vila Anastácio]], [[Vila Leopoldina (bairro)|Vila Leopoldina]], [[Vila Ipojuca]], [[Vila Carioca]],[[Pompeia (bairro de São Paulo)|Vila Pompeia]] e [[Vila Olímpia]].
{{Artigo principal|Capitalismo do bem-estar social}}
O [[paternalismo]], uma forma sutil de [[engenharia social]], refere-se ao controle exercido pelos patrões sobre os trabalhadores, ao forçar os ideais da [[classe média]] sobre o operariado. O paternalismo foi considerado por muitos empresários do século XIX como uma responsabilidade moral, ou muitas vezes uma obrigação religiosa, que permitiria o avanço da sociedade enquanto prossecução dos seus próprios interesses [[capitalismo|capitalistas]]. Assim, a ''company town'' ofereceu uma oportunidade única para alcançar tais fins.


Embora existam exemplos de cidades corporativas a retratar seus fundadores como "capitalistas com consciência social", por exemplo, os moradores de [[Bournville]], cidade construída por George Cadbury, enxergam que a construção daquela localidade foi, de maneira cínica, um estratagema economicamente viável para atrair e reter trabalhadores. Além disso, com fins lucrativos, o comércio da localidade era totalmente controlado pela empresa ([[Cadbury|Confeitos Cadbury]]), o que tornava inevitável ​​a dependência do operariado, visto que se encontrava geograficamente isolado, resultando assim em um monopólio para os proprietários.<ref>CRAWFORD, M (1995). Building the Workingman's Paradise: The Design of American Company Towns. London & New York: Verso. ISBN 0-86091-695-2.</ref>
Na cidade do Rio de Janeiro podemos citar: [[Bangu]], [[Cidade Nova (bairro do Rio de Janeiro)|Cidade Nova]], [[Estácio (bairro do Rio de Janeiro)|Estácio]] e [[Santa Cruz (bairro do Rio de Janeiro)|Santa Cruz]].


=== Exemplo Pullman ===
; Ver também
[[Imagem:Pullman strikers outside Arcade Building.jpg|200px|thumb|direita|Grevistas e o cordão de isolamento da polícia em frente a Arcade Building em Chicado, durante a greve de Pullman]]
Um dos primeiros exemplos de vila operária nos Estados Unidos foi [[Pullman (Chicago)|Pullman]], uma ''company town''-modelo nos subúrbios de [[Chicago]], nos [[Estados Unidos]]. A cidade era inteiramente de propriedade da empresa, a [[Pullman Company]] (fabricante de [[Vagão|vagões de trem]]), que disponibilizava habitação, mercados, biblioteca, igreja e entretenimento para os 6.000 funcionários da empresa e igual número de dependentes. Os funcionários eram obrigados a viver em Pullman, apesar do fato de que poderia ser encontrado um custo de vida mais barato em comunidades próximas.

A cidade prosperou, até que ocorreu o [[Pânico de 1893|pânico econômico de 1893]], quando a demanda de vagões da empresa diminuiu, e, em conformidade, os salários dos funcionários foi forçado a ser reduzido. Apesar disso, a empresa se recusou reduzir o custo de vida na cidade e o preço das mercadorias nas lojas da empresa, resultando, assim, na greve de Pullman de 1894, onde a repressão da polícia e da empresa matou 30 operários e feriu outros 57. Uma comissão nacional foi formada para investigar as causas dos distúrbios, chegando a conclusão que "o paternalismo praticado em Pullman teve culpa parcial", e foi rotulado de "[[anti-americanismo|anti-americano]]".<ref>BURDER, Stanley, Pullman: An Experiment in Industrial Order and Community Planning, 1880–1930</ref>

No entanto, outros observadores sustentaram que os princípios de Pullman foram positivos, e que ele forneceu a seus empregados uma qualidade de vida de outra forma inatingível para eles, mas reconhecem que seu "paternalismo excessivo [era] inadequado para uma economia corporativa em larga escala", causado assim a ebulição social da vila operária de Pullman. Os observadores do governo e reformadores viram igualmente a necessidade de um equilíbrio entre o controle social e cidades bem desenhadas, concluindo que uma ''company town'' modelo só teria sucesso se profissionais liberais, comerciantes independentes e funcionários de serviços públicos, atuassem como amortecedores entre empregadores e empregados, assumido um papel na concepção, planejamento e gestão das ''company town's''.<ref>FOGELSONG, R. 1986. ‘Planning the Capitalist City’. Princeton, NJ: Princeton University Press. ISBN 0691077053</ref> Em 1898, a Suprema Corte de [[Illinois]] julgou necessário dissolver o estatuto de ''company town'' de Pullman, tornando-a uma ''community area'' (bairro) de Chicago.<ref name="Archaeology">{{citar periódico|url=http://www.archaeology.org/0901/abstracts/pullman.html |título=Utopia Derailed |data=janeiro–fevereiro de 2009 |autor =Pearon, Arthur Melville |páginas=46–49 |issn=0003-8113 |volume=62 |periódico=Archaeology |número=1 |acessodata=2010-09-15}}</ref>

