Apostila 10 - Cultura Mato-Grossense

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

GEOGRAFIA DE MATO GROSSO

POLCIA JUDICIRIA CIVIL 2017 10


A CULTURA MATO-GROSSENSE

cigano. Tais povos se mesclaram muito com a populao


INTRODUO ribeirinha. Isso explica o gosto pela dana, msica, cores fortes,
brincos de argola de ouro, truco espanhol e impetuosidades
CONCEITO: romnticas. Me do Morro, Cracach, Piraputanga Dourada,
Alavanca de Ouro, o Minhoco do Pari e o Boi-a-Serra so
Cultura um todo complexo que abarca conhecimentos, algumas lendas regionais que vem sendo transmitidas de
crenas, artes, moral, leis, costumes e outras capacidades e gerao a gerao, seja atravs de literatura (destaca-se as
hbitos adquiridos pelo homem como integrante da sociedade produes de Dunga Rodrigues). Como difusores populares
(Edward B. Tylor) A cultura aquilo que menos espao ocupa destas estrias esto nomes como Prof. Benedito Campos,
na memria; quanto mais se tem, na maior parte dos indivduos, Ditinho, o arte-educador Vital Siqueira (usa o personagem
mais leves, soltos, independentes e livres se tornam . Comadre Pitu), dentre tantos outros nomes.
Festas de Santos
FORMAO DE CULTURA MATO-GROSSENSE Nas cidades mais antigas de Mato Grosso so grande
A cultura mato-grossense espelha uma sntese cultural promotoras das manifestaes da Cultura Popular as festas de
dos vrios grupos tnicos, tambm responsveis pela prpria santo:
caracterstica racial do povo mato-grossense. Dentro dessa tica So Benedito;
pode-se evidenciar a incluso do branco, do ndio e do negro nos Nossa Senhora do Rosrio;
diversos segmentos culturais do Estado, quer na cultura popular, Divino Esprito Santo,
literatura, artes plsticas, teatro, msica, artesanato, ou mesmo Essas festas lembram o tempo do Imprio, e seu
nos saborosos pratos da tradicional culinria mato-grossense. organizadores (festeiros) so titulados de reis, rainhas, juzes e
outros cargos alusivos.
PATRIMNIO CULTURAL Na regio chamada Baixada Cuiabana as maiores festas
Entende-se por patrimnio cultural toda a produo so as em louvor a So Benedito, (geralmente realizada na
humana, de ordem emocional, intelectual, material e imaterial, ltima semana de junho e com o encerramento no 1 domingo de
independente de sua origem, poca natureza ou aspecto formal, julho) e ao Senhor Divino. A primeira em Cuiab marcada por
que propicie o conhecimento e a conscincia do homem sobre si almoos e jantares regionais e bailes populares. J a segunda
mesmo e sobre o mundo que o rodeia. costuma ser liderada pela alta sociedade cuiabana.
As leis e decretos sobre o patrimnio cultural de um pas, Nas cidades histricas de Vila Bela de Santssima
de um estado ou de um municpio tem por objetivos desenvolver Trindade e Nossa Senhora do Livramento, ambas com alto ndice
e implementar mecanismos e instrumentos de gesto voltados de negros, mantm-se o registro da Dana do Congo em honra
para a preservao destes bens culturais. a Nossa Senhora do Rosrio. Ladainhas (rezas cantadas)
Cabe ressaltar que entende-se por bem cultural todo bem avanando madrugadas e a passagem de bandeiras para
material ou imaterial, significativo como produto e testemunho arrecadar donativos para a realizao das festas tambm so
de tradio artstica e/ou histrica, ou como manifestao da tradicionais em todo o Estado.
dinmica cultural de um povo ou de uma regio. Consideram-se Artesanato:
como bens culturais obras arquitetnicas, plsticas, O artesanato mato-grossense reflete o dia-a-dia e os
literrias, musicais, conjuntos urbanos, stios arqueolgicos, costumes de vida do prprio artista. Destacam-se:
expresses do patrimnio imaterial, etc. o os ceramistas de So Gonalo-Beira-Rio;
Em seu sentido amplo, bens culturais compreendem todo o as rendeiras de Vrzea Grande;
testemunho do homem e seu meio, apreciado em si mesmo, sem o as mulheres de Fibra de Nova Olmpia;
estabelecer limitaes derivadas de sua propriedade, uso, o o artesanato em madeira e as biojias (sementes
antiguidade, ou valor econmico. Os bens culturais podem ser diversas) do norte e mdio norte do Estado;
divididos em trs grandes categorias: bens materiais, bens o artesanato indgena, fora do Araguaia e mdio-
imateriais e bens naturais. Araguaia;
Bens Imateriais Este segmento vem ganhando qualidade para
Trata-se de tradies e tcnicas do fazer e do saber comercializao internacional com programas desenvolvidos pela
fazer humanos, como polir, esculpir, construir, cozinhar, tecer, Secretaria de Indstria, Comrcio e Minerao de Mato Grosso e
pintar, etc. (patrimnio intelectual); as expresses do sentimento pelo SEBRAE. Organizados em associaes e cooperativas, os
individual ou coletivo, como as manifestaes folclricas e arteses avanam com exposies e feiras permanentes.
religiosas, a msica, a literatura, a dana, o teatro, etc. Folguedos:
(patrimnio emocional). Mato Grosso um estado riqussimo em As danas e msicas do universo da Cultura Popular
manifestaes de Cultura Popular, o mais legtimo legado de Mato-grossense, conforme o pesquisador da cultura mato-
nosso Patrimnio Imaterial. Do modo de fazer a gastronomia, o grossense, compositor e cantor nativista, Milton Pereira de Pinho
artesanato, as danas, lendas e contos esto a sntese das - o Guapo sofrem duas grandes influncias:
heranas mato-grossenses, principalmente, do ndio e do negro o A autctone onde a instrumentalizao e a musicalidade so
e mais recentemente dos migrantes mestios de norte a sul de origem local, fruto do choque cultural entre ndios da
do Brasil. regio, negros escravizados e brancos colonizadores,
Lendas e Crendices Mato-grossenses desenvolvida nos primeiros anos de fundao das cidades
Para o historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, ribeirinhas e a platina.
marcante a transferncia de lendas de outras regies. Nesse o A musicalidade foram trazidas para a regio no processo da
ecletismo de crena, nasceu a ambiguidade da f, isto , contra o colonizao, via Esturio do Prata, no sculo XIX,
P de Garrafa, Pai do Mato, Minhoco do Pari, Lobisomem, etc., principalmente logo aps a Guerra da Trplice Aliana,
as rezas e oraes catlicas. O psicolgico do mato-grossense (Guerra do Paraguai).
forjado dentro dessas crenas e tambm do sortilgio mouro-
o Vale acrescentar que a expanso da recepo migratria
ps anos 1960 do sculo XX, ampliou ainda mais o acesso
aos mais diversos ritmos de msicas e danas de
manifestos coletivos.

