A atriz Maria Fernanda Cândido estreia nos cinemas o filme "A Paixão Segundo G.H.", adaptação para as telas do livro homônimo de Clarice Lispector, dirigido por Luiz Fernando Carvalho.
A ideia de colocar a obra da escritora em salas de exibição instigava Carvalho ao menos desde 2008, mas o projeto só foi sair do papel cerca de 10 anos depois.
"Em 2017 o Luiz me telefonou e disse: ‘chegou a hora, nós vamos filmar G.H’. Era uma coisa que eu achei que não iria mais acontecer. Ele tinha me convidado em 2008, mas achei que não iria fazer o filme", relembra Cândido.
Outros originais de Lispector já ganharam adaptações para o cinema, mas "A Paixão Segunda G.H." sempre teve fama de ser uma obra "infilmável". A pecha, no entanto, é rechaçada pela atriz. "A literatura também é um suporte audiovisual. Talvez não exista um livro infilmável e eu acho que, depois de G.H., eu diria que não, realmente não existe", analisa.
Prestes a completar 50 anos, Maria Fernanda Cândido conversou com a Folha sobre o processo de produção do filme e refletiu sobre a nova fase de sua vida e carreira. "A vida toda eu construí personagens e neste filme a gente têm a desconstrução de uma personalidade".
"Você não tem suas muletas habituais de apoio. A Clarice fala disso no início do livro: ‘ela perdeu uma terceira perna, que fazia dela um tripé estável, porém, que a impedia de andar.’"
De acordo com Cândido, a escritora ucraniana que se tornou ícone da literatura brasileira influenciou sua trajetória a partir de leituras como "A Descoberta do Mundo", que reúne crônicas publicadas na coluna semanal de Lispector no Jornal do Brasil, e o próprio "A Paixão Segundo G.H.".
"Foi um livro que mexeu muito comigo, que me desorganizou, literalmente", relembra, sobre a obra que agora ganha versão para o cinema e da qual é protagonista.
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