A historiadora Linda Carlson argumenta que os gestores das vilas corporativas no início do [[século XX]] acreditavam que poderiam evitar os erros cometidos por [[George Pullman]]. Ela diz que<ref>CARLSON, Linda. Company towns of the Pacific Northwest (U. of Washington Press, 2014) p. 190.</ref>: {{quote2|ele queria criar uma vida melhor para seus empregados: habitação decente, boas escolas, e uma sociedade "moralmente edificante". Em troca... [tinha a expectativa] de que os funcionários trabalhassem duro, que se evitam os males da bebida e, mais importante, não cedessem às lisonjas de organizadores sindicais.}}

=== Conceito dialético do trabalho ===
[[Imagem:Brookside-company-houses-ky1.png|200px|thumb|direita|Localidade de "Rancho dos Mineiros", em [[Brookside]], [[Kentucky]]. Em 1974 ocorreram grandes distúrbios durante uma greve com um operário morto e vários feridos. Todos os trabalhadores foram desalojados após o episódio.]]
Entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX, a fábrica com a vila operária corresponderia ás relações de [[dominação]], de [[resistência]], de [[conflito]] e [[reciprocidade]] (patrão paternal x operário disciplinado) entre trabalhadores e o patronato.<ref name="keller">KELLER, Paulo Fernandes. [http://www.ppgsa.ifcs.ufrj.br/teses-e-dissertacoes/o-cotidiano-e-o-complexo-fabrica-com-vila-operaria-em-paracambirj/ O cotidiano e o complexo: fábrica com vila operária em Paracambi/RJ (Dissertação de Mestrado)]. PPGSA UFRJ. Publicada em 8 de agosto de 1996.</ref>

As vilas operárias representavam, à época, uma solução para o problema habitacional da [[classe operária]] e, ao mesmo tempo, uma forma de imobilização dos trabalhadores. Eram perfeitamente funcionais, portanto. O complexo fábrica com vila operária é ao mesmo tempo fabril e sociocultural, envolvendo tanto relações de trabalho quanto relações extrafabris, em um fluxo de relações entre o espaço fabril e o espaço doméstico, entre a fábrica e a vila operária. Assim, as fábricas com vila operária formam um complexo socioeconômico, cultural e político, que o antropólogo José Sérgio Leite Lopes chama de "[[servidão]] [[burguesa]]", e que envolve: a fábrica moderna, o [[trabalho assalariado]] e o [[paternalismo]] industrial, com formas especificas de educação (escola operária), de religião (capelas com padroeiros católicos), de consumo (armazém da fábrica) e de lazer (clubes da fábrica).<ref name="keller"/>

As fábricas com vila operária formam um "padrão especifico de relações de dominação".<ref name=LOPES>LEITE LOPES, J.S. ''A tecelagem dos conflitos de classe na cidade das chaminés'']. S. Paulo: Marco Zero; Brasília: UnB, 1988, p.&nbsp;16-18, apud Paulo F. Keller, [http://www.repositorio.ufma.br:8080/jspui/bitstream/1/93/1/MemoriaFabrilOperariaENPI_SP09.pdf Construção e Apropriação da Memória Fabril e Operária na Cidade de Paracambi, Estado do Rio de Janeiro] . II Encontro Nacional Sobre Patrimônio Industrial – TICCIH- Área Temática 6 – A fábrica e a cidade. São Paulo, 17 a 20 de junho de 2009</ref> São fábricas que "subordinam diretamente os seus trabalhadores para além da esfera da produção", estabelecendo relações sociais de dominação, no interior do [[modo de produção capitalista]] e no interior do conjunto de relações entre a classe operária e o patronato". Nesta situação, os patrões não são simplesmente patrões. Não se estabelece uma simples relação contratual. Os patrões são os proprietários da casas onde residem os operários, assim como, de toda a rede de serviços presentes nessas vilas (armazém, clube, capela, escola). A ameaça da perda do emprego vem junto com a ameaça da perda da casa. A subordinação dos trabalhadores têxteis era um fator gerador de medo, que pairava sobre a classe operária: medo de perder o emprego, medo de perder a casa, medo de "sujar" o nome da família diante do poder patronal, implicando danos para os familiares que viessem a, eventualmente, precisar de algum benefício futuro, como um emprego na fábrica ou uma casa na vila. A "boa conduta" era um pré-requisito para o acesso ao emprego e a moradia, e o nome da família era o código que poderia dar acesso ou barrar determinado trabalhador.

