Relações entre Brasil e China

relações diplomáticas bilaterais entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China

As relações entre o Brasil e a China são relações diplomáticas estabelecidas hoje, entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China. As relações entre os dois estados começaram no início do século XIX e continuaram até ao ano de 1949, quando foram interrompidas pela criação da República Popular da China. Em 1974, 25 anos depois das últimas relações, no governo do general Ernesto Geisel da ditadura militar no Brasil, houve um acordo sobre a criação e funcionamento de uma embaixada do Brasil na cidade de Pequim, China e de uma embaixada chinesa na capital federal, Brasília, e as relações entre os países foram normalizadas e reafirmadas. Desde então, os laços bilaterais vem promovendo um desenvolvimento, principalmente em base dos princípios de não-interferência, igualdade e benefício mútuo. O principal fundamento da relação diplomática vem do cunho econômico, caracterizando-se pelo comércio entre as duas nações, e principalmente pela aliança econômica do BRICS+ do qual o Brasil e a China fazem parte.

Relações entre Brasil e China
Bandeira do Brasil   Bandeira da China
Mapa indicando localização do Brasil e da China.
Mapa indicando localização do Brasil e da China.
  Brasil
  China

A relação econômica e política entre as duas nações cresceu ainda mais com a visita de Luiz Inácio Lula da Silva à China, que incluiu 450 representantes de empresas brasileiras. O ex- ministro das Relações Exteriores e da Defesa do Brasil, Celso Amorim observou que a relação poderia ser uma "reconfiguração da geografia comercial e diplomática no mundo".

Em 2009, os chineses ultrapassaram os Estados Unidos da América, e tornaram se o maior parceiro comercial do Brasil.

Em março de 2023, foi anunciado que a República Federativa do Brasil e a República Popular da China iriam exportar e importar sem a utilização do dólar americano como moeda comercial. Esse acordo foi estabelecido pelo Banco Central do Brasil em cooperação ao governo chinês, para que as transações fossem feitas em moeda local e convertidas ao dinheiro da nação destinatária de forma "simplificada". O novo acordo promete a facilitação de trocas comerciais e custos mais baixos, mantendo reservas cambiais em moeda forte ao país e principalmente a redução da influência e dependência da moeda norte-americana[1]. No entanto, apesar dos esforços comerciais, a partir do ano de 2023 o Brasil vem passando por uma taxação e impostos sobre a importação de produtos, sendo 60% acima do valor do produto, em sua maior parte eletrodomésticos e outros[2].

Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping no dia 14 de abril de 2023.

Missões diplomáticas residentes

editar

O Brasil possui uma embaixada na cidade de Pequim, como principal base diplomática brasileira na China. Há também consulados-gerais para auxílio diplomático nas principais cidades chinesas, como Guangzhou, Hong Kong, Xangai e Cantão[3].

A China como acordo, possui sua embaixada localizada na capital do Brasil, Brasília e consulados-gerais nas cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo[4][5][6].

Brasil
Embaixador: Marcos Bezerra Abbott Galvão (2024)
China
Embaixador: Zhu Qingqiao (2024)

História

editar
 
Encontro diplomático entre o presidente Lula e o presidente chinês Hu Jintao.
 
O presidente chinês Xi Jinping, com o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro em Pequim, outubro de 2019.

O primeiro contato envolvendo Brasil e China ocorreu em 1812, quando a rainha Maria I de Portugal, então no Brasil, importou trabalhadores chineses para trabalhar em uma plantação de chá perto do Rio de Janeiro. Em 1900, uma nova onda de imigrantes da China estabeleceram-se em São Paulo.[9]

As relações formais terminaram com a Revolução Chinesa de 1949 e foram restabelecidas em 1974.[9] No século XXI empresários brasileiros têm sido um pouco frustrado com o que o Financial Times descreveu como um "ritmo lento" do desenvolvimento de alguns aspectos do relacionamento entre os dois países. Por exemplo, o Brasil reconheceu oficialmente a China como uma economia de mercado em 2004, mas em 2009 as alterações correspondentes em acordos comerciais não haviam sido implementadas. No entanto tinha sido alcançado um acordo sobre uma ampla gama de questões e uma excelente relação pessoal tinha sido estabelecida entre os dois presidentes da nação. Em 2010, a Segunda reunião de cúpula do BRIC foi realizada no Brasil, com propostas apresentadas aumentar a cooperação entre Brasil e China sobre questões políticas e relacionadas com o comércio, bem como energia, mineração, serviços financeiros e agricultura.[10] [11]

O presidente chinês, Hu Jintao, disse em seu discurso ao Congresso Nacional em 12 de novembro de 2004, que "América Latina e China têm experiências semelhantes na obtenção de libertação nacional, defesa da independência nacional e na construção do país". Portanto, "ambos os lados têm os mesmos sentimentos e linguagens". Ele disse que "espera que as relações sino-latino-americanas apoiem ambos os lados nos domínios político, reforcem a complementaridade econômica e realizem uma aproximação cultural".[12]

Cooperação

editar
 
Reunião de líderes dos BRICS durante a 9ª reunião de cúpula do G20, realizada em Brisbane, Austrália, em 2014.

