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www.rbo.org.br
Artigo de Atualização
a b s t r a c t
Keywords: Treatment of spondylolisis and spondylolisthesis remains a challenge for orthopedic surge-
Spondylolisthesis ons, neurosurgeons and pediatrics. In Spondylolysthesis, it has been clearly demonstrated
Spondylolisis/classification over the past decade that spino-pelvic morphology is abnormal and that it can be associa-
Postural balance ted to an abnormal sacro-pelvic orientation as well as to a disturbed global sagitall balance
Radiography panoramic of spine. This article presents the SDSG (Spinal Deformity Study Group) classification of
lumbosacral spondylolisthesis. The proper treatment of spondylolisthesis is dependent on
recognizing the type of slip, sacro-pelvic balance and overall sagittal balance and its natural
history. Although a number of clinical radiographic features have been identified as risk
夽
Trabalho realizado na Disciplina de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Medicina de Jundiaí, Jundiaí, SP, Brasil.
∗
Autor para correspondência: Instituto da Coluna, Rua Abílio Figueiredo n. 92 Sala 91 CEP: 13 208 140 Anhangabaú. Jundiaí - SP.
E-mail: [email protected]
0102-3616 © 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.04.011
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factors, their role as primary causative factors or secundary adaptative changes is not clear.
The conservative treatment of adult isthmic spondylolisthesis results in good outcome in
the majority of cases. Of those patients that fail conservative treatment, success with sur-
gery is quite good, with significant improvement in neurologic function in those patients
with deficits, as well as improvement in patients with back pain.
© 2013 Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Elsevier Editora
Ltda. Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND
A B A B
b
a
b c
a
c PT
Linha de
referência
vertical
PI
(LRV) o
p
PI o b
q
a
b PT
c
a
PI o
A B
VRL
b
SS a B
c C7
HRL PT
PI
o
SS b
c
Linha de referência
horizontal (LRH)
PI = SS + PT
C7 LP
T12
A L5
a linha de prumo (LP) passa através de S1 (fig. 4). Negativo Neutro Positivo
Por causa dessas alterações morfológicas, o equilíbrio sagi- Figura 4 – Equilíbrio sagital: LP = linha do prumo. A linha
tal só pode ser obtido pela hiperlordose. Será necessária uma A é traçada da borda súpero-posterior de S1 perpendicular
maior inclinação vertical do sacro para manter o equilíbrio à borda vertical da radiografia. Seu comprimento
sagital, quando apenas a hiperlordose não o mantiver. Essa é medido em milímetros. A linha B é traçada do centro
verticalização do sacro é acompanhada de contratura dos de C7 perpendicular à borda vertical da radiografia. Seu
isquiotibiais, que rodam os ísquios caudalmente e a pelve comprimento é medido em milímetros.
anterior em direção cefálica.14
Com esses dados existem três possíveis desfechos bio-
mecânicos: primeiro, as forças geradas por um aumento da
lordose lombar acarretam o desenvolvimento e a progres- Evidência de presença de alinhamento sagital
são da espondilolistese; segundo, as alterações biomecânicas espino-pélvico anormal na espondilolistese
geram alterações na postura e na marcha que são mecanismos
compensatórios para manter o equilíbrio sagital; e finalmente Embora a correlação entre a incidência pélvica (PI) e a espon-
as alterações biomecânicas modelam as vértebras adjacentes. dilolistese seja evidente, não existem dados na literatura que
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SS
SS
PI
PI
II Espondilolistese
PI = 32 PI = 55 PI = 95 PI = 86 PI = 62 PI = 82
PS = 24 PS = 43 PS = 74 PS = 63 PS = 27 PS = 37
PT = 8 PT = 12 PT = 21 PT = 23 PT = 35 PT = 45
Figura 9 – Classificação de Spinal Deformity Study Group. PI = incidência pélvica; PS = SS (sacral slope), inclinação sacral; PT
(pelvic tilt) = balanço pélvico.