A resistência ao domínio patronal ocorria em pequenos espaços, quando as relações sociais desvencilhavam-se momentaneamente do domínio fabril. Conflitos e enfrentamentos diretos com o poder patronal ocorriam de diversas formas através da ação sindical.<ref name="keller"/>

A reciprocidade das relações dentro desse mundo operário se dava na medida em que o patrão oferecia emprego e moradia e o operário fabril, em troca, oferecia seu trabalho e sua conduta disciplinada, tanto no ambiente da fábrica como no ambiente da vila.<ref name="keller"/>

== Exemplos ==
=== Brasil ===
A primeira vila operária do Brasil foi elaborado pelo fundador da [[Companhia Empório Industrial do Norte]], [[Luís Tarquínio]], na [[década de 1890]] na cidade de [[Salvador (Bahia)|Salvador]].<ref>[http://www.pioneiroseempreendedores.com.br/pioneiros.swf Luíz Tarqüínio] Pioneiros e Empreendedores - acessado em 22 de fevereiro de 2015</ref><ref>[http://www.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/05/07/a-vila-operaria-de-luis-tarquinio/ A Vila Operária de Luis Tarquínio] Memórias da Bahia - acessado em 22 de fevereiro de 2015</ref>

Outros exemplos notórios no Brasil são o distrito de [[Fordlândia]], projeto do industrial estadunidense [[Henry Ford]], construído na década de 1930;<ref>MOTA, G.; SILVA, C. N.; PALHETA, J. N. (et.al). Caminhos e Lugares da Amazônia: Ciência, Natureza e Território. Belém: GAPTA/UFPA, 2009. p. 125</ref> e a cidade de [[Tucumã (Pará)|Tucumã]], construída pelo conglomerado industrial [[Andrade Gutierrez]] na década de 1980,<ref>SCHMINK, Marianne; WOOD, Charles H.. Contested Frontiers in Amazonia. New York: Columbia University Press, 1992. p. 206</ref> ambas na [[Amazônia]] [[Pará|paraense]].

Na [[São Paulo (cidade)|cidade de São Paulo]] eram destinados aos imigrantes, e operários que estabeleceram-se, no início do [[Século XX]] na então [[periferia]] da futura [[metrópole]]. Localizados em terrenos acidentados ou nas [[várzea]]s dos rios [[rio Tamanduateí|Tamanduateí]], [[rio Tietê|Tietê]] e [[rio Pinheiros|Pinheiros]],<ref name="nom">[http://www.dellamonica.com.br/brasdositalianos.htm Características de um bairro proletário]</ref> portanto sujeitos às diversas catástrofes naturais,<ref name="fab"/><ref name="nom"/> não recebiam auxílio do poder público, apresentando altos graus de pobreza.<ref name="fab"/> Algumas das "vilas" operárias eram construídas pelas próprias empresas e apresentavam [[Pau a pique|casas de pau-a-pique]], [[cortiços]], [[edifício]]s superlotados e até igrejas ou creches.<ref name="fab"/> A maioria das residências era [[Casa geminada|geminada]], pois todos os espaços eram rigorosamente aproveitados. A maioria desses bairros são até hoje chamados de Vilas. <ref name="nom"/>

=== Catalunha ===
{{Artigo principal|Colônias industriais da Catalunha}}
A maior densidade de cidades operárias é dada na [[Catalunha]] ([[Espanha]]), onde há quase cem, especialmente concentradas nas bacias dos rios [[Rio Ter|Ter]] e [[Rio Llobregat|Llobregat]]. Essas são aldeias de cerca de 500 habitantes, e conhecidas como colônias industriais, embora atualmente a indústria que as gerou tem fechada. A maioria pertencem à indústria têxtil e se estabeleceram nas margens de um rio a fim de aproveitar a energia hidrelétrica que fornece.<ref>{{Citar periódico | ultimo = SERRA | primeiro = Rosa | ano = 2011 | titulo = Industrial colonies in Catalonia | jornal = Catalan Historical Review | numero = 4 | paginas = 101-120 | editora = Institut d’Estudis Catalans | local = Barcelona | issn = 2013-407X | doi = 10.2436/20.1000.01.53 | url = http://revistes.iec.cat/index.php/CHR/article/viewFile/54342/pdf_159 | idioma = inglês |acessodata=2 de junho de 2016 }}</ref>

