Afonso Arinos - A Garupa e Outros Contos
Afonso Arinos - A Garupa e Outros Contos
Afonso Arinos - A Garupa e Outros Contos
<VII>
Dados Internacionais de catalogao na publicao (CIP)
(Cmara Brasileira do livro, SP, Brasil)
A Garupa, e outros contos /
Sylvia Orthof...
[et al.] ; introduo e apresentao dos autores e das obras Elias Jos ; ilustraes Lcia
Brando. - So Paulo : Martins Fontes, 2002 - (Coleo literatura em minha casa ; v.2)
Outros autores : Marina Colasanti, Paulo Mendes Campos, Machado de Assis, Afonso
Arinos
ISBN 85-336-1582-5
1. Contos brasileiros - Coletneas - Literatura infanto-juvenil
I. Jos, Elias.
II. Orthof, Sylvia, 1932-1997.
III. Colasanti, Marina.
IV. Campos, Paulo Mendes, 1922-1991.
V. Assis, Machado, 1839-1908.
VI. Arinos, Afonso, 1868-1916.
VII. Srie.
02-2611 CDD-028`.5
ndices para catlogo sistemtico:
1. Contos : Antologia : Literatura infanto-juvenil 028`.5
2. Contos : Antologia : Literatura juvenil 028`.5
ISBN 85-336-1582-5
<IX>
Caro aluno,
Voc est recebendo uma coleo composta por cinco livros de diferentes tipos de texto:
poesia, conto, novela, literatura universal e teatro ou literatura popular.
A importncia desses livros muito grande: com eles, voc ir descobrir muitas coisas
novas, conhecer pessoas diferentes e mundos diferentes. Voc tambm ir saber que
existem muitas maneiras de se escrever e que cada uma delas serve para passar ao leitor,
isto :
para voc, um tipo de mensagem.
Esta coleo foi feita para que voc possa ler quando quiser e o texto que quiser. Eles vo
estar todos ali, aguardando uma oportunidade para mostrar-lhe novos lugares, novas
<XI>
Um recado
Agora que voc escreveu seu nome neste livro, ele seu. Guarde-o em casa, leve-o para a
escola, leia-o quantas vezes quiser. A cada leitura voc vai conhec-lo melhor,
compreend-lo melhor, como se fosse um amigo.
Leia-o para seus pais, seus irmos, as crianas da vizinhana, enfim, para quem tiver
vontade de ouvir.
Fazer um livro no s escrever a histria, os poemas ou os contos que esto nele. Esses
textos precisam ser apresentados de um jeito agradvel, para que sua leitura d maior
prazer. E, no final, ainda houve gente que leu e revisou cada pgina, para verificar se
estava tudo correto. Todos trabalharam pensando no leitor, que voc.
Chegou sua vez de aproveitar. Boa leitura!
A turma da editora
<XIII>
Por que ler contos
Amigo leitor
Voc vai ler agora um livro de contos. O que um conto?
O escritor Mrio de Andrade dizia: conto tudo o que voc chamar de conto. No
esclareceu muita coisa, no acha?
Vamos falar mais claro: conto uma narrativa que pode ser contada oralmente ou por
escrito. Pode-se dizer que o ser humano j surgiu contando contos. Tudo o que via,
descobria ou pensava dava origem a uma histria, que ele aumentava ou modificava
usando sua imaginao. Antes do surgimento da escrita, os desenhos nas cavernas foram
uma maneira de registrar essas histrias.
Mas aqui vamos tratar do conto escrito. O conto mais curto do que a novela e do que o
romance. Tem um nmero reduzido de personagens e conta apenas uma histria, que se
passa num curto espao de tempo e em poucos lugares.
Essas personagens podem ser pessoas, bichos ou mquinas e elementos da natureza que
adquirem vida. Os contos podem ser romnticos, de aventura, de terror. Tambm h os
contos psicolgicos, que falam mais do interior das personagens, do que elas sentem. Os
contos maravilhosos so contos de fadas e bruxas, reis e rainhas, prncipes e princesas.
Alguns contos narram histrias que, mesmo no sendo verdadeiras, poderiam muito bem
ter acontecido na vida real.
dezena de livros e publicou vrias obras. Seus contos so muito apreciados, e o mais
famoso Uma idia toda azul.
Paulo Mendes Campos nasceu em Recife (PE), em 28 de fevereiro de 1922, e morreu em
1991, na cidade do Rio de Janeiro.