Instrumentos Tradicionais:
o Viola de Cocho viola feita de madeira ribeirinha como o
sar, com cordas que nos tempos antigos era de origem
animal como tripas de macaco.
o o Principal instrumento do cururu e outros
folguedos da regio pantaneira, foi tombado pelo
Estado e pelo Governo Federal como Patrimnio
Histrico Imaterial.
o Em Mato Grosso o incentivo a produo e ensino
o Igreja Nossa Senhora da Guia: Antiga capela localizada no
do instrumento vem se dando atravs do incentivo
Distrito da Guia, em Cuiab. Representa parte da histria do
a curso para jovens e pela Orquestra de Mato
Distrito, regio que abrigou muitos garimpeiros em busca de
Grosso, criada em 2005, e, a nica do mundo a
alternativas s lavras do Cuiab h 275 anos. A construo
utilizar o instrumento entre os principais naipes.
rstica de adobe e taipa-de-pilo (material feito base de
o Ganz Pedao de bambu serrilhado tocado com um
barro, restos de madeira e ossos), recuperada e revitalizada
pedao de osso ou bambu. Um dos principais instrumentos
em janeiro de 2008.
do Siriri e do Cururu.
o Mocho Banco alto de madeira e couro.
o Casa Baro de Melgao: Imvel histrico do sc. XVIII, em
o Bruaca Bolsa de couro revestida com palha seca.
Cuiab, que abriga o Instituto Histrico e Geogrfico de Mato
o Adulfo - Pandeiro quadrado feito de couro.
Grosso e a Academia Mato-grossense de Letras desde a
o P de Bode - Acordeom de oito baixos trazido e difundido
dcada de 1930. Foi recuperado e revitalizado em 2006,
pelos migrantes da fronteira sul-americana.
permitindo, desta forma, sua adequada ocupao e
utilizao. Imvel histrico do sc. XVIII, em Cuiab, que
BENS MATERIAIS abriga o Instituto Histrico e Geogrfico de Mato Grosso e a
Entende-se por bens materiais os stios e achados Academia Mato-grossense de Letras desde a dcada de
arqueolgicos (patrimnio arqueolgico); as formaes rurais e 1930. Foi recuperado e revitalizado em 2006, permitindo,
urbanas (patrimnio urbanstico); os agenciamentos paisagsticos desta forma, sua adequada ocupao e utilizao.
(patrimnio paisagstico); os bens mveis, como objetos de arte,
objetos utilitrios, documentos arquivsticos e iconogrficos
(patrimnio artstico); e os bens imveis, como edificaes rurais
e urbanas (patrimnio arquitetnico). Citamos abaixo alguns
bens materiais do Estado de Mato Grosso:

o Centro Histrico de Cuiab: A rea compreendida como o


antigo centro da capital mato-grossense foi tombado em
nvel federal em 01 de outubro de 1987. A homologao do
tombamento deu-se somente em 04 de novembro de 1992,
em Ato assinado pelo Ministro da Cultura. A necessidade de
se preservar parte da rea urbana, construda entre os
sculos XVIII e XIX, motivou o tombamento de 62,7 hectares Ponte de Ferro do Coxip: A Ponte de Ferro do Rio Coxip foi
(13 hectares na rea tombada e o restante no entorno) construda em 1896, em Cuiab. Foi importada da Frana,
contendo aproximadamente 1.000 imveis. adotando o sistema construtivo Eiffel. A sua montagem
representou um marco nas relaes comerciais de Mato Grosso,
viabilizando a penetrao de capitais, mercadorias, tcnicos e
imigrantes europeus. Foi destruda por uma enchente em 1995.
Em 2006 foi feito um trabalho de recuperao das ferragens que
estavam submersas no leito e nas margens do Coxip, sendo
entregue comunidade cuiabana em 2008.

Casa do Alferes: Imvel histrico localizado no centro antigo de


Cuiab. Numa parceria entre a Prefeitura de Cuiab e governos
federal e estadual, em 2006, foi revitalizado e transformado no
Museu da Imagem e do Som de Cuiab.

o Palcio da Instruo: Prdio construdo em 1913, para


servir rea da educao, em Cuiab. imvel tombado
pelo Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, e foi
recuperado e revitalizado em 2005. Atualmente sede da
Biblioteca Pblica Estadual Estevo de Mendona e do
Conselho Estadual de Cultura.
Igreja Nossa Senhora do Rosrio e So Benedito: A mais
antiga igreja erguida no Estado (h citaes desde 1736). Foi
minuciosamente restaurada, desde os altares e imagens
rigorosamente cuidados por especialistas nacionais e locais em
arte sacra, s grossas paredes de adobe que foram expostas ao
seu estado mais original. Foram trs anos de trabalhos e muita
histria desvendada, do assoalho ao telhado. Foi reaberta em 21
de junho de 2006.