==Valorização==
[[Ficheiro:Vila Olímpia.JPG|thumb|220px|esquerda|[[Vila Olímpia]] é uma exemplo de gentrificação, e hoje é uma bairro nobre de São Paulo, não guardando nenhuma marca de seu passado como bairro proletário, foi a vila com a revitalização mais bem-sucedida.]]
Com o passar dos anos, o crescimento das cidades fez com que essas localidades já não fossem mais distantes. Através da implantação do [[transporte público]] e de melhorias em infraestrutura como iluminação pública e re-paviventação de ruas e calçadas, houve uma valorização dessas áreas, perdendo lentamente as características [[Proletariado|proletárias]] e industriais.<ref name="fab"/> Com investimentos dos setores público e privado essas regiões pode ter sua história aproveitada, com a construção de [[albergue]]s, [[bar]]es, [[cinema]]s, [[museu]]s, e [[teatro]]s nesses imóveis de arquitetura peculiar, e com a recuperação de faixadas e que garantirão a valorização de seu [[metro quadrado]]. Atualmente alguns dos ex-bairros operários são destinados às classes: media-baixa, média, e até média-alta. Eram 26 bairros operários paulistanos: [[Água Branca (bairro de São Paulo)|Água Branca]], [[Brás (bairro de São Paulo)|Brás]], [[Bixiga]], [[Barra Funda (bairro)|Barra Funda]], [[Bom Retiro (bairro de São Paulo)|Bom Retiro]], [[Belenzinho]], [[Cambuci (bairro de São Paulo)|Cambuci]], [[Canindé (bairro de São Paulo)|Canindé]], [[Centro de Santana]], [[Lapa (bairro de São Paulo)|Lapa]], [[Lapa de Baixo]], [[Luz (bairro)|Luz]], [[Mooca (bairro de São Paulo)|Mooca]], [[Pari]], [[Penha (São Paulo)|Penha]], [[Pompeia (bairro de São Paulo)|Pompeia]], [[Tatuapé (bairro de São Paulo)|Tatuapé]], [[Vila Maria Zélia]], [[Vila Maria (distrito de São Paulo)|Vila Maria]], [[Vila Mariana (bairro de São Paulo)|Vila Mariana]], [[Vila Romana]], [[Vila Anastácio]], [[Vila Leopoldina (bairro)|Vila Leopoldina]], [[Vila Ipojuca]], [[Vila Carioca]] e [[Vila Olímpia]].

Na cidade do Rio de Janeiro eram sete: [[Andaraí (bairro do Rio de Janeiro)|Andaraí]], [[Bangu]], [[Cachambi]], [[Del Castilho]], [[Estácio (bairro do Rio de Janeiro)|Estácio]], [[Marechal Hermes]] e [[Tomás Coelho (bairro)|Tomás Coelho]].

==Ver também==
* [[Planejamento urbano]]
* [[Subúrbio]]
* [[Periferia]]
* [[Bairro nobre]]
* [[Bairro nobre]]
* [[Bairro-jardim]]
* [[Bairro-jardim]]
* [[Bairro de lata]]
* [[Gentrificação]]
* [[Revitalização]]
* [[Cidade jardim]]
* [[Urbanismo]]
* [[Faubourg]]