<XIX>
Ficou famoso por seus contos. Publicou poemas, foi hbil tradutor de lngua inglesa e
francesa.
(Joaquim Maria) Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, em 21
de junho de 1839, e faleceu na mesma cidade em 29 de setembro de 1908. considerado
o nosso maior escritor. Deixou livros de poemas, contos e romances.
Afonso Arinos (de Melo Franco) nasceu em Paracatu (MG), em 1868, e faleceu em
Barcelona (Espanha), em 1916. Foi jornalista e escritor, destacando-se por seus contos
regionais mineiros.
Lcia Brando desenhista autodidata, nascida em So Paulo, em 24 de dezembro de
1959.
Quando adolescente, cursou a Escola Panamericana de Arte. Fez ilustraes para vrias
editoras, revistas e jornais (Globo, Abril, Folha de S. Paulo, etc.).
<XXI>
[]
Tire o melhor proveito deste livro e procure conserv-lo. Ele uma fonte permanente de
consulta.
<XXV>
Sumrio
SYLVIA ORTHOF Bruzundunga da Silva ..................... 1
MARINA COLASANTI Palavras aladas ............: 13
PAULO MENDES CAMPOS Fbula eleitoral para crianas ............:: 19
MACHADO DE ASSIS Conto de escola ............: 26
AFONSO ARINOS A garupa ..................:: 46
Glossrio ..................: 67
<12>
cortinas e a rastejar sob os mveis. A audio certeira abatia exclamaes em pleno vo.
Algemava rimas, desentocava cochichos. Uma condessa encheu um cesto com um cento
de acentos. Um marqus de monculo fez montinhos de monosslabos. E houve at quem
garantisse ter apanhado entre os dedos delicado no de uma donzela. Enfim,
divertiram-se tanto,
<25>
to entusiasmados ficaram com a tarefa, que acabaram por instituir a Temporada Anual
de Caa Palavra.
De temporada em temporada, esvaziava-se o castelo de seus sonhos, enchia-se o
calabouo de conversas. A tal
ponto que o momento chegou em que ali no cabia mais sequer o quase silncio de uma
vrgula. E o mordomo real viu-se obrigado a transferir secretamente parte dos sons para
aposentos esquecidos do primeiro andar.
Foi portanto por acaso que o rei passou diante de um desses cmodos. E passando ouviu
um: murmrio, rasgo de conversa. Pronto a reclamar, j a mo pousava na maaneta,
quando o calor daquela voz o reteve. E, inclinado
fechadura para melhor ouvir, o rei colheu as lavas, palavras, com que um jovem, de
joelhos talvez, derramava sua paixo aos ps da amada.
A lembrana daquelas palavras pareceu voltar ao rei de muito longe, atravessando o
tempo, ardendo novamente no peito. E em cada uma ele reconheceu com surpresa sua
prpria voz, sua jovem paixo. Era sua aquela conversa de amor h tantos anos trancada.
Fio da longa meada do passado, vinha agora envolv-lo, relig-lo a si mesmo, exigindo
sair de calabouos.
- Que se abram as portas! - gritou comovido, pela primeira vez gostando do seu grito, ele
que sempre havia falado to baixo. E escancarou os batentes sua frente.
- Que se abram as portas! - correu o grito da sala ao salo, da escada ao jardim, muro
acima, at esbarrar na cpula de vidro, e voltar, batendo no queixo majestoso.
<26>
- Que se derrube a redoma! - lanou ento o rei
com todo o poder de seus pulmes. - Que se abatam os muros!
E desta vez vai o grito por entre o estilhaar, subindo, planando, pssaro-grito que no azul
se afasta, trazendo atrs de si em revoada frases, cantigas, epstolas, ditados, sonetos,
epopias, discursos e recados, e ao longe - maritacas - um bando de risadas. Sons que no
espao se espalham levando ao mundo a vida do castelo, e que, aos poucos, em liberdade
se vo.
<28>
PAULO MENDES CAMPOS
Fbula eleitoral para crianas
Um dia, as coisas da natureza quiseram eleger o rei ou a rainha do universo. Os trs
reinos entraram logo a confabular.
Animais, vegetais e minerais comearam a viver uma vida agitada de surtos eloqentes,
manobras, recados furtivos, mensagens cifradas, promessas mirabolantes, ardis, intrigas,
palpites, conversinhas ao p do ouvido.
