No fim de janeiro de 2020, um cidadão de Hong Kong de 80 anos embarcou, resfriado, em um cruzeiro em Tóquio, em uma curta viagem de cinco dias de volta à ilha na China. Em 1º de fevereiro, ele foi diagnosticado com Covid-19.
Na sequência, o cruzeiro, que havia seguido viagem pelo Pacífico, começou a confirmar uma série de casos da doença, que ainda era em larga medida desconhecida no mundo, e os passageiros foram proibidos de desembarcar, ficando confinados no navio infectado. Em março, 712 pessoas das 3.711 pessoas a bordo já haviam sido contaminadas e mais de uma dezena morreu.
O enredo de terror que envolveu o Diamond Princess no começo da pandemia impactou fortemente o turismo de cruzeiros, que, de cara, foram suspensos no mundo todo.
Agora, em outro momento da pandemia, com vacinas disponíveis em larga escala, testes mais acessíveis e uma compreensão muito maior sobre como se dá a infecção, empresas têm aplicado protocolos e tentado convencer os passageiros de que é seguro voltar a bordo e retomar este, que foi um dos setores mais afetados pela crise.
Dados da Clia (Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros) apontam que, só entre março e setembro de 2020, período de restrições mais severas pelo mundo para conter a pandemia, a suspensão das operações de cruzeiros representou um impacto de US$ 77 bilhões, com perda de 518 mil empregos e US$ 23 bilhões a menos em salários pagos.
No começo do mês, a Folha embarcou em um cruzeiro curto, de duas noites, da Royal Caribbean, que reuniu jornalistas e convidados na inauguração de um dos principais navios da companhia, o Odyssey of the Seas, de Miami à ilha CocoCay, nas Bahamas.
O navio em si tem protocolos mais rígidos do que a própria cidade de Miami, onde o uso de máscaras foi praticamente abolido, inclusive em espaços fechados —mesmo no processo de imigração para entrar em território americano, agentes federais que receberam a reportagem não usavam a proteção, bem como outros funcionários do aeroporto. Estado conservador, a Flórida chegou a baixar ordens que impediam que empresas exigissem que os fregueses mostrassem prova de vacinação e que as escolas requeressem o uso de máscaras.
Já para embarcar no porto em Fort Lauderdale é obrigatório ter tomado duas doses da vacina contra a Covid-19 há pelo menos 14 dias, bem como apresentar um exame do tipo PCR negativo feito até 48 horas antes, exigência do CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA).
Este é um ponto a que turistas que viajam à Flórida exclusivamente para ir ao cruzeiro devem ficar atentos, já que o exame obrigatório para entrar nos Estados Unidos tem uma janela maior e pode ser feito até 72 horas antes do voo.
A depender, então, da data do exame inicial e da saída do navio, é preciso fazer um novo teste em solo americano —que é feito de forma gratuita em drive-thrus de farmácias como na rede Walgreens, com resultados que podem demorar até 24 horas para sair.
Se o voo chega muito próximo do horário de saída do navio, é possível fazer um teste no terminal de embarque do cruzeiro, segundo a empresa, mas ao custo de US$ 90 (R$ 500).
O exame é exigido porque o CDC ainda classifica viagens de cruzeiros como atividades de risco. O órgão desencoraja a viagem de pessoas com doenças graves e recomenda que os passageiros façam um teste de três a cinco dias depois de desembarcar, independentemente do status de vacinação.
Quem não estiver vacinado deve fazer uma quarentena de sete dias após sair da embarcação mesmo que o exame apresente um resultado negativo, orienta o CDC.
Embora os passageiros do Odyssey of the Seas tenham recebido informes dizendo que o uso de máscara seria obrigatório nas partes internas do navio, com exceção dos locais onde se servia comida e bebida, assim que o embarque foi feito, funcionários da Royal disseram que o uso era opcional.
A empresa diz que isso tem a ver com o nível de vacinação dos passageiros, que foi de 99% na viagem feita pela Folha. Em trajetos com nível de vacinação menor —o que se dá pela presença de crianças, cuja vacinação não é obrigatória—, as máscaras são mandatórias. Todos os funcionários do navio, porém, usavam máscaras a todo momento.
Mesmo testados e vacinados, alguns casos de Covid-19 acontecem, já que há aglomerações nas festas e bares a bordo e a ciência já mostrou que as vacinas reduzem as chances mas não impedem a infecção.