== {{#if:|{{ELES|Bibliografia|}}|Bibliografia }} ==
{{Referências|Notas e referências|col=2}}
* {{citar livro|autor= Ponciano, Levino|título= Bairros paulistanos de A a Z| edição=| local-publicacao = São Paulo| editora= SENAC | ano=2001 |páginas=107-108 | isbn = 8573592230}}
{{Sem interwiki|data=janeiro de 2012}}
* {{citar livro|autor= SEVCENKO, Nicolau|título= A construção dos bairros operários em São Paulo na Primeira República|edição=Revista Brasileira de História, v. 8, n. 1|local-publicação= São Paulo|editora= ANPUH|ano=1988|páginas=139-157|isbn=}}
* {{citar livro|autor= ROLNIK, Raquel|título= Territórios operários e a formação da cidade de São Paulo|edição=Revista Estudos Urbanos e Regionais, v. 14, n. 3|local-publicação= São Paulo|editora= ANPUR|ano=2002|páginas=45-65|isbn=}}
* {{citar livro|autor= KOWARICK, Lúcio|título= A urbanização e os bairros operários em São Paulo|edição=Revista Novos Estudos CEBRAP, v. 4, n. 2|local-publicação= São Paulo|editora= CEBRAP|ano=1980|páginas=120-134|isbn=}}
* {{citar livro|autor= FERNANDES, Ana|título= A formação dos bairros operários e a segregação urbana em Salvador|edição=Revista Cidades, v. 8, n. 2|local-publicação= Salvador|editora= Unesp|ano=2011|páginas=25-45|isbn=}}
* {{citar livro|autor= BONDUKI, Nabil Georges|título= Bairros operários e políticas habitacionais na São Paulo industrial|edição=Revista Pós, v. 6, n. 10|local-publicação= São Paulo|editora= FAU-USP|ano=1996|páginas=15-38|isbn=}}
* {{citar livro|autor= LEMOS, Carlos A. C.|título= A arquitetura dos bairros operários no início do século XX|edição=Revista Arquitetura e Cidade, v. 10, n. 3|local-publicação= Campinas|editora= Unicamp|ano=1990|páginas=50-70|isbn=}}
* {{citar livro|autor= SANTOS, Milton|título= Bairros operários e exclusão social nas cidades brasileiras|edição=Revista Geografia Urbana, v. 12, n. 2|local-publicação= São Paulo|editora= USP|ano=1993|páginas=33-55|isbn=}}
* {{citar livro|autor= DELGADO, Adriana|título= Bairros operários e a formação do espaço urbano no Rio de Janeiro|edição=Revista História Social, v. 5, n. 1|local-publicação= Rio de Janeiro|editora= UFRJ|ano=2007|páginas=15-40|isbn=}}


{{Referências|Notas e referências|col=2}}
{{residência}}
{{DEFAULTSORT:Bairro Proletario}}
{{DEFAULTSORT:Bairro Proletario}}
[[Categoria:Urbanismo]]
[[Categoria:Urbanismo]]
[[Categoria:Bairros por tipo]]
[[Categoria:Cidades e vilas operárias]]

Edição atual tal como às 16h40min de 20 de dezembro de 2024

Resquícios da época industrial paulistana na Mooca, um dos bairros proletários mais conhecidos, hoje é exemplo urbanístico de casas geminadas e recuperação de fachadas.

Bairro proletário ou operário ou Vila proletária ou operária é um bairro destinado aos trabalhadores industriais, seu conceito surgiu após a Revolução Industrial, em meados do século XVIII. E sua construção em massa se deu entre 1870 e 1950, nas grandes metrópoles de países hoje desenvolvidos ou emergentes. Estão localizados nos arredores das fábricas, distantes dos centros da cidades.[1]

Evolução do conceito

[editar | editar código-fonte]
Em primeiro plano, a cidade de Ungemach, company town do início do século XX, nos arredores de Estrasburgo, França.

A revolução industrial do século XIX implicou num surto de migração para as grandes metrópoles industriais, trazendo a problemática do êxodo rural para a questão urbana. Havia a necessidade de que essas populações operárias, provenientes regiões distantes, serem rapidamente acomodadas próximas a seu local de trabalho, para evitar dispêndios com locomoção. Outro fator é que no século XIX as deploráveis condições ​​de vida dos trabalhadores começaram a preocupar governos e industriais, visto que associou-se a ideia de que a produtividade do operário estava atrelada à sua condição de vida (incluindo moradia, condições sanitárias, lazer, educação, transporte, etc.).

Alguns capitalistas industriais adotaram uma política "paternalista" em relação à sua força de trabalho. Seria, assim, uma forma de "assumir a responsabilidade" sobre cada momento da vida do trabalhador, para garantir seu bem-estar, mas também para melhor controlá-lo. Esses padrões são marcados pelas teorias de Saint-Simon (1760-1825), que defendia uma atitude esclarecida das novas elites capitalistas. A ideia de Saint-Simon era estabelecer um "novo cristianismo", cujos fundamentos são a ciência e a indústria, e a maior meta de produção possível. Em um campo ideológico completamente diferente, Charles Fourier (1772-1837), um dos precursores do socialismo, propõe em seu livro "Teoria da Unidade Universal", o falanstério: uma organização de trabalhadores que vivem e trabalham numa cooperativa. Outros movimentos também inspiraram o desenvolvimento destas cidades, movimentos tão diversos como o catolicismo social e o higienismo,[2] promovidas principalmente por Adolphe Burggraeve e Frédéric Japy.

O paternalismo, uma forma sutil de engenharia social, refere-se ao controle exercido pelos patrões sobre os trabalhadores, ao forçar os ideais da classe média sobre o operariado. O paternalismo foi considerado por muitos empresários do século XIX como uma responsabilidade moral, ou muitas vezes uma obrigação religiosa, que permitiria o avanço da sociedade enquanto prossecução dos seus próprios interesses capitalistas. Assim, a company town ofereceu uma oportunidade única para alcançar tais fins.