A China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil em 2009.[10][13] O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e muitos na mídia brasileira consideram a China como um dos "parceiros de negócios comerciais mais promissores do Brasil e um aliado estratégico", devido "a demanda rapidamente crescente por matérias-primas e produtos agrícolas".[14] O comércio bilateral cresceu de 6,7 bilhões de dólares em 2003 para 36,7 bilhões de dólares em 2009.[15]

China e Brasil cooperam economicamente em vários projetos, como o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, preparado desde 1988 e que em 1999 e 2002 construiu com sucesso dois satélites que fornecerão informações importantes sobre recursos naturais. Além disso, a empresa International Satellite Communications Company (INSCOM) foi criada como uma joint venture.[16]

Outro projeto no âmbito do Satélite de Recursos Terrestres é a construção do Porto do Açu, perto do Rio de Janeiro, Vitória e Campos dos Goytacazes, que pode lidar com navios Chinamax para importação e exportação de matérias-primas.[17] Outro grande importante investimento em infraestrutura é a construção de um gasoduto continental, estradas e trens de alta velocidade.[18]

O investimento chinês no Brasil tem abordagens estratégicas para consolidar o papel da China na economia brasileira, isso cria alavancagem econômica, amplia a zona de influência de empresas chinesas no Brasil e aumenta a interdependência. Os investimentos chineses no Brasil estão concentrados principalmente nos setores de energia, mineração, siderurgia e petróleo.[19]

Em 2010, apesar da relação geralmente amigável e próxima, o Brasil foi um dos poucos países emergentes a criticar publicamente a política da China em relação à chamada "guerra cambial". O Brasil tem pedido para a China permitir uma valorização mais rápida de sua moeda, o que ajudaria a outros países a competir melhor contra as exportações chinesas. O Brasil também criticou a política dos Estados Unidos, dizendo que tanto a China quanto os estadunidenses devem procurar evitar a escalada de tensão econômica sobre o comércio e as moedas.[20][21]

Ver também

editar

Bibliografia

editar

Referências

  1. «Brasil e China fecham acordo para realizar operações comerciais em moeda local – Jovem Pan». Brasil e China fecham acordo para realizar operações comerciais em moeda local – Jovem Pan. 29 de março de 2023. Consultado em 1 de março de 2024 
  2. «Compra até US$ 50 terá imposto de importação, diz Alckmin - 29/11/2023 - Mercado - Folha». www1-folha-uol-com-br.cdn.ampproject.org. Consultado em 2 de março de 2024 
  3. «De outros países no Brasil». Ministério das Relações Exteriores. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  4. «Consulado-Geral da República Popular da China em Recife». recife.china-consulate.gov.cn. Consultado em 3 de março de 2024 
  5. «Embaixada da República Popular da China no Brasíl». br.china-embassy.gov.cn. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  6. Povo, Hora do (12 de novembro de 2022). «Cônsul da China em Recife debate com integrantes do PCdoB-PE informe de Xi ao 20º Congresso do PCCh». Hora do Povo. Consultado em 16 de janeiro de 2023 
  7. https://www.gov.br/mre/pt-br/assuntos/portal-consular/reparticoes-consulares-do-brasil/regiao/china/china
  8. http://br.china-embassy.gov.cn/por/
  9. a b Some Recent Features of Brazil-China Economic Relations Arquivado em 30 de novembro de 2010, no Wayback Machine. CEBC.org, April 2009
  10. a b Jonathan Wheatley (19 de maio de 2009). «Brazil and China cement ties». The Financial Times. Consultado em 24 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2015 
  11. By Jonathan Wheatley in Brasília and Jamil Anderlini,in Beijing (16 de abril de 2010). «China and Brazil to boost co-operation». The Financial Times. Consultado em 24 de janeiro de 2011 
  12. Shixue, Jiang (Inverno de 2007). «On the Development of Sino-Latin American Relations». China International Studies 
  13. Malcolm Moore, China overtakes the US as Brazil's largest trading partner, The Telegraph, 9 de maio de 2009
  14. Economic Relations between Brazil and China: A Difficult Partnership Friedrich Ebert Foundation, Janeiro de 2006
  15. In Brazil, Hu Jintao aims for bigger piece of Latin America trade Christian Science Monitor, 15 de abril de 2010
  16. Sauzen (Junho de 2001). «The China-Brazil Earth Resources Satellite (CBERS)». ISPRS Society. 6 (2) 
  17. Phillips, Tom (15 de setembro de 2010). «Brazil's huge new port highlights China's drive into South America». The Guardian. London 
  18. Shixue, Jiang. «Meeting the Dragon's Appetite: The Importance of Latin America in China's Energy Strategy». Consultado em 4 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 12 de março de 2012 
  19. Dominguéz (Junho de 2010). «China's Relations With Latin America: Shared Gains, Asymmetric Hopes». Inter-American Dialogue 
  20. Geoff Dyer (10 de abril de 2010). «Brazil and India join renminbi call». The Financial Times. Consultado em 24 de janeiro de 2011 [ligação inativa]
  21. Jonathan Wheatley and Joe Leahy in São Paulo (9 de janeiro de 2011). «Trade war looming, warns Brazil». The Financial Times. Consultado em 14 de janeiro de 2011 

Ligações externas

editar


  Este artigo sobre relações internacionais, diplomacia ou sobre um diplomata é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.