A Royal diz que o máximo de infectados que já registraram em uma embarcação foi de quatro pessoas —em um universo, no Odyssey of the Seas, de capacidade máxima para 7.048 pessoas, contando passageiros e tripulantes.
Quando um caso é detectado, diz o CEO da companhia, Michael Bayley, o doente é mandado para casa no mesmo dia em um jato particular da empresa.
A bordo, a garantia de que todos estão vacinados e testados ajuda o turista mais cuidadoso a relaxar um pouco e aproveitar algumas das atrações do navio, que vão desde os tradicionais spa, piscinas e cassinos, até parede de escalada, simuladores de paraquedas e surfe, zona de realidade virtual e carrinhos de bate-bate.
Sem falar nos restaurantes e bares que oferecem de comidas sofisticadas a pedaços de pizza para momentos de desespero na madrugada.
Entre as excentricidades, no Bionic Bar um robô prepara um drink que o turista escolhe em um totem —vale mais pela curiosidade que pelo resultado final, e prova que, se há uma categoria que não pode ser substituída pelas máquinas, ela é a dos bartenders.
Na Silent Party, quem chega desavisado encontra uma pequena multidão conversando aos gritos e dançando num aparente silêncio, ao som da música que o DJ toca diretamente no fone de ouvido do baladeiro.
Se o turista não abusar das tequilas no silêncio da balada, vale a pena colocar o despertador para ver o sol nascer no mar das varandas das cabines.
No segundo dia, os passageiros acordam na ilha de CocoCay, nas Bahamas, após uma curta viagem para percorrer os 200 quilômetros que a separam de Miami.
A ilha, privativa, é uma extensão do navio, com bares, restaurantes e um parque aquático. Mas há espaço também para os que procuram mais sossego para curtir o mar do Caribe, com cadeiras e esteiras para deitar na areia longe da muvuca.
Tanto na ilha quanto no navio, há estações de álcool espalhadas por todos os lugares, e funcionários pedem que os passageiros lavem as mãos antes de entrar em alguns dos restaurantes.
A medida pode ajudar na higiene em si, mas soa anacrônica para a Covid-19 quando há aglomerações de pessoas sem máscaras —pesquisas apontam que a transmissão da doença se dá muito mais por gotículas de saliva no ar do que por superfícies contaminadas.
A pandemia da Covid-19 foi especialmente cruel para a tripulação de cruzeiros, quando os países fecharam seus portos e trabalhadores de navios ficaram meses sem conseguir descer em terra firme.
Com centenas de milhares de trabalhadores em alto mar no mundo todo, a situação chegou a ser descrita como emergência humanitária pela International Transport Workers, associação que representa a categoria, e algumas companhias começaram a rodar o mundo deixando tripulantes nos portos de seus países.
Sem muito o que fazer, a saída foi aproveitar as piscinas do navio, disse à reportagem um barman indonésio que ficou meses a bordo do Odyssey of the Seas antes de conseguir voltar a Bali.
De volta ao solo americano, a empresa oferece novos exames de PCR no terminal de desembarque —o que ajuda a tranquilizar, mas pode não detectar infecções muito recentes.
Se o turista tiver algumas horas livres e algum dinheiro no bolso, pode aproveitar que já está em Fort Lauderdale, onde fica o porto, e fazer uma visita ao Sawgrass Mills, um dos maiores outlets dos Estados Unidos.
Serviço
MSC SEASIDE
Com capacidade para 5.084 hóspedes em 2.026 cabines, o navio tem design que privilegia a integração entre as áreas interna e externa. Ao redor de toda a embarcação, no sétimo andar, um terraço reúne espaços para comer, beber, fazer compras, nadar e tomar sol —uma das piscinas conecta-se ao topo por elevadores panorâmicos diante do mar.
A área de lazer engloba passarelas suspensas, que simulam as de arvorismo, e cinco toboáguas, sendo dois de alta velocidade que se projetam para fora do navio.
Os passageiros têm à disposição nove restaurantes, 19 bares, um Chocolate Bar com menu de sorvetes e creperia, um Yatch Club que simula o ambiente luxuoso de um iate, teatro com espetáculos ao estilo Broadway, spa, academia e duas pistas de boliche.
