Citomegalovírus

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Citomegalovírus são herpesvírus com alta especificidade com relação ao hospedeiro e que pode causar infecção em humanos, em macacos[2] e em roedores,[3] levando à aparição de células grandes, que apresentam inclusões intranucleares. No caso específico do ser humano, produz a doença de inclusão citomegálica. Tem sido encontrado em indivíduos com tumores benignos ou malignos,[4] e em portadores de HIV.[5]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCitomegalovírus
Inclusão intranuclear típica de "olho de coruja" indicando infecção por CMV de um pneumócito pulmonar.[1]
Inclusão intranuclear típica de "olho de coruja" indicando infecção por CMV de um pneumócito pulmonar.[1]
Classificação científica
Grupo: Grupo I (dsDNA)
Família: Herpesviridae
Espécies
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O CMV é encontrado em todas as regiões geográficas e grupos socio-econômicos. É uma das mais comuns doenças transmitidas verticalmente, com seroprevalência variando de 45% a 100%.[6] Cerca de 50% a 80% dos adultos nos Estados Unidos são infectados pelo vírus.[7]

A seroprevalência é dependente da idade: 58,9% dos indivíduos com 6 anos ou mais são infectados, enquanto 90,8% dos indivíduos com 80 anos ou mais são infectados.[8] O CMV também é o vírus mais frequentemente transmitido de uma gestante para o feto em desenvolvimento.[9]

No Brasil, estudos de seroprevalência na população entre 15 e 45 anos de idade revelaram 81% de positividade na cidade do Rio de Janeiro e aproximadamente 90% na cidade de São Paulo e no estado de Santa Catarina.[10]

A infecção por CMV é maior em países em desenvolvimento e em comunidades com status socioeconômico menor e representa a causa viral mais significante de defeitos de nascimento em países industrializados.[11] Em média, mundialmente, a infecção tende a ser 20%—30% mais frequente em não-brancos, e mais comum em mulheres.[9]

Designação da espécie

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O Citomegalovirus (CMV) é um vírus DNA de fita dupla, membro da família Herpesviridae e possui o maior genoma nessa família. O CMV cresce em células humanas, replicando-se melhor em fibroblastos.

O CMV geralmente provoca uma infecção assintomática, mas permanece latente durante a vida e pode reativar. A infecção primaria ocorre em indivíduos soronegativo para CMV que na grande maioria pode evoluir para complicações mais graves, já a infecção secundária ocorre em casos de reativação da infecção latente, reinfecção ou em uma pessoa sorologicamente positiva para CMV.

Em imunocompetentes, a doença sintomática geralmente se manifesta com síndrome da mononucleose. Manifestações clínicas importantes da doença por CMV (reativação de infecção latente ou primo-infecção) frequentemente se desenvolvem em pacientes imunocomprometidos, como indivíduos com recente transplante, portadores de HIV, pacientes com corticoterapia em altas doses, Lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide ou psoríase.

O CMV pode afetar qualquer órgão do corpo em imunossuprimidos, resultando em febre de origem desconhecida, pneumonia, hepatite, encefalite, mielite, colite, uveíte, retinite e neuropatia. Os pacientes de maior risco para contrair a infecção são indivíduos que trabalham com crianças, pacientes submetidos a transfusão sanguínea ou contato direto com fluidos corporais de uma pessoa contaminada.

O CMV é transmitido de pessoa a pessoa por contato com fluidos corporais de indivíduos soropostivo para o vírus. Pode ser transmitido pela placenta, transfusão sanguínea, transplante de órgãos, relação sexual e amamentamento materno.

A técnica de PCR apresenta elevada sensibilidade e especificidade, sendo indicada nos casos de alterações neurológicas, diagnóstico pré-natal, infecção do recém-nascido, após transplante e em indivíduos portadores do HIV.

Espécies

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Nome Abv. Hospedeiro
Cercopithecine herpesvirus 5 (CeHV-5) Chlorocebus sp.
Cercopithecine herpesvirus 8 (CeHV-8) Macaco-reso
Human herpesvirus 5 (HHV-5) Humanos
Pongine herpesvirus 4 (PoHV-4) ?
Aotine herpesvirus 1 (AoHV-1) (Tentative species)
Aotine herpesvirus 3 (AoHV-3) (Tentative species)


Transmissão e prevenção

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A transmissão do CMV ocorre de pessoa para pessoa através de fluidos corporais. A infecção requer contato íntimo com a pessoa que excreta o vírus através de sua saliva, urina ou outros fluidos corporais. O CMV pode ser sexualmente transmitido e também pode ser transmitido através do leite materno, transplante de órgão e raramente através de transfusão sanguínea.

Embora o CMV não seja altamente contagioso, tem se demonstrado que ele se espalha em residências e entre crianças em escolas. A transmissão do vírus é frequentemente prevenível porque ele é mais frequentemente transmitido através do nariz ou boca para uma pessoa susceptível.