<35>
para mim uma grande posio comercial, e tinha nsia de me ver com os elementos
mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de
capitalistas que tinham comeado ao balco. Ora, foi a lembrana do ltimo castigo que
me levou naquela manh para o colgio. No era um menino de virtudes.
Subi a escada com cautela, para no ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou
na sala trs ou quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do costume, em
chinelas de cordovo, com a jaqueta de brim lavada e desbotada, cala branca e tesa e
grande colarinho cado. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinqenta anos ou mais.
Uma vez sentado, extraiu da jaqueta a boceta de rap e o leno vermelho, p-los na
gaveta;
depois relanceou os olhos pela sala. Os meninos, que se conservaram de p durante a
entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; comearam os trabalhos.
- Seu Pilar, eu preciso falar com voc - disse-me baixinho o filho do mestre.
Chamava-se Raimundo esse pequeno, e era mole, aplicado, inteligncia tarda. Raimundo
gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinqenta
minutos; vencia com o tempo o que no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso
um grande medo ao pai. Era uma criana fina, plida, cara doente; raramente estava
alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com
ele do que conosco.
- O que que voc quer?
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- Logo - respondeu ele com voz trmula.
Comeou a lio de escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados da escola;
mas era. No digo tambm que era dos mais inteligentes, por um escrpulo fcil
de entender e de excelente efeito no estilo, mas no tenho outra convico. Note-se que
no era plido nem mofino:
tinha boas cores e msculos de ferro. Na lio de escrita, por exemplo, acabava sempre
antes de todos, mas deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tbua, ocupao
sem nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingnua.
Naquele dia foi a mesma coisa; to depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do
mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a
admirativa, a dubitativa e a cogitativa. No lhes punha esses nomes, pobre estudante de
primeiras letras que era;
mas, instintivamente, dava-lhes essas expresses. Os outros foram acabando; no tive
remdio seno acabar tambm, entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.
Com franqueza, estava arrependido de ter vindo.
Agora que ficava preso, ardia por andar l fora, e recapitulava o campo e o morro,
pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Amrico, o Carlos das Escadinhas,
a fina flor do bairro e do gnero humano. Para cmulo de desespero, vi
atravs das vidraas da escola, no claro azul do cu, por cima do Morro do Livramento,
um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma
coisa soberba. E eu na escola,
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sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramtica nos joelhos.
- Fui um bobo em vir - disse eu ao Raimundo.
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Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do rei, cuido
que doze vintns ou dois tostes, no me lembra; mas era uma moeda, e tal
moeda que me fez pular o sangue no corao. Raimundo revolveu em mim o olhar
plido, depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-lhe que estava caoando,
mas ele jurou que no.
- Mas ento voc fica sem ela?
- Mame depois me arranja outra. Ela tem muitas que vov lhe deixou, numa caixinha;
algumas so de ouro.
Voc quer esta?
Minha resposta foi estender-lhe a mo disfaradamente, depois de olhar para a mesa do
mestre. Raimundo recuou a mo dele e deu boca um gesto amarelo, que queria sorrir.
Em seguida props-me um negcio, uma troca de servios;
ele me daria a moeda, e eu lhe explicaria um ponto da lio de sintaxe. No conseguira
reter nada do livro, e estava com medo do pai. E conclua a proposta esfregando a
pratinha nos joelhos...
Tive uma sensao esquisita. No que eu possusse da virtude uma idia antes prpria
de homem; no tambm que no fosse fcil empregar uma ou outra mentira de criana.
Sabamos ambos enganar ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca
de lio e dinheiro, compra franca, positiva, toma l, d c; tal foi a causa da sensao.
Fiquei a olhar para ele, toa, sem poder dizer nada.
Compreende-se que o ponto da lio era difcil, e que o Raimundo, no o tendo
aprendido, recorria a um
<40>
meio que lhe pareceu til para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a coisa por
favor, alcan-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes; mas parece que a lembrana
das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada, e no aprender
como queria - e pode ser mesmo que em alguma ocasio lhe tivesse ensinado mal -,
parece que tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo contava com o favor - mas queria
assegurar-lhe a eficcia, e da recorreu moeda que a me lhe dera e que ele guardava
como relquia ou brinquedo; pegou dela e veio esfreg-la nos joelhos,
minha vista, como uma tentao... Realmente, era bonita, fina, branca, muito branca; e
para mim, que s trazia cobre no bolso, quando trazia alguma coisa, um cobre feio,
grosso, azinhavrado...