Embora existam exemplos de cidades corporativas a retratar seus fundadores como "capitalistas com consciência social", por exemplo, os moradores de Bournville, cidade construída por George Cadbury, enxergam que a construção daquela localidade foi, de maneira cínica, um estratagema economicamente viável para atrair e reter trabalhadores. Além disso, com fins lucrativos, o comércio da localidade era totalmente controlado pela empresa (Confeitos Cadbury), o que tornava inevitável ​​a dependência do operariado, visto que se encontrava geograficamente isolado, resultando assim em um monopólio para os proprietários.[3]

Exemplo Pullman

[editar | editar código-fonte]
Grevistas e o cordão de isolamento da polícia em frente a Arcade Building em Chicado, durante a greve de Pullman

Um dos primeiros exemplos de vila operária nos Estados Unidos foi Pullman, uma company town-modelo nos subúrbios de Chicago, nos Estados Unidos. A cidade era inteiramente de propriedade da empresa, a Pullman Company (fabricante de vagões de trem), que disponibilizava habitação, mercados, biblioteca, igreja e entretenimento para os 6.000 funcionários da empresa e igual número de dependentes. Os funcionários eram obrigados a viver em Pullman, apesar do fato de que poderia ser encontrado um custo de vida mais barato em comunidades próximas.

A cidade prosperou, até que ocorreu o pânico econômico de 1893, quando a demanda de vagões da empresa diminuiu, e, em conformidade, os salários dos funcionários foi forçado a ser reduzido. Apesar disso, a empresa se recusou reduzir o custo de vida na cidade e o preço das mercadorias nas lojas da empresa, resultando, assim, na greve de Pullman de 1894, onde a repressão da polícia e da empresa matou 30 operários e feriu outros 57. Uma comissão nacional foi formada para investigar as causas dos distúrbios, chegando a conclusão que "o paternalismo praticado em Pullman teve culpa parcial", e foi rotulado de "anti-americano".[4]

No entanto, outros observadores sustentaram que os princípios de Pullman foram positivos, e que ele forneceu a seus empregados uma qualidade de vida de outra forma inatingível para eles, mas reconhecem que seu "paternalismo excessivo [era] inadequado para uma economia corporativa em larga escala", causado assim a ebulição social da vila operária de Pullman. Os observadores do governo e reformadores viram igualmente a necessidade de um equilíbrio entre o controle social e cidades bem desenhadas, concluindo que uma company town modelo só teria sucesso se profissionais liberais, comerciantes independentes e funcionários de serviços públicos, atuassem como amortecedores entre empregadores e empregados, assumido um papel na concepção, planejamento e gestão das company town's.[5] Em 1898, a Suprema Corte de Illinois julgou necessário dissolver o estatuto de company town de Pullman, tornando-a uma community area (bairro) de Chicago.[6]

A historiadora Linda Carlson argumenta que os gestores das vilas corporativas no início do século XX acreditavam que poderiam evitar os erros cometidos por George Pullman. Ela diz que[7]:

Conceito dialético do trabalho

[editar | editar código-fonte]
Localidade de "Rancho dos Mineiros", em Brookside, Kentucky. Em 1974 ocorreram grandes distúrbios durante uma greve com um operário morto e vários feridos. Todos os trabalhadores foram desalojados após o episódio.

Entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX, a fábrica com a vila operária corresponderia ás relações de dominação, de resistência, de conflito e reciprocidade (patrão paternal x operário disciplinado) entre trabalhadores e o patronato.[8]

As vilas operárias representavam, à época, uma solução para o problema habitacional da classe operária e, ao mesmo tempo, uma forma de imobilização dos trabalhadores. Eram perfeitamente funcionais, portanto. O complexo fábrica com vila operária é ao mesmo tempo fabril e sociocultural, envolvendo tanto relações de trabalho quanto relações extrafabris, em um fluxo de relações entre o espaço fabril e o espaço doméstico, entre a fábrica e a vila operária. Assim, as fábricas com vila operária formam um complexo socioeconômico, cultural e político, que o antropólogo José Sérgio Leite Lopes chama de "servidão burguesa", e que envolve: a fábrica moderna, o trabalho assalariado e o paternalismo industrial, com formas especificas de educação (escola operária), de religião (capelas com padroeiros católicos), de consumo (armazém da fábrica) e de lazer (clubes da fábrica).[8]

