“Festival” é o nome da obra de Michelangelo Antonioni que ilustra a arte da 47a Mostra. As cores e formas do mestre italiano abrem o caminho para as diversas histórias apresentadas em 362 filmes de 96 países.
Além da apresentação dos títulos da sua retrospectiva, Antonioni será celebrado na leitura do seu roteiro “Tecnicamente Doce”, projeto que um dia se tornará um filme ítalo-brasileiro, mas que o público da Mostra terá o privilégio de ver embrionário. A diretora e produtora Enrica Fico Antonioni virá a São Paulo para acompanhar a retrospectiva e conversar com o público sobre esse projeto e toda a obra de Antonioni.
A atualidade do poeta da incomunicabilidade e da alienação, como muitos chamam Antonioni, não surpreende na era da ultra conectividade.
Mas ao contrário da rapidez das redes sociais, o cinema nos dá o tempo da reflexão, transforma números em pessoas e nos mostra que habitantes de um determinado lugar não são os seus péssimos líderes ou ditadores.
“Underground: Mentiras de Guerra” (1995), um filme emblemático sobre o absurdo da guerra, será apresentado pelo próprio Emir Kusturica, que volta a São Paulo para participar do Júri da Mostra e ser homenageado com o Prêmio Leon Cakoff.
Dando continuidade à valorização da história do cinema, a Mostra também apresenta as cópias restauradas dos filmes “Amor Louco” (1969), de Jacques Rivette, “Vale Abraão” (1993), de Manoel de Oliveira, “O Retorno à Razão” (1923), de Man Ray, “Corisco e Dadá” (1996), de Rosemberg Cariry, “O Sangue” (1989), de Pedro Costa, e “Carandiru” (2003), de Hector Babenco. E da nossa Cinemateca Brasileira, apresentaremos os restauros da Coleção de Nitratos e os filmes de Lévi-Strauss feitos no Brasil.
Lenny Abrahamson, que integra o Júri com Kusturica, apresentará três trabalhos na Mostra: “Adam e Paul”, “Garage” e “O que Richard Fez”. Com eles, o Júri se completa lindamente com Bárbara Paz, Enrica Fico Antonioni, Mariëtte Rissenbeek e Welket Bungué.
Júlio Bressane apresentará seus dois últimos filmes e será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. Dois documentaristas recebem o Prêmio Humanidade: Errol Morris, que terá seu filme “O Túnel de Pombos” na programação da Mostra, e Sylvain George, que virá a São Paulo para receber o prêmio e apresentar a sua retrospectiva.
Como todos os anos, a Mostra apresenta títulos esperados de diretores reconhecidos como Aki Kaurismäki, Bertrand Bonello, Wim Wenders, Hong Sang-soo, Víctor Erice, Nuri Bilge Ceylan e Ryusuke Hamaguchi, além de trabalhos de muitos outros mestres. Filmes apresentados e premiados no circuito de festivais como “Anatomia de uma Queda”, de Justine Triet, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, e “No Adamant”, de Nicolas Philibert, ganhador do Urso de Ouro em Berlim. Mas também muitas descobertas que surpreenderão o nosso público com novos olhares.
Pelo terceiro ano consecutivo, realizamos o Encontro de Ideias Audiovisuais, que inclui o VII Fórum Mostra, o VII Da Palavra à Imagem e o II Mercado. Tornando a Mostra não só um lugar para ver cinema, mas também para refletir e discutir o audiovisual e a indústria criativa.
Pela primeira vez, a Mostra leva parte da seleção desta edição ao Norte do Brasil, em uma parceria com o Centro Cultural Casarão de Ideias (CCCI), em Manaus. E com o Sesc, continuamos com a nossa tradicional itinerância por dez cidades do estado.
Além dos nossos tradicionais prêmios, teremos dois novos oferecidos por parceiros para o cinema brasileiro apresentado na Mostra: O Prêmio Paradiso, de apoio à distribuição em salas de cinema e o Prêmio Netflix, de aquisição mundial para a plataforma.
Tudo isso graças aos nossos parceiros e à equipe da Mostra, que se dedica a colorir essa gota que cai no oceano. Esperamos que ela possa colorir tempos difíceis e tornar a nossa comunicação mais rica.
Uma boa Mostra a todos!
Renata de Almeida