MUSEU HISTRICO DE MATO GROSSO


o Seminrio da Conceio: Um dos mais antigos bens
imveis de Cuiab (datado de 1882) a sede do Museu de
Arte Sacra, fechado desde 1988. Foi alvo de recuperao e
revitalizao de 2004 a 2007. Uma parte importante do
passado religioso mato-grossense foi recuperada pelo
arteso Ariston Paulino. So milhares de fragmentos da
antiga Catedral do Senhor Bom Jesus de Cuiab, que
formaram altares do sc. XVIII (altar de Santa Terezinha em
estilo rococ e um dos altares do Cruzeiro em estilo barroco,
alm do neoclssico altar de So Miguel - sculo 19). Os
acervos remanescentes da antiga Catedral do Senhor Bom
Jesus e Igreja de Nossa Senhora do Rosrio, contam com
cerca de 4.300 peas entre imagens sacras, paramentos,
alfaias, altares e vesturios picos, inclusive, parte de
o Clube Feminino: Antigo clube da sociedade cuiabana. O objetos pessoais do Arcebispo Dom Aquino Correia.
local guarda a memria de grandes bailes que reuniam a
sociedade. J serviu de biblioteca pblica municipal e hoje o Igreja Nossa Senhora do Bom Despacho: Imvel tombado
abriga a Secretaria Municipal de Cultura de Cuiab. Foi pelo patrimnio histrico estadual. Comeou a ser
recuperado e revitalizado pela Prefeitura de Cuiab, com construdo em 1918 e, em 1955, passou por sua primeira
apoio do governo estadual, em 2006. reforma. Em 2004, o Governo do Estado revitalizou o imvel
que se encontra disposio e uso pela Cria Metropolitana
o Igreja Nosso Senhor dos Passos: Imvel histrico de Cuiab.
localizado no antigo centro de Cuiab. Revitalizado, foi
entregue sociedade no dia 07 de fevereiro de 2006. O
restauro foi realizado em regime de parceria envolvendo o
IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico
Nacional e o Governo de Mato Grosso.

Igreja do Bom Despacho- Cuiab MT

o Centro Histrico de Diamantino: Uma das principais


referncias histricas do Estado a cidade de Diamantino,
o Arquivo Pblico do Estado: Local que abriga o maior motivo que levou necessidade de tombamento, por parte
acervo histrico de Mato Grosso. Est localizado na cidade do Governo do Estado, em 2006, na tentativa de preservar
de Cuiab em edifcio construdo na dcada de 1940, no parte do que j foi o rico patrimnio arquitetnico e histrico
perodo do Estado Novo e ocupado por outros rgos do lugar. Alguns imveis esto em bom estado de
pblicos ao longo da histria. conservao, o que motiva a sociedade local a sonhar com a
recuperao de seus antigos casares.
o Museu Histrico de Mato Grosso: Prdio centenrio que
abrigava o Tesouro do Estado, localizado na Praa da o Casa Cannica de Diamantino. Imvel de interesse
Repblica, em Cuiab. Foi reinaugurado em 2006, passando histrico e que marca a presena dos jesutas em Mato
a abrigar o Museu Histrico de Mato Grosso, recebendo Grosso. Localizado em Diamantino, foi recuperado e
equipamentos, iluminao e mobilirio para a instalao do entregue comunidade em fins de 2007.
acervo de mais de 9 mil peas entre filatelia, objetos
ornamentais, documentos textuais, iconogrficos, medalhas
e condecoraes, mobilirios, numismtica e obras de arte.
o Relgio da Fonte - Localizado em Nossa Senhora do o Dana do Congo: Retrata a resistncia, tradio,
Livramento, o Relgio da Fonte Pblica, juntamente com a demonstrao de f e religiosidade, demonstrando a fora
Praa Central e a Igreja Matriz formam um belo conjunto de um povo que luta para preservar sua histria. Reis e
arquitetnico. O Relgio da Fonte foi idealizado pelo Frei embaixadores travam uma luta dramatizada em que dois
Salvador Roquette em 1945, com o objetivo de oferecer reinados africanos disputam o poder. Em Mato Grosso, a
gua de qualidade populao e um referencial de tempo, dana surgiu com a vinda de escravos para a primeira
suprindo a carncia do povo que, na poca, no contava Capital, Vila Bela. A dana manifesta ainda a resistncia dos
com rede de distribuio de gua. negros que ficaram no municpio mesmo com a transferncia
da Capital para Cuiab.
o Centro Cultural Cadeia Pblica - O Centro Cultural Cadeia
Pblica, em Santo Antnio de Leverger, imvel (datado de
1925) tombado pelo patrimnio histrico estadual. Foi
recuperado e revitalizado em 2007.