No queria receb-la, e custava-me recus-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler,
com tal interesse, que lhe pingava o rap do nariz. - Ande, tome - dizia-me baixinho o
filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em verdade, se o
mestre no visse nada, que mal havia? E ele no podia ver nada, estava agarrado aos
jornais, lendo com fogo, com indignao...
- Tome, tome...
Relanceei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo em ns; disse ao Raimundo que
esperasse. Pareceu-me que o outro nos observava, ento dissimulei; mas da a pouco,
deitei-lhe outra vez o olho e - tanto se ilude a vontade!
- no lhe vi mais nada. Ento cobrei nimo.
- D c...
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atirou-a rua:
E ento disse-nos uma poro de coisas duras, que tanto o filho como eu acabvamos de
praticar uma ao feia, indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo amos ser
castigados.
Aqui pegou da palmatria.
- Perdo, seu mestre... - solucei eu.
- No h perdo! D c a mo! d c! vamos! sem-vergonha! d c a mo!
- Mas, seu mestre...
- Olhe que pior!
Estendi-lhe a mo direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por cima dos
outros, at completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e inchadas. Chegou a
vez do filho, e foi a mesma coisa; no lhe poupou nada, dois, quatro, oito, doze bolos.
Acabou, pregou-nos outro sermo. Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou
que, se repetssemos o negcio, apanharamos tal
castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E exclamava: Porcalhes! tratantes!
faltos de brio!
Eu, por mim, tinha a cara no cho. No ousava fitar ningum, sentia todos os olhos em
ns. Recolhi-me ao banco, soluando, fustigado pelos improprios do mestre. Na sala
arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ningum faria igual
negcio. Creio que o prprio Curvelo enfiara de medo. No olhei logo para ele, c dentro
de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que sassemos, to certo como trs e dois
serem cinco.
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Da a algum tempo olhei para ele; ele tambm olhava para mim, mas desviou a cara, e
penso que empalideceu.
Comps-se e entrou a ler em voz alta; estava com medo.
Comeou a variar de atitude, agitando-se toa, coando os joelhos, o nariz. Pode ser at
que se arrependesse de nos ter denunciado; e, na verdade, por que denunciar-nos?
Em que que lhe tirvamos alguma coisa?
"Tu me pagas! to duro como osso!", dizia eu comigo.
Veio a hora de sair, e samos; ele foi adiante, apressado, e eu no queria brigar ali mesmo,
na Rua do Costa, perto do colgio; havia de ser na rua larga de So Joaquim. Quando,
porm, cheguei esquina, j o no vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou
loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas,
ningum me deu notcia. De tarde faltou escola.
Em casa no contei nada, claro; mas para explicar as mos inchadas, menti a minha
me, disse-lhe no tinha sabido a lio. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois
meninos, tanto o da denncia como o da moeda. E sonhei com a moeda;
sonhei que, ao tornar escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara, sem
medo nem escrpulos...
De manh, acordei cedo. A idia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia
estava esplndido, um dia de maio, sol magnfico, ar brando, sem contar as calas novas
que minha me me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Sa de
casa, como se fosse trepar ao trono de Jerusalm. Piquei o passo para que ningum
chegasse antes de mim escola; ainda assim
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no andei to depressa que amarrotasse as calas. No, que elas eram bonitas! Mirava-as,
fugia aos encontros, ao lixo da rua...
Na rua encontrei uma companhia do batalho de fuzileiros, tambor frente, rufando. No
podia ouvir isso quieto. Os soldados vinham batendo o p rpido, igual, direita, esquerda,
ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comicho
nos ps, e tive mpeto de ir atrs deles.
J lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... olhei
para um e outro lado; afinal, no sei como foi, entrei a marchar tambm ao som do rufo,
creio que cantarolando alguma coisa:
Rato na casaca... No fui escola, acompanhei os fuzileiros, e depois enfiei pela Sade,
e acabei a manh na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calas enxovalhadas, sem
pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram
eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupo,
outro da delao; mas o diabo do tambor...
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AFONSO ARINOS
A garupa
Samos para o campeio com a fresca da madrugada.
