Indiamara - Meu TCC
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INDIAMARA BOBINSKI
AMPERE
FACULDADE DE AMPÉRE – PR
– FAMPER
NOVEMBRO/2015
INDIAMARA BOBINSKI
AMPÉRE – PR
NOVEMBRO/2015
700
B663b BOBINSKI, Indiamara
Beleza, Mulher e sociedade: Uma História que a arte conta
Indiamara Bobinski. - 2015.
______________________________________________________
GUSTAVO CALOVI
Professor(a) Orientador(a) - Presidente
______________________________________________________
Professor(a) Convidado(a)
______________________________________________________
Professor(a) Convidado(a)
Quem luta com monstros deve velar por que,
ao fazê-lo, não se transforme também em monstro.
E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo,
o abismo também olha para dentro de ti.
(Friedrich Nietzsche)
LISTA DE IMAGENS
PROPÓSITO (INTRODUÇÃO)
escuro filão de ódio a nós mesmas, obsessões com o físico, pânico de envelhecer e
pavor de perder o controle.”
Diante destas questões, este trabalho se propõe a prestar uma contribuição
quanto ao estudo deste tema, realizando uma pesquisa com as acadêmicas e
também funcionárias e professoras da Faculdade de Ampére, Famper, através da
qual se busca identificar as concepções de beleza das participantes, analisando
também suas visões a respeito de seus corpos, de sua aparência e qual a relação
que pode ser estabelecida entre esses fatores e o local ocupado pela mulher na
sociedade.
No dia-a-dia da mulher, com todos os afazeres que tem a cumprir, muitas
vezes esta relação passa despercebida, ou ainda em outra hipótese, essa exigência
do belo torna-se vista como natural pela mesma. Não se trata, porém, de uma
questão de mera vaidade ou do desejo de sentir-se bem consigo, razões estas muito
compreensíveis para a busca da beleza, o problema reside quando o belo torna-se
uma prisão, uma forma de cercear o comportamento feminino, como argumenta Wolf
(1992, p.12-13), ao afirmar que “À medida que as mulheres se liberaram da mística
feminina da domesticidade, o mito da beleza invadiu esse terreno perdido,
expandindo-se enquanto a mística definhava, para assumir sua tarefa de controle
social”.
Assim, é importante questionar até quais as formas e a intensidade em que
essa imagem idealizada da beleza feminina afeta o comportamento e o imaginário
da mulher comum, que vive um cotidiano no qual precisa trabalhar, estudar e cuidar
da família, muitas vezes exercendo todas estas atividades em paralelo, longe dos
holofotes midiáticos e ganhando muito menos que uma estrela de televisão ou do
cinema.
Por sua vez, do ponto de vista acadêmico, este estudo presta contribuições
ao campo artístico, pois busca analisar a questão da beleza feminina enquanto
conceito, abordando assim os caminhos da estética. Busca ainda contribuir com a
elucidação de como o belo influencia o agir e o ser da mulher contemporânea,
levantando questões que permitem transcender ao campo do senso comum,
visualizando a beleza e sua relação com a mulher de um ponto de vista artístico e
estético, ao mesmo tempo estritamente relacionado ao campo social.
9
[...] Com efeito, todos os homens concebem, não só no corpo como também
na alma, e quando chegam a certa idade, é dar à luz que deseja a nossa
natureza. Mas ocorrer isso no que é inadequado é impossível. E o feio é
inadequado a tudo o que é divino, enquanto o belo é adequado. Moira então
e Ilitia do nascimento é a Beleza. Por isso, quando do belo se aproxima o
que está em concepção, acalma-se, e de júbilo transborda, e dá à luz e
gera; quando porém é do feio que se aproxima, sombrio e aflito contrai-se,
afasta-se, recolhe-se e não gera, mas, retendo o que concebeu,
penosamente o carrega. Daí é que ao que está prenhe e já intumescido é
grande o alvoroço que lhe vem à vista do belo, que de uma grande dor
liberta o que está prenhe.