o Igreja Nossa Senhora da Guia Em Vrzea Grande, trata-


se da primeira capela da cidade, e foi revitalizada em 2004.
Hoje integra o roteiro de procisses das principais festas
religiosas da regio, alm de ser um ponto turstico da
cidade.

o Igreja Nossa Senhora da Conceio - Localizada na


localidade de Passagem da Conceio, em Vrzea Grande.
A igreja centenria foi revitalizada, fortalecendo a regio
como um dos principais pontos de turismo histrico da
Baixada Cuiabana.
o Boi-a-Serra: No Mato Grosso, o folguedo com temtica de
MANIFESTAES POPULARES: boi se chama Boi--Serra. Encontrado especialmente na
o Siriri e Cururu: Dana das mais populares do folclore mato- regio do Rio Abaixo (Santo Antnio do Leverger),
grossense, praticada especialmente nas periferias das apresenta-se durante as festas carnavalescas. Sai da casa
cidades e na zona rural da regio chamada Baixada do festeiro, meio de surpresa, e vai arrebanhando os
Cuiabana (vrios municpios no entorno da Capital) e brincantes que esto pela rua.
Cceres, fazendo parte das festas de batizados, casamentos
e festejos religiosos. uma dana que lembra os o Dana dos Mascarados: Tpica de Pocon, muito parecida
divertimentos indgenas. nas festas de So Benedito e Esprito Santo , no dia da
iluminao. No de sabe de onde veio, quem a introduziu
aqui, uma dana que sem dvidas vem dos costumes dos
ndios, enriquecidas pelos colonizadores espanhis que aqui
chegaram. Os participantes so somente homens
mascarados, usando chapus com plumas, espelhos e
outros enfeites, desempenhando funo de damas e de
gal. Cada participante prepara sua roupa, o gal manda
fazer roupas coloridas e bem enfeitados.

o Cururu: O cururu, na cuiabania, dana de roda, s para


homens, ao som de desafio cantado, com acompanhamento
instrumental da viola de cocho e o ganz.

o Cavalhada: Tambm tpica de Pocon, a manifestao


comumente associada a famosos episdios da histria e da
literatura universal, como a Guerra de Tria e As Cruzadas.
Cavalos e cavaleiros ricamente ornamentados competem ao
som do repique de uma caixa. A Cavalhada acontece todos
os anos durante a Festa de So Benedito, em junho e alm
do embate entre os exrcitos Mouros e Cristos, a
Cavalhada tem ainda o Baile dos Cavaleiros, a Festa da
Iluminao (com espetculo pirotcnico), a Dana dos
Mascarados, siriri e cururu e encerrada com um grande
show popular.
o Caretas - No perodo de carnaval a tradio na cidade de o Folia de Reis: Folguedo popular de origem portuguesa em
Guiratinga um desfile de mascarados em que nada do que um grupo de folies carregando bandeiras, pede
corpo mostrado. esmolas para a festa dos Reis Magos.

o Pastorinhas ou Pastoril: Folguedo comum em Barra do


Garas, regio do Vale do Araguaia.

o Rasqueado Cuiabano: Definio da palavra rasqueado: ...


arrastar as unhas ou um s polegar sobre as cordas, sem as
pontear. (Acordes em glissados, rpidos, rasgado,
rasgadinho, rasgueado e rasgueo) - Dicionrio Musical
Brasileiro - Mrio de Andrade. O pesquisador da cultura
mato-grossense, compositor e cantor nativista Milton Pereira
de Pinho (o Guapo) escreveu que o ritmo comeou aps o
fim da Guerra da Trplice Aliana (Guerra do Paraguai),
quando os prisioneiros e refugiados da Retomada de
Corumb ficaram confinados margem direita do Rio
Cuiab, atualmente cidade de Vrzea Grande".
Chorado: Ainda hoje preservada e cultuada pelos vilabelenses,
originalmente foi o instrumento encontrado pelas negras o Kuarup, ritual indgena do Xingu: Kuarup um ritual dos
escravas para persuadir os senhores a amenizarem os castigos grupos indgenas do Parque do Xingu para homenagear os
dados a seus familiares. Um dos principais elementos do mortos. Os troncos feitos da madeira. kuarup? so a
Chorado a garrafa de kanjinjin equilibrada na cabea pelas representao concreta do esprito dos mortos ilustres. A
danarinas. Segundo as danarinas do Chorado, o elemento foi festa corresponderia a cerimnia de finados do homem
incorporado dana recentemente, na dcada de 80 para 90. branco, entretanto, o Kuarup uma festa alegre, afirmadora,
exuberante, onde cada um coloca a sua melhor vestimenta
na pele. Na viso dos ndios, os mortos no querem ver os
vivos tristes ou feios.