Tnhamos de ir longe e de pousar no campo. Eu tomava conta da eguada, ele era
vaqueiro. Vizinhos de retiro na fazenda de meu amo, companheiros de muitos anos, no
largvamos um do outro. Sempre que havia uma folgazinha, ou ele vinha para o meu
rancho, ou eu ia para o rancho dele.
s vezes, quando meu amo queria perguntar por ns aos outros vaqueiros e camaradas,
dizia:
- Onde esto a corda e a caamba?
Vanc bem pode imaginar, patro, que tbua eu no carrego, que dor me no di bem no
fundo do corao, desde aquele triste dia.
Como eu lhe ia dizendo, ns samos com a fresca. Por sinal que, naquele dia, compadre
Quinca estava alegre, animado como poucas vezes. Ainda me lembra que o cavalo dele,
um castanho estrelo calado dos quatro ps, a
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modo que no queria sair do terreiro. Quando ns fomos passando perto do cocho da
porta, ou ele viu alguma coisa l dentro ou que, o diacho do cavalinho virou nos ps.
O defunto Joaquim - coitado! Deus lhe d o cu! juntou o bicho nas esporas, jogou-o para
a frente e, num galo, quase ralou a perna no rebuo do telhado de mei'gua dos bezerros.
Samos.
Quando fomos confrontando com a lagoa da Caiara ele ganhou o trilho para umas
barrocas, l embaixo, onde diziam que duas novilhas tinham dado cria e que um dos
bezerros estava com bicheira no umbigo.
Eu torci para o logradouro das guas, c para a banda do cerrado de cima.
- Est bom. Ento, at, compadre!
- Se Deus quiser, meu compadre!
No sei o que falou por dentro dele, porque, naquele mesmo suflagrante, ele virou para
mim e disse:
- Qual, compadre! Vamos juntos. Assim como assim, a gente no pode chegar casa hoje.
Pois ento, a gente viageia junto, e da gua Limpa eu toro l para Fundo, para pegar as
novilhas; vanc apanha l adiante o caminho do logradouro.
Eu j ia indo um pedao, quando dei de rdeas para trs e ajuntei-me outra vez com o
compadre. Parece que ele estava adivinhando!
E fomos indo, conversa tira conversa, caso puxa caso.
Eta, dia grande de meu Deus!
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Ainda na beira de um corguinho, l adiante, eu tirei dos alforjes um embornal com
farinha, fiz um foguinho e assamos um naco de carne-seca, bem gorda e bem gostosa,
louvado seja Deus! Bebemos um gole d'gua e tocamos.
A, j na virada do dia, o compadre me disse:
- Compadre, vanc vai andando, que eu vou descer quele buraco. Pode ter alguma rs
ali. A modo que eu vi relampear o lombo daquela novilha chumbadinha, que anda sumida
faz
muito tempo.
Ele foi descendo para o buraco e eu segui meu caminho pelos altos. Com pouca dvida,
ouvi um grito grande e dodo:
- Aiiii!
Acudi logo:
- Que l, compadre! - e apertei nas esporas o meu queimado.
No le conto nada, patrozinho! Quando cheguei l, o castanho galopava com os arreios e
meu compadre estava estendido numa moita de capim, com a cabea meio para baixo e a
mo apertada no peito.
- Que isto, meu compadre? No h de ser nada, com o favor de Deus!
Apalpei o homem, levantei-lhe a cabea, arrastei-o para um capim, encostei-o ali, chamei
por ele, esfreguei-lhe o corpo, corri l embaixo, num olho-d'gua, enchi o chapu, quis
dar-lhe de beber, sacudi-o, virei, mexi: nada!
Estava tudo acabado! O compadre morrera de repente; s
Deus foi testemunha.
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E agora, como , Benedito Pires? Peguei a imaginar como era, como no era: eu sozinho
e Deus, ou melhor, abaixo de Deus, o pobre do Benedito Pires; afora eu, o defunto e os
dois bichos, o meu cavalo e o dele. Imaginei, imaginei... Dali
casa era um pedao de cho, umas cinco lguas boas; ao arraial, tambm cinco lguas.
Tanto fazia ir casa, como ao arraial. Mais perto, nenhum morador, nem sinal de gente!
Largar meu compadre, eu no podia: amigo amigo! Demais, estava ficando tarde. At
eu ir buscar gente e voltar, o corpo ficava entregue aos bichos do mato, ona, ariranha,
tatu-peba, tatu-canastra... Nem bom falar! Levar o corpo para a casa e de l para o
arraial, era andar dez lguas, no contando o tempo de ajuntar gente em casa para
carregar a rede. Assim, assentei que o melhor era fazer o que eu fiz. Distncia por
distncia, decidi levar o compadre direito para o arraial onde h igreja e cemitrio.