Kant não procura encontrar uma essência do belo ou um principio pelo qual
se possa defini-lo, para ele não há um padrão ou modelo que sirva de orientação, a
beleza é desta forma, uma qualidade atribuída aos objetos pelos sujeitos conforme
esses os percebem e deles deleitam prazer. Segundo Kant (2008), esse julgamento
sobre o belo é desprovido de qualquer interesse ou mesmo utilidade do objeto em
questão, importa apenas o julgamento advindo da simples contemplação do mesmo,
sendo mesmo necessário um distanciamento do objeto em questão para que se
possa ajuizar de forma pura sobre ele.
14
Essa nova percepção quanto à arte alterou o modo como o belo vinha sendo
percebido até o século XVIII. Para Camargo (2009, p.03), a preocupação de Kant
estava de acordo com os acontecimentos históricos, sociais e políticos de sua
época, pois “o espírito iluminista também precisava encontrar universalidade na
atividade estética, livrando-a do emaranhado de opiniões e do capricho dos humores
subjetivos, acumulados até ali pela desordenada profusão de idéias herdadas dos
séculos anteriores”.
O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 - 1831), também
interessa-se pela arte e pelo problema do belo e, ao discorrer sobre a beleza, Hegel
(2001, p.120), compartilhou, em parte, da visão platônica definindo-o como um
conceito objetivo, determinável pela razão: “[...] denominamos o belo de Idéia do
belo, isso deve ser entendido no sentido de que o próprio belo deve ser tomado
como Idéia e, na verdade, como Idéia numa forma
No entanto, essa definição não significa que Hegel concorde com a visão
platônica que considera a arte como uma imitação da realidade, mas segundo
ressalta Dufrenne (2004), para Hegel a arte não imita, mas sim idealiza, exprimindo
o universal no particular, a arte é assim tanto mais bela quando forem verdadeiras
as ideias que ela contenha, sendo essa visão fruto da influencia exercida pela
historia nas concepções hegelianas; o belo é diverso, manifestando-se sobre
diferentes aspectos ao longo da civilização humana conforme a visão de mundo da
cultura que o concebeu.
A beleza artística provém, portanto, da ideia que em si contém a verdade,
verdade esta que se expressa na obra de arte e sendo um produto genuíno do
espirito é superior à beleza encontrada nos objetos e fenômenos da natureza. Em
seu Curso de Estética, Hegel (2001, p.28) afirma
1
Imagem extraída do site Hochparterre. Disponível em: <http://www.nhm-
wien.ac.at/ausstellung/dauerausstellung__schausammlung/hochparterre>. Acesso em 25 de outubro
de 2015.
20
3
Imagem extraída de Maestà del Duomo di Siena. Disponível em:
<https://it.wikipedia.org/wiki/Maest%C3%A0_del_Duomo_di_Siena#/media/File:Duccio_Maest%C3%A
0.jpg>. Acesso em: 26 de outubro de 2015.
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A imagem acima é uma das obras mais célebres da história da arte e uma
das imagens mais recordadas ao se mencionar a Renascença. Pintada pelo artista
italiano Alessandro di Mariano Filipepi, conhecido como Sandro Botticelli (1444/45 –
1510), visualmente destoa das características da arte medieval, sendo a nudez
completa da personagem central, a deusa Vênus, um dos aspectos que mais
enfatizam a nova forma de representa o corpo na arte. Segundo Horn (2006), a partir
do Renascimento surge uma busca pela individualidade e pela construção de
identidades pessoais, na arte isso leva ao surgimento do estilo e a representação da
civilidade, onde cada ocasião é retratada com as vestimentas e objetos adequados e
disso surge ainda uma nova linguagem, a saber, o corpo nu que representa a beleza
do mundo e o homem do renascimento, sendo que para as mulheres se lhe são
atribuídas o estatuto da beleza e da sensualidade.
