Material para o 2º Ano - 3º Bimestre
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2º ano EM
História da Arte – 2° Bimestre – 3º Bimestre - 2019
Grito de dor, Holocaust Memorial, Miami Beach. Fotografia Luis Fernandez, 2010
E no final, o silêncio
Através da pintura ou do desenho, diversos artistas tentaram, se não reproduzir, refletir sobre o que
aconteceu à humanidade finda duas guerras mundiais. Será que era ainda possível escrever poesia depois de
Auschwitz? Está comprovado que sim, Adorno não tinha razão. Apesar do horror do Holocausto, a arte ainda
consegue falar. O que mudou, sem dúvida, foi o seu discurso e a sua forma. Quando os homens deixaram de
ser nómadas e assentaram, a arte deixa de ser naturalista e vai, paulatinamente, tornando-se abstrata. Os
homens não sabiam como representar o invisível ‒ as forças da natureza com as quais tinham de lidar. Na falta
de uma imagem no mundo que pudesse traduzir em formas o indizível, optou-se por seguir o caminho da
abstração.
Finda a II Grande Guerra, os artistas perceberam que traduzir tal horror era tarefa impossível.
Poderiam representar a ideia do horror. Poderiam falar sobre ela, gritar o seu nome, invocá-la. Mas não
conseguiriam dar-lhe um rosto único, porque sabiam das muitas faces do horror. Assim, decidiram optar pelo
silêncio. Não por se calarem ou por deixarem de criar. Mas por permitirem que as suas obras refletissem, de
forma especular, sobre esta nova forma de vazio, sobre este novo silêncio que se abateu sobre o mundo,
mesmo depois de a guerra acabar.
Referências Bibliográficas
ARGULLOL, Rafael. El fin del mundo como obra de arte. Barcelona, Acantilado, 2007
BOZAL, Valeriano. El tiempo del estupor. Madrid, Siruela, 2003
DEBRAY, Régis. Vida e morte da imagem: uma história do olhar no ocidente. Petrópolis, Vozes, 1993
HUYGUE, René. O poder da imagem. Lisboa, Edições 70, 1998