As fábricas com vila operária formam um "padrão especifico de relações de dominação".[9] São fábricas que "subordinam diretamente os seus trabalhadores para além da esfera da produção", estabelecendo relações sociais de dominação, no interior do modo de produção capitalista e no interior do conjunto de relações entre a classe operária e o patronato". Nesta situação, os patrões não são simplesmente patrões. Não se estabelece uma simples relação contratual. Os patrões são os proprietários da casas onde residem os operários, assim como, de toda a rede de serviços presentes nessas vilas (armazém, clube, capela, escola). A ameaça da perda do emprego vem junto com a ameaça da perda da casa. A subordinação dos trabalhadores têxteis era um fator gerador de medo, que pairava sobre a classe operária: medo de perder o emprego, medo de perder a casa, medo de "sujar" o nome da família diante do poder patronal, implicando danos para os familiares que viessem a, eventualmente, precisar de algum benefício futuro, como um emprego na fábrica ou uma casa na vila. A "boa conduta" era um pré-requisito para o acesso ao emprego e a moradia, e o nome da família era o código que poderia dar acesso ou barrar determinado trabalhador.

A resistência ao domínio patronal ocorria em pequenos espaços, quando as relações sociais desvencilhavam-se momentaneamente do domínio fabril. Conflitos e enfrentamentos diretos com o poder patronal ocorriam de diversas formas através da ação sindical.[8]

A reciprocidade das relações dentro desse mundo operário se dava na medida em que o patrão oferecia emprego e moradia e o operário fabril, em troca, oferecia seu trabalho e sua conduta disciplinada, tanto no ambiente da fábrica como no ambiente da vila.[8]

A primeira vila operária do Brasil foi elaborado pelo fundador da Companhia Empório Industrial do Norte, Luís Tarquínio, na década de 1890 na cidade de Salvador.[10][11]

Outros exemplos notórios no Brasil são o distrito de Fordlândia, projeto do industrial estadunidense Henry Ford, construído na década de 1930;[12] e a cidade de Tucumã, construída pelo conglomerado industrial Andrade Gutierrez na década de 1980,[13] ambas na Amazônia paraense.

Na cidade de São Paulo eram destinados aos imigrantes, e operários que estabeleceram-se, no início do Século XX na então periferia da futura metrópole. Localizados em terrenos acidentados ou nas várzeas dos rios Tamanduateí, Tietê e Pinheiros,[14] portanto sujeitos às diversas catástrofes naturais,[1][14] não recebiam auxílio do poder público, apresentando altos graus de pobreza.[1] Algumas das "vilas" operárias eram construídas pelas próprias empresas e apresentavam casas de pau-a-pique, cortiços, edifícios superlotados e até igrejas ou creches.[1] A maioria das residências era geminada, pois todos os espaços eram rigorosamente aproveitados. A maioria desses bairros são até hoje chamados de Vilas. [14]

A maior densidade de cidades operárias é dada na Catalunha (Espanha), onde há quase cem, especialmente concentradas nas bacias dos rios Ter e Llobregat. Essas são aldeias de cerca de 500 habitantes, e conhecidas como colônias industriais, embora atualmente a indústria que as gerou tem fechada. A maioria pertencem à indústria têxtil e se estabeleceram nas margens de um rio a fim de aproveitar a energia hidrelétrica que fornece.[15]

Valorização

[editar | editar código-fonte]
Vila Olímpia é uma exemplo de gentrificação, e hoje é uma bairro nobre de São Paulo, não guardando nenhuma marca de seu passado como bairro proletário, foi a vila com a revitalização mais bem-sucedida.

Com o passar dos anos, o crescimento das cidades fez com que essas localidades já não fossem mais distantes. Através da implantação do transporte público e de melhorias em infraestrutura como iluminação pública e re-paviventação de ruas e calçadas, houve uma valorização dessas áreas, perdendo lentamente as características proletárias e industriais.[1] Com investimentos dos setores público e privado essas regiões pode ter sua história aproveitada, com a construção de albergues, bares, cinemas, museus, e teatros nesses imóveis de arquitetura peculiar, e com a recuperação de faixadas e que garantirão a valorização de seu metro quadrado. Atualmente alguns dos ex-bairros operários são destinados às classes: media-baixa, média, e até média-alta. Eram 26 bairros operários paulistanos: Água Branca, Brás, Bixiga, Barra Funda, Bom Retiro, Belenzinho, Cambuci, Canindé, Centro de Santana, Lapa, Lapa de Baixo, Luz, Mooca, Pari, Penha, Pompeia, Tatuapé, Vila Maria Zélia, Vila Maria, Vila Mariana, Vila Romana, Vila Anastácio, Vila Leopoldina, Vila Ipojuca, Vila Carioca e Vila Olímpia.