A mulher assim representada, nua ou quase totalmente despedida, em
posições sensuais de graça e leveza, algumas com a atribuição de um ar virginal a
cena, acabará por configurar uma nova tradição pictórica na arte ocidental, como
ressalta Ferreira (2009), ao afirma que o gênero onde a mulher torna-se o tema
principal é por excelência o nu, este por sua vez irá buscar inspiração nas estatuas
4
Imagem extraída de Arte Entre os Séculos XIV e XVI. Disponível em:
<http://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/historia-arte/idmod.php?p=botticelli>. Acesso em: 08
de novembro de 2015.
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gregas que por sua vez representavam não apenas uma estética de formas
femininas pré-concebidas e idealizadas, mas trazia em si, de forma menos aparente,
outros valores ligados ao universo feminino e sua intimidade, desvelada nas obras
de arte e velada em seu cotidiano.
Assim sendo, a nudez da mulher nas representações artísticas estava longe
de significar a liberdade feminina no contexto social vigente naquela época, no
entanto, contribuiu de forma positiva para que a mulher não fosse mais visita como
maldita e pecadora, segundo evidencia Horn (2006, p.4) ao afirmar que:
nunca saísse de sua casa. Marietta morreu quatro anos depois e caiu no quase
completo esquecimento histórico.
E assim, após o Renascimento outros movimentos artísticos se sucedem
cada um com suas particularidades, como o Barroco, o Neoclassicismo e o
Romantismo. Conforme Moura (2010), o estatuto de beleza atribuído à mulher nas
artes acadêmicas iria perdurar até o surgimento das vanguardas artísticas e do
modernismo, apresentando novas visões e leituras do feminino, principalmente
através do artista Pablo Picasso e sua estética cubista.
O espanhol Pablo Picasso (1881 - 1973) foi um dos artistas mais conhecidos
e versáteis do século XX. Segundo Emídio; Valente; Silva (2007, p.3), as mulheres
foram uma temática muito presente na obra de Picasso, “[...] o surgimento de uma
nova mulher frequentemente sinalizava uma mudança de direção artística. Picasso
representou as mulheres e o feminino em todas as fases de sua obra e de diferentes
maneiras”.
Após uma breve observação visual da obra acima é possível constatar sem
nenhuma dificuldade a nítida diferença existente entre essa nova forma moderna de
5
Imagem extraída de Universia Brasil. Disponível em:
<http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2013/06/18/1031217/conheca-les-demoiselles-d-
avignon-picasso.html>. Acesso em: 8 de novembro de 2015.
27
grande maioria que tinham acesso a leitura e a escrita, assim eram eles a elaborar
os documentos oficiais, livros e outros escritos durante a boa parte da história,
portanto, os homens eram aqueles que detinham o poder da razão e do
conhecimento, ficando a educação feminina restrita aos afazeres domésticos e
quando muito a profissões consideradas apropriadas a mulher, como o magistério
Não é necessário voltar a discorrer sobre esses fatos, pois os mesmos já
foram debatidos com maior profundidade no capítulo anterior. Na atual etapa desta
pesquisa, é importante frisar que esse quadro somente começou a alterar-se a partir
do final do século XIX e inicio do século XX. Conforme Costa; Androsio (2010, p.2)
6
As imagens 6 e 7 foram extraídas do site Performatus. Disponível em: <http://performatus.net/o-
poder-de-beth-moyses/>. Acesso em: 15 de novembro de 2015.
32
em que estende seu olhar sobre a situação de outras mulheres, em uma poética que
de sonhos, amor, dor e afeto. Segundo Coutinho (2010, p. 6)
7
Imagem extraída do blog Arte e História, disponível em:
<http://arteehistoriaepci.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html>. Acesso em: 15 de novembro de
2015.
33
8
Imagem extraída do blod H-Sama, disponível em: <http://www.h-sama.com/2012/03/comerciais-
com-sereias.html>. Acesso em 18 de novembro de 2015.