podem ser tratados de forma conservadora. Entretanto, as do que 75%, pacientes sintomáticos que não respondem ao
espondilolisteses de alto grau respondem pior ao tratamento tratamento conservador, progressão da deformidade e déficit
conservador quando comparadas com as de baixo grau.31 neurológico.30
O tratamento conservador está mais bem indicado para deslo- Nos pacientes adultos sintomáticos com espondilolis-
camentos menores do que 30-50% na criança em crescimento tese degenerativa de baixo grau, a artrodese póstero-lateral
e para alguns deslocamentos maiores do que 50% em adul- (APL) in situ apresenta melhores resultados clínicos quando
tos jovens. Para os pacientes sintomáticos, excelente resposta comparada a programas de exercícios supervisionados.35,36
clínica tem sido obtida com a restrição da atividade física e o Entretanto, a APL se mostrou incapaz de manter a correção
uso de órteses (TLSO), a fim de evitar os movimentos repetiti- intraoperatória do ângulo de escorregamento, em virtude
vos de hiperextensão na coluna lombar.13 da progressiva degeneração do espaço discal anterior.35 Suk
Para os pacientes com dor lombar crônica, Panjabi et al.34 et al.37 e La Rosa et al.38 fizeram um estudo comparativo
demonstraram que o fortalecimento de grupamentos mus- entre a APL e a artrodese 360◦ (APL + PLIF) e descobriram que
culares específicos melhora a resposta do paciente à dor muitos parâmetros radiológicos pós-operatórios, como taxa
e passaram a recomendar o fortalecimento dos músculos de fusão, redução do escorregamento, redução do ângulo de
transverso abdominal, oblíquo interno e multifidus. Além do escorregamento e manutenção da correção da deformidade,
fortalecimento desses grupamentos musculares específicos, se mostraram superiores nos pacientes com artrodese 360◦ .
o fortalecimento dos flexores do quadril e o alongamento dos Entretanto, clinicamente, em nenhum desses estudos a APL
isquiotibiais também melhoram a resposta do paciente à dor ou PLIF se mostrou estatisticamente superior.39
lombar.13 A descompressão está indicada nos casos de radiculopa-
Segundo De Wald,20 o objetivo no tratamento cirúrgico tia. Normalmente a raiz de L5 é acometida e comprimida em
da espondilolistese é a fusão do menor número possível de nível foraminal pela parte proximal da pars à medida que o
segmentos móveis da coluna, o que restaura o eixo sagital ver- deslizamento se acentua ou pelo tecido fibrocartilaginoso na
tical, com o sacro e a coluna lombar na posição mais normal pars defeituosa. Nos casos de radiculopatia ou outros défi-
possível, e a fusão dos espaços discais não competentes. Esse cits neurológicos, como a cauda equina, a descompressão está
tipo de tratamento está indicado em crianças assintomáticas indicada. O procedimento de Gill é a base para a descompres-
com deslizamento maior do que 50%, pacientes assintomá- são por meio da remoção da lâmina solta.39 A descompressão
ticos com maturidade esquelética e escorregamento maior da raiz nervosa pode ser feita exclusivamente em pacientes
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adultos com radiculopatia e espondilolistese de baixo grau por pode ser correlacionada com resultados superiores aos da
meio do procedimento de Gill et al.40 Entretanto, está contrain- artrodese póstero-lateral.
dicada em pacientes pediátricos, nos quais deve sempre ser
acompanhada de uma artrodese.
A redução da espondilolistese de alto grau tem sido indi- Conflitos de interesse
cada, uma vez que é capaz de melhorar o aspecto estético,
corrigir os ângulos lombares, melhorar o índice pélvico e o O autor declara não haver conflitos de interesse.
equilíbrio sagital e até recuperar a cifose que ocorre na região
lombar baixa.40 Na maioria das vezes, essa redução não é refer ê ncias
feita nos pacientes adultos com espondilolistese. Isso se deve
não apenas ao grau de deslizamento, mas também à posição
anatômica das raízes, que estão em posição mais cefálica; e 1. Ahn UM, Ahn NU, Buchowski JM, Kebaish KM, Lee J, Song ES,
à presença de uma dobra que se forma no saco dural, o qual et al. Functional outcome and radiographic correction after
fica relativamente mais alongado. Por causa desses achados spinal osteotomy. Spine (Philadelphia, PA, 1976).
anatômicos, a manobra de redução pode colocar as raízes em 2002;27(12):1303–11.
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tensão, com risco de lesão neurológica.41
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4. Nazarian S. Spondylolysis and spondylolytic
A espondilolistese ístmica é uma patologia adquirida que se spondylolisthesis. A review of current concepts on
torna sintomática nos adultos jovens, por causa do processo pathogenesis, natural history, clinical symptoms, imaging,
and therapeutic management. Eur Spine J. 1992;1(2):62–83.
degenerativo precoce do disco intervertebral e das articulações
5. Harris IE, Weinstein SL. Long-term follow-up of patients
facetárias, bem como dos desequilíbrios mecânicos que levam
with grade-III and IV spondylolisthesis Treatment with and
a alterações do equilíbrio sagital da coluna vertebral. A pro- without posterior fusion. J Bone Joint Surg Am.
gressão do deslizamento é mais rara em adultos do que em 1987;69(7):960–9.
crianças. 6. Fredrickson BE, Baker D, McHolick WJ, Yuan HA, Lubicky JP.