SMBOLOS DE MATO GROSSO


o Curuss - Conforme o pesquisador cultural Mrio Durante o perodo colonial, o estado do Mato Grosso
Friedlnder, Curuss a denominao atual que se d a acatava, e por assim dizer utilizava dos smbolos oficiais de
uma dana brincadeira de origem chiquitana que ocorre no Portugal. Quando da Proclamao da Independncia, em 1822, o
municpio de Porto Esperidio. estado passou a respeitar os smbolos oficiais do Imprio
Brasileiro
Com a Proclamao da Repblica (1889), cada um dos
estados j existentes ou em fase de criao obtiveram o direito
de criar e usar seus prprios smbolos, dentre eles MT.

BANDEIRA DE MT

o Dana do Zinho Preto - A Dana do Zinho Preto ou Dana


Cabocla, existe em Jauru, desde a dcada de 1970, tendo
sido trazida da cidade de Mantenpolis, no Esprito Santo, o mais antigo smbolo oficial do Estado do Mato Grosso.
por Jos Alves Batista - o Zinho Preto, criador da dana. Foi criada pelo General Antnio Maria Coelho atravs do Decreto
n.2, de 31 de janeiro de 1890; 73 dias aps a data de criao da
Bandeira Brasileira.
A bandeira mato-grossense em muito se parece com a
brasileira, principalmente em suas cores, no em sua disposio.
formada por um retngulo azul, com losango branco; ao Assim sendo, justifica-se a referncia das cidades de
centro uma esfera ou globo verde e uma estrela amarela (cinco Corumb e Dourados na letra do hino mato-grossense. Foi Dom
pontas) tocando as extremidades da esfera. Francisco de Aquino Corra o autor da letra da Cano Mato-
Retngulo Azul: corresponde ao cu, como na grossense reconhecida no ano de 1983 como hino oficial do
bandeira nacional; representa tambm a evoluo de estado. Porm, antes disso, a cano havia sido executada e,
um princpio espiritual, a busca da perfeio. 1919, pela primeira vez, na cerimnia do bicentenrio de Cuiab.
Losango Branco: lembra o culto mulher, pureza; Durante longa data, o hino, mesmo no sendo oficial foi
significa o zodaco alm da paz, da concrdia na poltica cantado nas escolas; a no oficializao do hino possivelmente
e, o otimismo e a virtude no lado psicossocial. tenha ocorrido por fatores polticos diversos advindos dos
Esfera ou globo Verde: representa a soberania, a sucessores de Dom Francisco de Aquino Corra. Com a
grandeza territorial. O verde caracteriza a esperana, a implantao do Estado Novo todos os smbolos oficiais do
juventude; busca desenvolver a conscincia para a estado foram abolidos, restabelecendo-se seu uso em todos os
convivncia equilibrada e sustentvel do homem com o estados, sendo que Mato Grosso s apresentava como smbolo
meio ambiente. Estrela Amarela: retrata a humanidade a bandeira e o braso de armas. O hino era oficial para a
voltada para o firmamento em busca de respostas s populao mato-grossense tendo sido oficializado pelo
perguntas. Este foi um dos mais importantes smbolos governador Jlio Jos de Campos por meio do Decreto n. 38, de
dos ideais republicanos. Sua colorao amarelo 03 de maio de 1983.
lembra o ouro, uma das riquezas mato-grossenses.
Hino de Mato Grosso
BRASO DE ARMAS DE MT Letra: Dom Aquino Corra - Maestro: Emilio Heine