35
9
Imagem extraída do site Casa do Araújo, disponível em:
<http://casadoaraujo.sopalmeiras.com/comerciais-de-cerveja-deixam-as-mulheres-mais-burras/>.
Acesso em: 18 de novembro de 2015.
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5. METODOLOGIA E RESULTADOS
olhos claros, seios e nádegas fartas, além de ser magra e saber se maquiar, se
vestir bem, ser cheirosa e estar sempre bem arrumada. Já outras 3 participantes
afirmaram que a beleza é apenas um padrão estipulado pela mídia e 4 declaram que
a beleza é a essência de cada mulher.
A partir do acima exposto é possível perceber que a maioria das participantes
relaciona a beleza ao comportamento da mulher, sua forma de agir e seus valores, e
também a sua aparência física, ressaltando a importância da mulher saber cuidar de
si mesma de maneira adequada. É possível inferir, a partir de tais colocações, dois
fatores: primeiro que as características comportamentais, morais e éticas
ressaltadas como necessárias a beleza feminina vão de acordo com o exposto no
terceiro capítulo deste estudo, ou seja, com a emancipação da mulher que agora
está inserida no mercado de trabalho, nas universidades e tem autonomia para gerir
a própria vida profissional, sexual e familiar. Por isso lhe é importante que seja
inteligente, tenha uma boa formação acadêmica e mantenha valores morais e éticos
definidos como caráter, honestidade, bom humor e saiba portar-se em público.
Quanto a isso, Almeida (2011) lembra que a partir do inicio do século XX as
portas do mercado de trabalho, da vida intelectual e artística começaram a se abrir
para as mulheres, alterando com o passar dos anos o papel social da mulher e sua
relação com os homens; nesse cenário urgia a necessidade da mulher provar seu
valor na luta pela igualdade de direitos, sendo imprescindíveis a coragem e a
ousadia, mas também essenciais características relacionadas ao caráter, ao
dinamismo e a inteligência, pois destas também dependia a mulher para manter a
autonomia que estava sendo conquistada.
Em segundo, quanto à necessidade de manter uma boa aparência, saber
vestir-se, maquiar-se e se arrumar de maneira adequada, não é possível definir com
precisão até onde tal necessidade relaciona-se a uma possível influência midiática,
ao desejo de cuidar-se e sentir-se bem ou ainda a necessidade de estar bela como
exigência da sociedade, que apesar de ter outorgado a mulher diversas liberdades já
citadas, ainda lhe impõe um padrão de beleza a ser seguido, como evidenciado
também no terceiro capítulo deste estudo. Dantas (2011, p. 906) discorre sobre essa
questão, afirmando que:
as imagens veiculadas são tão perfeitas que parecem não humanas; assim
essa procura por esse ideal leva o sujeito a insatisfação devido a
impossibilidade de se atingir tal padrão.
gostaria de ser mais alta, outra disse que frequentaria salão e academia para ter
maior auto-estima e 4 participantes declaram a intenção de emagrecer.
Por sua vez, entre as participantes com idades de 18 a 30 anos, 68
responderam se considerar bonitas, 7 disseram que não. Sobre mudar a aparência
física, 34 afirmaram que mudariam algo, 33 responderam que não e 11 não
responderam. As justificativas para mudar nesta faixa etária variaram mais,
aparecendo entre as mesmas as seguintes respostas: participantes declararam a
intenção de mudar os cabelos, perder olheiras, ser mais altas, fazer exercícios para
modelas as coxas, aumentar os seios e o bumbum, e 11 afirmaram que gostariam
de ser mais magras.
