Tabula Cerata
Tabula Cerata
Tabula Cerata
As tabulae ceratae ou tábuas enceradas ou “tábuas rasas” eram um suporte de escrita usado
pelos romanos, composto por pequenas tabuinhas de madeira com as bordas em relevo, como
uma espécie de moldura, onde era depositada uma fina camada de cera líquida e sobre a qual,
depois de fria e endurecida, se escrevia com um estilete. As bordas elevadas, além de
conterem a cera, evitavam que os manuscritos fossem danificados quando fechadas. Tinham a
vantagem de poderem ser apagadas, aquecendo-se ou raspando-se a cera, e reutilizadas.
A expressão tabula rasa - tábua raspada - tem origem nesse procedimento significando página
em branco. A camada de cera podia ser raspada várias vezes quando se queria apagar o
conteúdo e novamente preenchida quando a cera se esgotava. Assim, uma "tabula rasa" era
um objeto no qual toda a camada de cera havia sido raspada e ficava, portanto, inútil até que
fosse novamente preenchida. Logo, fazer "tabula rasa" de algo significa eliminar para começar
tudo de novo, sem deixar vestígios do que havia antes, ou, no seu equivalente moderno mais
aproximado: "deletar".
Quando reunidas através de furos por meio de fios, couro ou
aros de metal podem ser consideradas códices, principalmente
porque a própria etimologia da palavra codex - bloco de
madeira - sugere que tenha evoluído a partir das tabuletas de
cera.
A cera empregada era composta basicamente de cera de
abelhas, óleos extraídos de plantas, pigmentos de carvão e
tinha uma coloração marrom escuro ou preto.
Os estiletes podiam ser de madeira, metal, osso ou marfim. Eram pontiagudos no lado com
que se escrevia e em forma de espátula (achatados) no outro para que se pudesse "apagar" o
que foi escrito.
Foram um dos principais suportes da época greco-romana pela facilidade de transporte e
manuseamento. As tábuas eram usadas para armazenar informações de todos os tipos, como
escritos quotidianos, contas, inventários, poemas, documentos comerciais ou como rascunhos.
Além disso, a sua capacidade de reutilização tornou-os um excelente recurso didático.
Graças às tábuas pudemos recuperar escritos sobre diversos temas: textos literários, como as
Fábulas de Babrio ou os Poemas de Calímaco; dípticos litúrgicos nos quais estavam escritos
os nomes daqueles por quem rezavam; ou referências sobre o uso e divulgação de tabuinhas
por autores gregos e latinos. As tabuinhas continuaram a ser usadas durante séculos para
escritos menores. Existem testemunhos que mostram que sobreviveram na Idade Média, até
ao século XV, embora não tenha sido encontrado nenhum exemplar do século V ao século XII.
Apesar de sua continuidade, ao longo dos séculos surgiram outros suportes como o
pergaminho; mesmo assim, as tabelas são consideradas as precursoras do formato códice.