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Tatuapé (bairro)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Tatuapé
Bairro de São Paulo
Dia Oficial 5 de setembro
Fundação 5 de setembro de 1919 (105 anos)
Estilo arquitetônico inicial art nouveau, art déco e ecletismo
Estilo arquitetônico predominante arquitetura high-tech e regionalista crítico
Imigração predominante  Itália
Distrito Tatuapé
Subprefeitura Mooca
Região Administrativa Sudeste

Tatuapé é um bairro nobre pertencente ao distrito homônimo situado na zona leste do município de São Paulo, administrado pela Subprefeitura da Mooca.[1] Possui duas estações de metrô, a Estação Tatuapé da Linha 3–Vermelha, e de trem, operando nas linhas 11–Coral e 12–Safira; e a Estação Carrão, também da Linha 3–Vermelha. Concentra dois centros comerciais ao redor da estação, o Shopping Metrô Tatuapé, de 1997, e o Shopping Boulevard, inaugurado dez anos depois.

Casa do Sítio do Tatuapé
Traçado do bairro, Mapa Oficial da cidade em 1929.
Radial Leste

O nome do bairro é de origem tupi e significa "caminho dos tatus", através da junção de tatu (tatu) e apé (caminho).[2][3]

O bairro é um exemplo fascinante de como história e modernidade se entrelaçam para formar uma região vibrante e desejada. Sua trajetória começa em 1560, com Brás Cubas, fundador de Santos, que liderou uma expedição em busca de ouro.[4] Ele subiu a Serra do Mar com seu amigo Luís Martins e um grande número de criados. Ao chegar ao planalto, encontraram o ribeirão Tatu-apé, que em tupi significa "caminho do tatu". Fascinados pelo local, seguiram seu curso até a foz, onde se depararam com o Rio Grande, atualmente conhecido como Tietê, e decidiram se estabelecer ali.[5] Nessa região, instalaram um rancho, um curral e várias casas, aproveitando a fertilidade do solo para desenvolver criações de gado, porcos e culturas como cana e uva. A qualidade do vinho produzido na área tornou-se notória.[6]

No entanto, a tranquilidade inicial foi interrompida pela invasão francesa no Rio de Janeiro, o que obrigou Brás Cubas a deixar suas propriedades para Rodrigo Álvares, e depois para o filho deste.[4] A ocupação efetiva da região ocorreu no século XVII, quando os herdeiros dos antigos proprietários venderam grandes áreas ao Padre Mateus Nunes de Siqueira.[7] Ele ergueu uma casa na várzea do Rio Tietê, conhecida hoje como Casa do Tatuapé. Em 1765, o local já era identificado como bairro Tatuapé-Aricanduva, precursor da região atual.[8]

Vila Migliari, vila operária demolida.
Verticalização do bairro.
Resquício de uma vila operária.
Casas geminadas, resquícios de uma vila operária.

No final do século XIX, o Tatuapé começou a atrair imigrantes, principalmente portugueses, italianos e espanhóis, que iniciaram a instalação de chácaras e olarias. As olarias se formaram às margens do Rio Tietê, onde as várzeas ricas em argila permitiram a exploração de areia em grande escala.[6] Aproximadamente 15 olarias existiram, e os tijolos e telhas fabricados no Tatuapé ajudaram a construir a cidade de São Paulo. A instalação das chácaras, com proprietários ricos e dimensões gigantescas, era responsável pela produção de uma grande variedade de produtos, incluindo frutas como pêssegos, peras, caqui e uvas.[4] A família Marengo desempenhou um papel essencial na introdução das uvas tipo niágara no Brasil, e suas contribuições são lembradas em logradouros do bairro, como as ruas Francisco Marengo e Emília Marengo.[8][9]

O século XX trouxe novas mudanças. Com a construção da Estrada de Ferro do Norte em 1875, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, e a inauguração do ramal da Penha em 1886, o bairro começou a se transformar.[6] As tradicionais olarias deram lugar às indústrias têxteis, como a Tecidos Tatuapé, do Grupo Santista.[10] Além de novas oportunidades de trabalho, o bairro recebeu novas formas de diversão, com a chegada dos primeiros cinemas nas décadas de 20 e 30, incluindo o São Luís e o Saturnio. Curiosamente, os homens só podiam entrar nos cinemas se estivessem vestidos a rigor, com terno e gravata.[11]