Primeiramente, aqui há um fato interessante a ser comentado. Entre as
participantes mais velhas do estudo, o desejo de mudança é bem maior
proporcionalmente do que entre as mais jovens, com estas ultimas houve
praticamente um empate de opiniões, sendo a vontade de mudar a própria
aparência maior por uma diferença de apenas um. Wolf (1992) discorre sobre as
mulheres com idade superior aos 30 anos, falando mais especificamente das que
possuem entre 40 a 60 anos, afirmando que esta idade é considerada socialmente
como o inicio do declino da vida feminina, pois principiam a aparecer as marcas do
tempo e o vigor do corpo não é mais o mesmo da juventude.
Porém, apesar dessa distinção, de forma geral o que se percebe é que as
declarações feitas pelas participantes relacionam-se ao anteriormente exposto tanto
na fundamentação teórica deste estudo quanto nas análises das respostas das duas
questões anteriores. Não se pode afirmaram categoricamente, contudo, até onde o
desejo por tais mudanças provém de uma vontade interior sincera ou de uma
influencia externa exercida pelos meios de comunicação e pelo padrão de beleza já
demonstrado anteriormente. Porém, mesmo tratando-se de uma questão pessoal, e,
portanto, subjetiva, é preciso levar em consideração as influencias externas,
especialmente provindas da mídia e do incentivo ao consumismo, que atuam sobre o
imaginário feminino na sociedade contemporânea, conforme Ferreira (2010, p.199)
“Os modos de perceber, sentir, modelar e cuidar do corpo são influenciados por esse
processo de produção de desejos e subjetivação produzidos pelo mercado”.
que sua aparência física. Em paralelo, percebe-se que a associação entre beleza e
sucesso profissional ainda é presente no imaginário de algumas mulheres, que
quando não afiram a corrente necessidade de ser bela, admitem que a beleza ajuda
sim a mulher a ser bem sucedida e em alguns cargos ela é fundamental.
Esse posicionamento da mulher, inferido através da negativa da maioria das
participantes que não acreditam na necessidade de beleza para o sucesso
profissional, reflete uma busca feminina pela igualdade de direitos, condições e
salários, pois conforme Costa; Andrósio (2010), a mulher conquistou um espaço
mais amplo no mercado de trabalho nas ultimas décadas, porém a questão da
desigualdade de gênero ainda não se extinguiu.
A mulher deseja ser reconhecida e tratada com igualdade, para isso investe
em fatores como sua formação acadêmica e prima pelos valores morais e éticos
como o caráter e a honestidade, deixando neste momento a beleza em segundo
plano, pois conforme salienta Almeida (2010, p.55), a mulher deseja agora na
contemporaneidade aquilo que foi lhe negado por séculos, ou seja, “As mulheres
querem ser donas da própria vida, no sentido da necessidade de ter o poder de
escolha [...] ser uma pessoa no amplo sentido, com todos os direitos e deveres, com
todos os prazeres e dores, com todas as certezas e angústias”.
Porém, não se pode ignorar que, embora em menor número, algumas
participantes declararam que percebem a necessidade da mulher ser bela para que
possua sucesso profissional. Isso evidencia o fato de que a beleza não perdeu sua
importância e ainda se constitui em um fator controlador do comportamento e do
imaginário feminino, afinal a constituição da identidade da mulher não depende
apenas dela mesma, mas do olhar do outro. Conforme Mattos (2014, p.75) “As
subjetividades exprimem e expressam os elementos constituintes do discurso, de
identidade e de pertença do sujeito, revelando as disputas em torno do poder. [...]
mas, a identidade depende de um outro”.
A análise mais minuciosa das respostadas dados pelas participantes em
conjunto com os autores citados, permite inferir que, embora a mulher goze hoje de
uma maior liberdade, ela ainda se encontra sob a influência e o controle de forças
sociais que se fazem presente de formas mais sutis, como a publicidade, os meios
midiáticos e a própria opinião do outro sobre ela. Como visto nos capítulos de
fundamentação teórica desse estudo, através dos conceitos expostos por vários
autores, à mulher sempre esteve sob diversos controles sociais que mudaram
47
conforme a época e o local, mas eram explícitos, ora era a Lei, como na Roma e
Grécia antiga, depois o controle religioso cristão na Idade Medieval, e hoje? Hoje
tais controles são mais sutis e menos perceptíveis, dando a mulher uma sensação
de liberdade e ocultando os mecanismos implícitos de controle social, exercidos,
entre outras instâncias, por uma ditadura de beleza.
e felicidade estão atreladas uma a outra e uma aparência mais social eleva a
autoestima de qualquer pessoa.