Limitando, qual novo colosso,


O ocidente do imenso Brasil,
Eis aqui, sempre em flor. Mato Grosso,
Nosso bero glorioso e gentil!
Eis a terra das minas faiscantes,
Eldorado como outros no h
Que o valor de imortais bandeirantes
Conquistou ao feroz Paiagus!
(BIS)
Salve, terra de amor, terra do ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o cu dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!
Terra noiva do Sol! Linda terra!
A quem l, do teu cu todo azul,
Beija, ardente, o astro louro, na serra
E abenoa o Cruzeiro do Sul!
No teu verde planalto escampado,
E nos teus pantanais como o mar,
Vive solto aos milhes, o teu gado,
Em mimosas pastagens sem par!

Hvea fina, erva-mate preciosa,


A frase Virtute Plusquam Auro chama a ateno para o Palmas mil, so teus ricos flores,
braso estadual, sua traduo diz Pela virtude mais que pelo E da fauna e da flora o ndio goza,
ouro. A opulncia em teus virgens sertes.
Dom Francisco de Aquino Corra governou o estado no O diamante sorri nas grupiaras
perodo de 1918 a 1922. No incio de seu governo eram muitas Dos teus rios que jorram, a flux,
as dificuldades, consequncia da Primeira Guerra Mundial e da A hulha branca das guas to claras,
gripe espanhola; para tanto o governante buscou na virtude de Em cascatas de fora e de luz.
seus ideais a soluo para os problemas.
Foi durante seu primeiro mandato que Dom Francisco Dos teus bravos a glria se expande
enviou Assembleia Legislativa a proposta de criao de um De Dourados at Corumb,
Braso de Armas. Enquanto o estado no tinha seu prprio O ouro deu-te renome to grande
braso, a bandeira era o smbolo do estado. De forma simples e Porm mais, nosso amor te dar!
compreensiva, assim composto o Braso de Armas do estado Ouve, pois, nossas juras solenes
do Mato Grosso. De fazermos em paz e unio,
Escudo em estilo portugus (ponta arredondada) no qual Teu progresso imortal como a fnix
est simbolizado um campo de sinople (verde), uma montanha Que ainda timbra o teu nobre braso.
de ouro (amarelo) e, o restante do escudo tomado pelo cu. Sob
o cu um brao armado empunhando uma bandeira com a cruz 18. BIBLIOGRAFIA
da Ordem de Cristo. No alto do escudo uma fnix de ouro como ANTUNES, Emlio. Lendas do Rio Cuiab. Cuiab. 1998.
ARANTES, Antnio A. O que Cultura Popular. So Paulo: Brasiliense, 1995 - (Coleo
timbre. Ladeando o escudo dois ramos, um de seringueira e
Primeiros Passos)
outro de erva-mate entrelaados pela fita com os dizeres: Virtute ARRUDA, Antnio, O linguajar Cuiabano e outros Escritos, Cuiab, MT, Ed. do autor.
Plusquam Auro. 1998.
BRANDO, Carlos R. O que folclore. So Paulo: Brasiliense, 1982 _ (Coleo
HINO DE MT Primeiros Passos)
Devido a grande extenso territorial do estado no incio de CASCUDO, Lus da C. Dicionrio Do Folclore Brasileiro. Belo Horizonte - MG, Editora
sua formao, abrangendo os municpios de Ponta Por e Itatiaia LTDA. 6 Ed. 1988.
Guapor, hoje respectivamente anexados ao Mato Grosso do Sul COLEO MUNICPIOS DE MATO GROSSO, Jaciara. Fundao Jlio Campos, Projeto
Memria Viva.
e Rondnia; mesmo havendo o desmembramento dos estados
FRADE, Cssia. Folclore N. 3. So Paulo: Global, 1997. 2 Ed. Coleo Para Entender
(criao do Mato Grosso do Sul) o Mato Grosso continuou sendo FERREIRA, Joo C. V. Mato Grosso e Seus Municpios. Cuiab - MT, 1997. Secretaria
o terceiro maior estado brasileiro. de Estado de Educao.

Você também pode gostar