O exame radiográfico desses pacientes deve incluir a radio- The natural history of spondylolysis and spondylolisthesis.
grafia panorâmica da coluna e visualizar as cabeças femorais, J Bone Joint Surg Am. 1984;66(5):699–707.
7. Love TW, Fagan AB, Fraser RD. Degenerative spondylolisthesis
para que sejam possíveis a avaliação angular da junção lom-
Developmental or acquired? J Bone Joint Surg Br.
bossacra e o equilíbrio sagital. 1999;81(4):670–4.
O tratamento conservador com reabilitação física e medi- 8. Wiltse LL. The etiology of spondylolisthesis. J Bone Joint Surg
camentos para analgesia geralmente tem apresentado bons Am. 1962;44:539–60.
resultados. 9. Stewart TD. The age incidence of neural-arch defects in
O tratamento cirúrgico com descompressão radicular e Alaskan natives, considered from the standpoint of etiology.
J Bone Joint Surg Am. 1953;35(4):937–50.
artrodese está indicado nos casos em que o tratamento conser-
10. Mohriak R, Silva PDV, Trandafilov Junior M, Martins DE,
vador falhou ou em que existe déficit neurológico progressivo.
Wajchenberg M, Cohen M, et al. Espondilólise e
O resultado do tratamento cirúrgico tem sido bom para alívio espondilolistese em ginastas jovens. Rev Bras Ortop.
da dor lombar crônica e radicular. 2010;45(1):79–83.
O sistema de classificação proposto pelo SDSG é prático 11. Mardjetko S, Albert T, Andersson G, Bridwell K, DeWald C,
e de fácil aplicabilidade e deve ser usado e mais estudado Gaines R, et al. Spine/SRS spondylolisthesis summary
em nosso meio. A proposta dessa classificação enfatiza que statement. Spine (Philadelphia, PA, 1976). 2005;30 6 Suppl:S3.
12. Berthonnaud E, Dimnet J, Roussouly P, Labelle H. Analysis of
pacientes com espondilolistese L5/S1 são um grupo hetero-
the sagittal balance of the spine and pelvis using shape and
gêneo com várias adaptações posturais e que isso deve ser
orientation parameters. J Spinal Disord Tech. 2005;18(1):40–7.
considerado pelos médicos ao indicarem qualquer tipo de tra- 13. Legaye J, Duval-Beaupère G, Hecquet J, Marty C. Pelvic
tamento. Embora não possamos empregar um algoritmo que incidence: a fundamental pelvic parameter for
estabeleça um determinado tratamento para cada subtipo, three-dimensional regulation of spinal sagittal curves. Eur
é sugerido que em pacientes com o tipo 4 de alinhamento Spine J. 1998;7(2):99–103.
espino-pélvico tentativas forçadas de redução podem não ser 14. Roussouly P, Gollogly S, Berthonnaud E, Labelle H,
Weidenbaum M. Sagittal alignment of the spine and pelvis
necessárias. A obtenção do alinhamento sagital com artro-
in the presence of L5-s1 isthmic lysis and low-grade
dese e instrumentação cirúrgica é suficiente. Para aqueles com spondylolisthesis. Spine (Philadelphia, PA, 1976).
tipo 5, deve-se preferencialmente tentar a redução e o rea- 2006;31(21):2484–90.
linhamento, mas em casos muito difíceis a instrumentação 15. Labelle H, Mac-Thiong JM, Roussouly P. Spino-pelvic sagittal
e a artrodese após a redução postural podem ser suficientes balance of spondylolisthesis: a review and classification. Eur
para ser obtido o adequado alinhamento sagital, desde que Spine J. 2011;20 (Suppl 5):641–6.
16. Hresko MT, Labelle H, Roussouly P, Berthonnaud E.
o alinhamento da coluna esteja mantido. A redução e o ali-
Classification of high-grade spondylolistheses based on
nhamento são mandatórios no tipo 6, no qual o alinhamento
pelvic version and spine balance: possible rationale for
sagital está gravemente alterado. reduction. Spine (Philadelphia, PA, 1976). 2007;32(20):2208–13.
A fusão circunferencial (360◦ ) com instrumentação cirúr- 17. Mac-Thiong JM, Wang Z, de Guise JA, Labelle H. Postural
gica tem apresentado menor índice de não união, mas não model of sagittal spino-pelvic alignment and its relevance for
12 r e v b r a s o r t o p . 2 0 1 4;4 9(1):3–12
lumbosacral developmental spondylolisthesis. Spine 31. Labelle H, Roussouly P, Berthonnaud E, Transfeldt E, O’Brien
(Philadelphia, PA, 1976). 2008;33(21):2316–25. M, Chopin D, et al. Spondylolisthesis, pelvic incidence, and
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