A simples lavagem de mãos com água e sabão é efetiva em remover o vírus das mãos.

A infecção do CMV sem sintomas é comum em crianças e, como resultado, não é necessário retirar uma criança infectada de uma escola ou instituição. Da mesma maneira, os pacientes hospitalizados com o vírus não precisam ser separados ou isolados.

Ver também

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Referências

  1. Mattes FM, McLaughlin JE, Emery VC, Clark DA, Griffiths PD (Agosto 2000). «Histopathological detection of owl's eye inclusions is still specific for cytomegalovirus in the era of human herpesviruses 6 and 7». Journal of Clinical Pathology. 53 (8): 612–4. PMC 1762915 . PMID 11002765. doi:10.1136/jcp.53.8.612 
  2. Bhanoo, Sindya N. (19 de outubro de 2015). «Serious Human In Utero Infection Is Found in Rhesus Monkeys». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  3. van der Strate, B. W. A.; Hillebrands, J. L.; Lycklama à Nijeholt, S. S.; Beljaars, L.; Bruggeman, C. A.; van Luyn, M. J. A.; Rozing, J.; The, T. H.; Meijer, D. K. F. (15 de outubro de 2003). «Dissemination of Rat Cytomegalovirus through Infected Granulocytes and Monocytes In Vitro and In Vivo». Journal of Virology (20): 11274–11278. PMC 224975 . PMID 14512575. doi:10.1128/jvi.77.20.11274-11278.2003. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  4. García-Bustos, Víctor; Salavert, Miguel; Blanes, Rosa; Cabañero, Dafne; Blanes, Marino (24 de outubro de 2022). «Current management of CMV infection in cancer patients (solid tumors). Epidemiology and therapeutic strategies». Revista Española de Quimioterapia (Suppl3): 74–79. ISSN 0214-3429. doi:10.37201/req/s03.16.2022. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  5. Zhao, Min; Zhuo, Chuanshang; Li, Qinguang; Liu, Lijuan (setembro de 2020). «Cytomegalovirus (CMV) infection in HIV/AIDS patients and diagnostic values of CMV-DNA detection across different sample types». Annals of Palliative Medicine (5): 2710–2715. doi:10.21037/apm-20-1352. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  6. Cannon, Michael J.; Schmid, D. Scott; Hyde, Terri B. (julho de 2010). «Review of cytomegalovirus seroprevalence and demographic characteristics associated with infection: CMV seroprevalence». Reviews in Medical Virology (em inglês) (4): 202–213. doi:10.1002/rmv.655. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  7. Fowler, Karen; Mucha, Jacek; Neumann, Monika; Lewandowski, Witold; Kaczanowska, Magdalena; Grys, Maciej; Schmidt, Elvira; Natenshon, Andrew; Talarico, Carla (1 de setembro de 2022). «A systematic literature review of the global seroprevalence of cytomegalovirus: possible implications for treatment, screening, and vaccine development». BMC Public Health (1). 1659 páginas. ISSN 1471-2458. PMC 9435408 . PMID 36050659. doi:10.1186/s12889-022-13971-7. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  8. Staras, S. A. S.; Dollard, S. C.; Radford, K. W.; Flanders, W. D.; Pass, R. F.; Cannon, M. J. (1 de novembro de 2006). «Seroprevalence of Cytomegalovirus Infection in the United States, 1988-1994». Clinical Infectious Diseases (em inglês) (9): 1143–1151. ISSN 1058-4838. doi:10.1086/508173. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  9. a b Balegamire, Safari Joseph; McClymont, Elisabeth; Croteau, Agathe; Dodin, Philippe; Gantt, Soren; Besharati, Amir Abbas; Renaud, Christian; Mâsse, Benoît; Boucoiran, Isabelle (27 de junho de 2022). «Prevalence, incidence, and risk factors associated with cytomegalovirus infection in healthcare and childcare worker: a systematic review and meta-analysis». Systematic Reviews (1). 131 páginas. ISSN 2046-4053. PMC 9235282 . PMID 35754052. doi:10.1186/s13643-022-02004-4. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  10. Mendrone Junior, Alfredo (fevereiro de 2010). «Prevalência da infecção pelo citomegalovírus: a importância de estudos locais». Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia: 7–8. ISSN 1516-8484. doi:10.1590/S1516-84842010000100004. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  11. Lobato-Silva, Dorotéa de Fátima (dezembro de 2016). «Citomegalovírus: epidemiologia baseada em dados de soroprevalência». Revista Pan-Amazônica de Saúde (ESP): 213–219. ISSN 2176-6223. doi:10.5123/s2176-62232016000500024. Consultado em 12 de setembro de 2023 

Ligações externas

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