Mas, ir como? A que estava a coisa. Pobre do compadre!
Banzei um pedacinho e tirei o lao da garupa. Ns, campeiros, no largamos o nosso
lao. Antes de ficar duro o defunto, passei o lao embaixo dos braos dele - coitado! -
joguei a ponta por cima do galho de um jatob e suspendi o corpo no ar. Ento, montei a
cavalo e fiquei bem debaixo dos ps do defunto. Fui descendo o corpo devagarinho,
abrindo-lhe as pernas e escarranchando-o na garupa.
Quando vi que estava bem engarupado, passei-lhe os braos por baixo dos meus e
amarrei-lhe as mos diante do meu peito. Assim ficou, grudado comigo. O cavalo dele
atufou-se no cerrado.
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- L se avenha! - pensei. - Tomara eu tempo para cuidar do pobre do dono!
Caminho para o arraial era um modo de falar. Estrada mesmo no havia: mal-mal uns
trilhos de gado, uns cortando os outros, tranando-se pelos campos e sumindo-se nos
cerrades.
Tomei as alturas e corri as esporas no meu queimado, que, louvado Deus, era bicho de
fiana; nunca me deixou a p e andou sempre bem arreadinho.
O sol j estava some-no-some atrs dos morros; a barra do cu, cor de aafro; as jas
cantavam de l, as perdizes respondiam de c, to triste!
Quando eu ganhei o espinhao da serra, l em cima, as nossas sombras, muito compridas,
estendiam as cabeas at ao fundo do boqueiro.
Era tempo de escuro. O que ainda me valeu, abaixo de Deus, foi que estava chegando o
meio do ano, e nessa ocasio, a estrela do pastor nasce de tarde e alumia pela noite
adentro.
Enquanto foi dia, ainda que bem; mas, quando a noite fechou deveras e eu no tinha no
meio daquele campo outra claridade seno a da estrela, s Noss'enhor sabe por que no
acompanhei o compadre para o outro mundo, rodando por alguma perambeira, ou caindo
com o seu corpo no fundo de algum groto.
Nos cerrades, ou nos matos, como no da beira do ribeiro, eu no enxergava, s vezes,
nem as orelhas do meu queimado, que descia os topes gemendo. O compadre, a rente. O
que vale que "macho que geme, a carga no teme", l diz o ditado.
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Toquei para diante: sobe morro, desce morro, vara chapada, fura mato, corta cerrado.
salta crrego - eu fui andando sempre. O defunto vinha com o chapu de couro preso no
pescoo pela barbela e cado para a carcunda. Quando o queimado trotava um pouco mais
depressa, o chapu fazia pum, pum, pum. O compadre a modo que estava esfriando
demais.
No sei se era porque fosse mesmo tempo de frio, eu peguei a sentir nas costas uma coisa
que me gelava os ossos e chegava a me esfriar o corao. Jesus! que frira aquela!
A noite ia fechando, fechando. Eu j seguia no sei
como, pois tinha de andar s pelo rumo. O queimado, s vezes, refugava aqui, fugia
dacol, cheirava as moitas e bufava. Pelo barulho d'gua, eu vi que ns amos chegando
beira do ribeiro. Tinha a de atravessar uma mataria braba, por um trilho de gado.
Insensivelmente, eu fugia de um galho, negava o corpo a outro, virando na sela campeira.
A cabea do compadre, que, no princpio, batia de l para c e, s vezes, escangotava,
endureceu, e o queixo dele, com a marcha do animal, me martelava a ap.
Fui tocando. Dentro da mataria, passava um ou outro vaga-lume, e havia uma voz triste,
grossa, vagarosa, de algum pssaro da noite que eu no conheo e que cantava num tom
s, muito compassado, zoando, zoando...
Em certa hora parecia que meu cavalo marchava num terreno oco: ao baque das passadas
respondia l no fundo outro baque e o som rolava como um trovo longe. A ramaria
estava cerrada por cima de minha cabea, que nem
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a coberta do meu rancho. O trilho a modo que ia ficando esconso, porque o queimado no
sabia onde pisar; chegou uma horinha em que ele pegou; a patinhar para cima, para
baixo, de uma banda e de outra, sem adiantar um passo.
