Hórreos de Galba
Hórreos de Galba (em latim: Horrea Galbae), também chamados como Hórreos Galbanos (em latim: Horrea Galbana) ou Galbianos (em latim: Horrea Galbiana), foram armazéns (hórreos) da porção sul da antiga Roma, localizados entre o final sul do Aventino e o despejo oeste do Monte Testácio, no distrito conhecido como Terras Galbanas (em latim: Praedia Galbana).[1] Cobriu uma área substancial, possivelmente estendendo-se tão longe quanto a Porta Ostiense no leste e o Pórtico Emília nas margens do Tibre. Os hórreos foram provavelmente construídos no sítio duma vila suburbana pertencente aos Sulpícios Galbas, uma distinta família nobre da qual o imperador romano do século I Galba (r. 68–69) era um membro.[2] Provavelmente pode ser identificado com os Hórreos dos Césares (em latim: Horrea Caesaris) citados duas vezes nas fontes escritas.[3]
Hórreos de Galba | |
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Informações gerais | |
Tipo | Hórreo |
Construção | século I a.C. (?) |
Promotor(a) | Sulpícios Galbas |
Geografia | |
País | Itália |
Cidade | Roma |
Localização | Região XIII - Aventino |
Coordenadas | 41° 52′ 46″ N, 12° 28′ 31″ L |
Hórreos de Galba | |
Localização em mapa dinâmico |
História e função
editarA tumba de Sérvio Sulpício Galba (provavelmente o cônsul de 108 a.C., ao invés de seu pai melhor conhecido de mesmo nome) localizava-se em frente ao complexo de armazéns. Não é claro quando os hórreos foram fundados, mas provavelmente foi em algum momento após a construção da tumba. O complexo era provavelmente originalmente conhecido como Hórreos Sulpícios, em honra ao nome da gente Sulpícia, tendo adquirido seu nome posterior durante o reinado de Galba.[2] No início do principado, tornaram-se propriedade imperial e passaram a fornecer espaço para estocagem da anona pública (o suprimento público de grãos). Seus funcionários foram administrativamente divididos em coortes e sodalícios e Sob Galba, foram restaurados e ampliados. Mais adiante, aparentemente a construção deles foi atribuída ao imperador.[1]
Além da anona pública, os Hórreos de Galba eram utilizados para armazenagem de azeite, vinho, víveres, roupas e mesmo mármore.[2] Pensa-se que o Monte Testácio, o gigante morro de ânforas quebradas que localiza-se atrás dos Hórreos de Galba, esteve associado com o complexo. Azeite importado da longínqua Bética foi esvaziado em contêineres, provavelmente nos hórreos, e os vasilhames originais foram quebrados e despejados no Monte Testácio. A escala dos importados é analisada pelo fato do Monte Testácio conter os restos de ao menos 53 milhões de ânforas de óleo nas quais cerca de 6 bilhões de litros (1.58 bilhão de galões) de óleo foram importados.[4]
Características
editarOs hórreos de Galba foram descritos no Plano de Mármore. As primeiras escavações no sítio dos hórreos foram realizadas no século XVI, e desde 1880 o distrito todo recebeu vias novas, causando o encobrimento de grandes porções dos muros e fundações. Antes de 1911, a principal parte escavada foi um retângulo de cada lado da atual Via Bodoni, com cerca de 200 metros de comprimento e 155 de largura. Provavelmente construído em opus reticulatum, o recinto foi cercado por um muro e dividido simetricamente em seções separadas por três quadras dispostas em paralelo. As quadras eram cercada por colunatas em travertinos, através das quais abriam-se as câmaras dos armazéns, ou arcadas de tabernas, com uma única entrada posicionada sobre um eixo numa extremidade curta.[1][2]
Em escavações posteriores em vários locais diferentes, descobriu-se que o sítio era muito maior do que se supunha, estendendo-se para noroeste além da moderna Via Giovanni Branca e tão longe quanto o rio Tibre no sudoeste.[2] Muros e alvenaria, datados provavelmente do século I, foram descobertos pelos arqueológicos junto com grandes canos de chumbo portando inscrições do reinado de Adriano (r. 117–138) e tesouros de moedas datáveis entre 149-268. Em escavações ainda mais recentes, detectou-se resquícios dos hórreos logo acima da moderna Ponte Aventino.[1] O tamanho dos Hórreos de Galba foi enorme, mesmo para os padrões modernos; continham 140 salas apenas no térreo, cobrindo uma área de cerca de 21,000 m².[5]
Referências
- ↑ a b c d «Horrea Galbae» (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2015
- ↑ a b c d e Richardson 1992, p. 192.
- ↑ «Horrea» (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2015
- ↑ Ward-Perkins 2005, p. 91-92.
- ↑ Potter 1999, p. 180.
Bibliografia
editar- Potter, David Stone; D. J. Mattingly (1999). Life and Entertainment in the Roman Empire. [S.l.]: University of Michigan Press. ISBN 0-472-08568-9
- Richardson, Lawrence (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. [S.l.]: JHU Press. ISBN 0-8018-4300-6
- Ward-Perkins, Bryan (2005). The Fall of Rome: And the End of Civilization. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0-19-280728-5