Na cidade do Rio de Janeiro eram sete: Andaraí, Bangu, Cachambi, Del Castilho, Estácio, Marechal Hermes e Tomás Coelho.

  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • SEVCENKO, Nicolau (1988). A construção dos bairros operários em São Paulo na Primeira República Revista Brasileira de História, v. 8, n. 1 ed. São Paulo: ANPUH. pp. 139–157 
  • ROLNIK, Raquel (2002). Territórios operários e a formação da cidade de São Paulo Revista Estudos Urbanos e Regionais, v. 14, n. 3 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 45–65 
  • KOWARICK, Lúcio (1980). A urbanização e os bairros operários em São Paulo Revista Novos Estudos CEBRAP, v. 4, n. 2 ed. São Paulo: CEBRAP. pp. 120–134 
  • FERNANDES, Ana (2011). A formação dos bairros operários e a segregação urbana em Salvador Revista Cidades, v. 8, n. 2 ed. Salvador: Unesp. pp. 25–45 
  • BONDUKI, Nabil Georges (1996). Bairros operários e políticas habitacionais na São Paulo industrial Revista Pós, v. 6, n. 10 ed. São Paulo: FAU-USP. pp. 15–38 
  • LEMOS, Carlos A. C. (1990). A arquitetura dos bairros operários no início do século XX Revista Arquitetura e Cidade, v. 10, n. 3 ed. Campinas: Unicamp. pp. 50–70 
  • SANTOS, Milton (1993). Bairros operários e exclusão social nas cidades brasileiras Revista Geografia Urbana, v. 12, n. 2 ed. São Paulo: USP. pp. 33–55 
  • DELGADO, Adriana (2007). Bairros operários e a formação do espaço urbano no Rio de Janeiro Revista História Social, v. 5, n. 1 ed. Rio de Janeiro: UFRJ. pp. 15–40 

Notas e referências

  1. a b c d e BAIRROS OPERÁRIOS
  2. OLIVEIRA, Samuel S. R..“Trabalhadores Favelados”: identificação das favelas e movimentos sociais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte - Tese de Doutorado apresentada ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), set/2014 - Biblioteca Digital FGV
  3. CRAWFORD, M (1995). Building the Workingman's Paradise: The Design of American Company Towns. London & New York: Verso. ISBN 0-86091-695-2.
  4. BURDER, Stanley, Pullman: An Experiment in Industrial Order and Community Planning, 1880–1930
  5. FOGELSONG, R. 1986. ‘Planning the Capitalist City’. Princeton, NJ: Princeton University Press. ISBN 0691077053
  6. Pearon, Arthur Melville (janeiro–fevereiro de 2009). «Utopia Derailed». Archaeology. 62 (1): 46–49. ISSN 0003-8113. Consultado em 15 de setembro de 2010 
  7. CARLSON, Linda. Company towns of the Pacific Northwest (U. of Washington Press, 2014) p. 190.
  8. a b c d KELLER, Paulo Fernandes. O cotidiano e o complexo: fábrica com vila operária em Paracambi/RJ (Dissertação de Mestrado). PPGSA UFRJ. Publicada em 8 de agosto de 1996.
  9. LEITE LOPES, J.S. A tecelagem dos conflitos de classe na cidade das chaminés]. S. Paulo: Marco Zero; Brasília: UnB, 1988, p. 16-18, apud Paulo F. Keller, Construção e Apropriação da Memória Fabril e Operária na Cidade de Paracambi, Estado do Rio de Janeiro . II Encontro Nacional Sobre Patrimônio Industrial – TICCIH- Área Temática 6 – A fábrica e a cidade. São Paulo, 17 a 20 de junho de 2009
  10. Luíz Tarqüínio Pioneiros e Empreendedores - acessado em 22 de fevereiro de 2015
  11. A Vila Operária de Luis Tarquínio Memórias da Bahia - acessado em 22 de fevereiro de 2015
  12. MOTA, G.; SILVA, C. N.; PALHETA, J. N. (et.al). Caminhos e Lugares da Amazônia: Ciência, Natureza e Território. Belém: GAPTA/UFPA, 2009. p. 125
  13. SCHMINK, Marianne; WOOD, Charles H.. Contested Frontiers in Amazonia. New York: Columbia University Press, 1992. p. 206
  14. a b c Características de um bairro proletário
  15. SERRA, Rosa (2011). «Industrial colonies in Catalonia». Barcelona: Institut d’Estudis Catalans. Catalan Historical Review (em inglês) (4): 101-120. ISSN 2013-407X. doi:10.2436/20.1000.01.53. Consultado em 2 de junho de 2016