O bicho parecia que estava ganhando fora para fazer alguma.
No levou muito tempo, ele mergulhou aqui para sair l
adiante, descendo ao fundo de um buraco e galgando um tope aos arrancos, escorrega
aqui, firma acol.
Nesse vaivm, nesse balano dos diabos, o corpo do compadre pendia pra l, pra c. Uma
vez ou outra, ele ia arcando, arcando; a cara dele chegava mais perto da minha e - Deus
me perdoe! - pensei at que ele queria me olhar no rosto.
Eu ia tocando toda-vida. Mas, aquele frio, ih! aquele frio foi crescendo, foi me descendo
para os ps, subindo para os ombros, estendendo-se para os braos e encarangando-me os
dedos. Eu j quase no senti as rdeas, nem os estribos.
A, por Deus! eu no enxergava nem as pontas das orelhas do queimado; a escurido
fechou de todo e o cavalo no pde romper. Corri-lhe as esporas; o bicho era de esprito,
eu bem sabia; mas bufava, bufava, cheirando alguma coisa na frente e refugava... Tanto
apertei o bicho nas esporas, que, de repente, ele suspendeu as mos no ar... O corpo do
compadre me puxou para trs, mas eu no perdi o tino. Tinha confiana no cavalo e
debrucei-me para a frente... Senti que o casco do queimado batia numa torada de pau
atravessada por cima do trilho.
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E agora, Benedito? Entreguei a alma a Deus e bambeei as rdeas. O cavalo parou,
tremendo... Mas, o focinho dele andava de um lado para o outro, cheirando o cho e
soprando com fora... Com pouca dvida, ele foi se encostando devagarinho, bem rente
do mato; minhas pernas roavam nos troncos e nas folhas do arvoredo mido. Senti um
arranco e, com a ajuda de Deus, ca do outro lado, firme nos arreios: o queimado achou
jeito de saltar a barreira nalgum lugar favorvel.
Toquei para diante. Ah! patro! no gosto de falar no que foi a passagem do ribeiro
aquela noite! No gosto de lembrar a descida do barranco, a correnteza, as pedras rolias
do fundo d'gua, aquele vau que a gente s passa de dia e com muito jeito, sabendo muito
bem os lugares. Basta dizer que a gua me chegou quase s borrainas da sela, e do outro
lado, cavalo, cavaleiro e defunto - tudo pingava!
Eu j no sentia mais o meu corpo: o meu, o do defunto e o do cavalo misturaram-se num
mesmo frio bem frio; eu no sabia mais qual era a minha perna, qual a dele... Eram trs
corpos num s corpo, trs cabeas numa cabea, porque s a minha pensava... Mas, quem
sabe tambm se o defunto no estava pensando? Quem sabe se no era eu o defunto e se
no era ele que me vinha carregando na frente dos arreios?
Peguei a imaginar nisso, meu patro, porque - medo no era, tomo a Deus por
testemunha! - eu no sentia mais nada, nem sela, nem rdea, nem estribos. Parecia que eu
era o ar, mas um ar muito frio, que andava sutil, sem
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tocar no cho, ouvindo - porque ouvir eu ouvia - de longe, do alto, as passadas do cavalo,
e vendo - eu ainda enxergava tambm - as sombras do arvoredo no cerrado e, por cima de
A o frio pegou a apertar outra vez, e uma coisa me fazia uma zoeira nos ouvidos, que
nem um lote de cigarras num dia de sol quente. Que frio, que frio! Meu queixo pegou a
bater feito uma vara de canelas-ruivas. Turrr! turrr! O compadre, atracado na minha
carcunda, ficou feito um casco de tatu; quando meu calcanhar batia no p dele, o baque
respondia no corpo todo e o queixo dele me fincava com mais fora na ap. A porta da
igreja pegou a rodar, principiando muito devagarinho; e o cruzeiro a modo que saa do
lugar, vinha para mim, subia l em cima, descia c embaixo, como uma gangorra, mal
comparando.
Peguei a sentir, no sei se na cabea, no sei mesmo onde, um fogo, que era fogo l
dentro e c fora, no meu corpo, nas minhas pernas, nas mos, nos ps, nas costas era uma
frira, que ningum nunca viu to grande!...