Devido a forte tradição industrial, possuindo, em seus limites, a sede de algumas das maiores indústrias brasileiras, como a Itautec, a Souza Cruz e o Grupo Vicunha, além de outras indústrias de menor porte.[4] Embora algumas fábricas tenham sido desativadas, essas indústrias continuam tendo escritórios ou alguns departamentos localizados na região.[6]

O bairro teve pouca ocupação residencial, em geral formada por famílias de baixa renda que atuavam como operários nessas indústrias.[12] Aos poucos, porém, alguns dos antigos galpões foram sendo desativados para dar lugar a grandes condomínios residenciais de médio e ato padrão, seguindo a tendência de outros bairros do distrito homônimo, como a Vila Zilda, Vila Luzitana e a região de Altos do Tatuapé.[10]

No bairro, também está localizada a Casa do Tatuapé, na Rua Guabiju: um museu com acervo de objetos usados ao longo da história da cidade. A construção é remanescente do período dos bandeirantes.[12][9] Foi construída em taipa de pilão e é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico.[3]

Figueira Altos do Tatuapé
Colégio La Fontaine
Edifícios do bairro e metrô.
Casário que remonta as vilas operárias do século XX.

Atualmente, o Tatuapé passa por uma mudança drástica. Antes uma região de classes média e baixa, agora abriga moradores de classe alta e empreendimentos imobiliários de alto padrão.[7] A região abriga dois dos maiores edifícios de São Paulo, o Platina 220 (172 metros de altura) e o Figueira Altos do Tatuapé (168), 1.º e 3.º, respectivamente, sendo este último o residencial mais alto da cidade.[13][9]

Geograficamente, o Tatuapé faz divisa com os bairros do Vila Carrão, Vila Formosa, Belém e Jardim Anália Franco.[14] Sua localização estratégica proporciona fácil acesso a importantes vias de transporte, como as avenidas Radial Leste e Salim Farah Maluf, e às estações de metrô Carrão e Tatuapé, facilitando a mobilidade e contribuindo para a valorização imobiliária.[7] A topografia é predominantemente plana, facilitando a construção de edifícios e a expansão urbana, além de proporcionar uma infraestrutura viária eficiente.[14]

Hidrograficamente, o bairro é atravessado pelo Rio Tietê.[15] Apesar da poluição, esforços de despoluição têm sido realizados, oferecendo potencial para o desenvolvimento de áreas de lazer e turismo.[3] O Tatuapé possui uma infraestrutura completa, com uma ampla variedade de serviços e comércios, incluindo supermercados, shoppings, escolas, hospitais, restaurantes e centros de lazer.[5] A arquitetura é marcada por uma mistura de estilos, desde construções antigas até edifícios modernos, contribuindo para a identidade visual do bairro.[11]

O comércio é diversificado, com uma grande quantidade de lojas e dois grandes shoppings. A cultura é rica e diversificada, com teatros, cinemas e centros culturais que promovem eventos ao longo do ano. O bairro é conhecido por festas tradicionais, como a Festa de Nossa Senhora do Bom Parto.[5][15]

Embora urbanizado, o Tatuapé possui diversas áreas verdes, como o Parque do Piqueri, que oferece amplas áreas gramadas e pistas de caminhada. A educação é bem representada por uma ampla oferta de instituições de ensino, desde escolas de educação infantil até faculdades.[11] A segurança é garantida por uma boa infraestrutura, com delegacia de polícia e segurança privada em diversos estabelecimentos.[5] Devido às suas características geográficas e urbanísticas favoráveis, o Tatuapé é um bairro valorizado no mercado imobiliário.[14][15]

O bairro propriamente dito do Tatuapé é delimitado pelo quadrilátero formado pelas ruas: Rua Antonio de Barros, Avenida Salim Farah Maluf, Rua Emilia Marengo e Marginal Tietê. Ocupa o extremo norte do distrito do Tatuapé, sendo administrado pela Subprefeitura da Mooca.[5][15]

  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 

Referências