Primeiramente, é preciso destacar o fato de que todas as participantes com
idade superior a 30 anos não percebem uma necessidade de beleza para serem
felizes, enfatizando, no lugar do belo, outros fatores como determinantes da
felicidade. Da mesma forma, a maioria das participantes mais jovens também se
enquadram nesse grupo. Analisando de forma mais minuciosa as justificas por elas
apresentadas, pode-se constatar que as mesmas se remetem a valores morais,
éticos e sociais, que construíram e adquiram ao longo de suas vidas. Aranha;
Martins (2003) discorrem sobre os valores na pós-modernidade, segundo eles, a
moral possui um caráter pessoal, pois embora as pessoas se orientem pelos valores
recebidos de seus antepassados e perpetuados pela sociedade, a medida que o ser
humano cresce e se torna responsável por si mesmo na vida adulta, amplia-se a sua
consciência reflexiva e crítica a respeito da vida e dos fatos a ela relacionados,
fazendo com que o individuo coloque em questão os valores herdados, conservando
alguns e aderindo a outros.
Por sua vez, entre as participantes com idades de 18 a 30 anos de idade,
houve várias que afirmaram a existência de uma relação entre a beleza e a
felicidade. A existência desta relação no imaginário feminino não é surpreendente
mediante a todo o conteúdo exposto quanto a representação da mulher na
contemporaneidade e as circunstancias que a envolvem em uma sociedade
capitalista marcada pelo consumismo. Conforme Ferreira (2010, p.197)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Longe de elucidar uma temática tão ampla, essa pesquisa propiciou alçar
uma luz frente ao complexo universo em que emerge a mulher contemporânea e sua
relação com a beleza. A arte, como foi demonstrado no decorrer desta pesquisa,
muito pode contribuir para essa compreensão, propiciando uma leitura única da
mulher e sua posição perante a sociedade na qual se insere.
Ao longo dos milênios da história humana e artística a mulher foi
representada de diferentes maneiras, as quais uma análise mais minuciosa permite
perceber que tais representações não são elaboradas de maneira aleatória, mas sim
denotam conceitos sociais, políticos e religiosos os quais se ligam a mulher e sua (s)
função (s).
A beleza, termo comum em vários contextos contemporâneos, especialmente
no que se refere ao feminino, quando discutida com maior seriedade estendendo-se
além do senso comum, permite inferir muito mais que padrões estéticos e aparência
física. Mas, permite derrubar mitos e identificar mecanismos de controle que agem
sutilmente sobre a maneira de pensar, de agir e especialmente sobre os desejos
femininos.
Além das nuances próprias do universo artístico, a publicidade e as mídias
são um dos fatores mais proeminentes da chamada indústria da beleza,
50
REFERÊNCIAS
http://www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR460e84135cce8_1.pdf>. Acesso em 13 de
outubro de 2015.
ANEXO
1: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
Idade: _______Formação:_____________________________________________
01. Para você o que é a beleza? Em sua opinião quais características uma mulher
deve ter para ser bela?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
02. Para você, qual o padrão de beleza feminina atual? Você acha que os meios de
comunicação midiáticos influenciam esse padrão? De que forma?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
03. Você se considera uma mulher bonita? Mudaria algo em sua aparência?
Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
04. Em sua opinião para uma mulher ser bem sucedida profissionalmente é
necessário que ela seja bonita? Justifique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
05. Para você é necessário beleza para ser feliz? Justifique.
56
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________