Meu brao no mexia, minhas mos no mexiam, meus ps no saam do lugar; e, calado
como defunto, eu fiquei ali, de olhos arregalados, olhando a escurido, ouvidos alertas,
ouvindo as coisas caladas!
Meu cavalo, entresilhado tambm de fome, de cansao e de frio, vendo que a carga no
era de cavaleiro, desandou a andar toa, pra baixo, pra cima, catando aqui-acol uns
fiapos de capim...
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Quando eu passava por perto da porta de alguma casa, fazia fora e podia gritar:
- de casa! Gente, vem ajudar um cristo! Vem dar uma demo aqui!
Ningum respondia!
Numa porta em que o cavalo parou mais tempo - porque uma hora meu queimado parecia
cavalo de aleijado parando nas portas para receber esmola - apareceu uma cara... E
quando eu disse:
- " um defunto..." - a pessoa soltou um grito e correu para dentro esconjurando...
Mas, as casas todas pegaram a embalanar outra vez, e eu estava como em cima d'gua,
boiando, boiando..
Parece que o queimado cansou de andar. L nos ps do cruzeiro, onde havia um gramado,
ele parou...
E foi a que vieram me achar, de manhzinha, com os olhos arregalados, todo frio, todo
encarangado e duro no cavalo, com o compadre garupa!
Ah! patro! amigo amigo!
Da para c eu andei bem doente...
Quantos anos j l se vo, nem eu sei mais.
O que eu sei, s o que eu sei, que nunca mais, nunca mais aquele frime das costas me
largou!
Nem chs, nem mezinha, nem fogo, nem nada!
E quando eu ando pelo campo, quando eu deito na minha cama, quando eu vou a uma
festa, me acompanha sempre, por toda a parte, de dia e de noite, aquele frime, que no
mais deste mundo!
Coitado do compadre! Deus lhe d o cu!
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Glossrio
As palavras esto explicadas neste glossrio s pelo sentido com que so empregadas
neste livro.
- A aafro - p de cor amarela bem forte usado como tempero.
alastrado - repleto, cheio.
alforje - saco duplo, posto sobre o lombo do animal para carregar mercadoria.
algibeira - bolso.
ameba - parasita intestinal.
ap - ombro.
aperreado - preso, sem liberdade.
arengar - discutir bobagens.
arquejar - respirar ruidosamente.
astcia - esperteza, malcia.
atufar-se - embrenhar-se, adentrar.
azinhavrado - coberto de azinhavre ou zinabre, camada verde que se forma no metal.
-B
banzar - pensar, matutar.
berilo - pedra semipreciosa.
boceta de rap - caixinha para guardar p de fumo para inalar.
bojar - tornar abaulado, com bojo.
bolo - golpe dado nas mos com palmatria.
borraina - almofada.
bradar - gritar.
brandir - agitar.
-C
calabouo - priso subterrnea.
campeio - procura pelo gado no campo.
capitalista - que tem propriedades e dinheiro, rico.
carbono - elemento qumico.
chacal - mamfero feroz parecido com o lobo.
cifrada - em cdigo.
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coalizo - acordo, aliana.
cobre - dinheiro, material de que so feitas algumas moedas.
cognitiva - relativo ao conhecimento, ao raciocnio.
comicho - coceira.
confabular - conversar sobre assunto secreto.
constelado - cheio de estrelas.
convico - certeza.
cordovo - couro de cabra.
cosmopolitismo - caracterstica de quem se adapta a qualquer lugar.
ressentimento - mgoa.
ressonar - roncar.
rspido - grosseiro, severo, rude.
- S salpicar - polvilhar, esparramar sobre.
sequito - comitiva, cortejo.
serenidade - calma, mansido.
sintaxe - construo gramatical.
siso - juzo, bom senso.
slogan - frase curta, fcil de lembrar, que se usa muito em propaganda.
soberano - absoluto, nico.
soberba - majestosa.
sorrateiramente - de modo escondido, disfaradamente.
sueto - falta aula por vadiagem.
suflagrante - momento presente.
surto eloqente - acesso de fala entusiasmada.
sutil - quase imperceptvel.
-T
te-dum - canto de louvor a Deus.
tesa - esticada, justa.
tino - orientao.
tosto - antiga moeda brasileira de nquel.
-V
vanc - forma popular de voc.
viageia - forma popular de viaja.
vilania - ato reprovvel.
vintm - moeda brasileira de cobre.
-Z
zorro - raposo.
Fim da Obra