Quando: 22 de janeiro (sete noites)
Roteiro: Santos/Ilha Grande/Salvador/Maceió/Santos
Quanto: primeiro hóspede a partir de R$ 5.708 (segundo hóspede com 50% de desconto para compras efetuadas até 31 de dezembro de 2021)
MSC PREZIOSA
Os 4.345 hóspedes, distribuídos por 1.751 cabines, são brindados com luxos com uma piazza de pedra, escadarias de cristal Swarovski e uma piscina com borda infinita. O MSC Yacht Club funciona como um iate dentro do navio, com suítes exclusivas, serviço de mordomo, bar panorâmico, restaurante à la carte e piscina privativa.
Cinema 4D, discoteca exclusiva para adolescentes, pista de boliche, seis restaurantes, oito bares, parque aquático infantil e o toboágua de alta velocidade Vertigo, um dos mais longos do setor, compõem o cardápio de atrações.
Quando: 9 de janeiro (seis noites)
Roteiro: Rio de Janeiro/Cabo Frio/Salvador/Ilhéus/Rio de Janeiro
Quanto: primeiro hóspede a partir de R$ 2.871 (segundo hóspede com 50% de desconto para compras efetuadas até 31 de dezembro de 2021)
MSC SPLENDIDA
Amantes de atividades esportivas encontram um navio com 1.637 cabines, para 4.363 hóspedes, recheado de atrações: quatro piscinas, pista de corrida, quadra de squash, uma academia com equipamentos de última geração e até um simulador de Fórmula 1, no qual é possível "dirigir" dentro de um carro de corrida de verdade.
Para relaxar depois de tanto exercício, é possível escolher entre o spa, os espaços exclusivos do Yacht Club, as piscinas com toboágua, sete restaurantes, oito bares e shows grandiosos no teatro.
Para as crianças, há clubinhos dedicados a diferentes faixas etárias, incluindo uma sala que simula o ambiente gelado do Polo Norte.
Quando: 19 de dezembro (sete noites)
Roteiro: Santos/Porto Belo/Balneário Camboriú/Ilhabela/Cabo Frio/Santos
Quanto: primeiro hóspede a partir de R$ 2.918 (segundo hóspede com 50% de desconto para compras efetuadas até 31 de dezembro de 2021)
COSTA FASCINOSA
O navio tem ambientação em homenagem ao teatro e ao cinema: a decoração se inspira em obras icônicas como Aida, Tosca e Jivago.
Os hóspedes se acomodam em 1.500 cabines, algumas com acesso direto ao spa, e têm à disposição atividades fitness como pilates, ioga e ginástica, cinema 4D e quatro piscinas uma delas é protegida por uma cobertura retrátil, que se fecha em dias de chuva.
Para crianças, há um parque aquático exclusivo, um castelo de contos de fadas e um playground da Peppa Pig. Seis restaurantes e 12 bares, incluindo uma gelateria e uma pizzaria, e um teatro com programação de musicais, shows de comédia e de acrobatas, também fazem parte das atrações.
Quando: 17 de dezembro (oito dias)
Roteiro: Santos/Ilhabela/Angra dos Reis/Búzios/Rio de Janeiro/Itajaí/Santos
Quanto: a partir R$ 4.311 por pessoa
Quando: 24 de dezembro (11 dias)
Roteiro: Santos/Abraão (Ilha Grande)/Búzios/Itajaí/Rio de Janeiro/Ilhabela/Santos
Quanto: a partir R$ 8.439 por pessoa
COSTA DIADEMA
Especialmente atraente para crianças, o navio com 1.862 cabines entretém os pequenos com um castelo, um galeão pirata e um playground inspirado nos personagens do desenho animado Peppa Pig.
Para os adultos, além das 11 piscinas e hidromassagens, é possível frequentar o spa e agendar uma sessão de massagem com vista para o mar.
No quesito alimentação, oito restaurantes e 11 bares, de diferentes especialidades, incluem uma pizzaria, uma casa de teppanyaki, uma cervejaria, o Bar Bollicine, dedicado ao espumante italiano Ferrari, e o Aperol Spritz Bar.
Quando: 20 de dezembro (oito dias)
Roteiro: Santos/Salvador/Ilhéus/Santos
Quanto: a partir de R$ 4.821 por pessoa
Quando: 30 de dezembro (oito dias)
Roteiro: Salvador/Ilhéus/Santos/Salvador
Quanto: a partir de R$ 7.624 por pessoa
MSC DIVINA
Com saída de Miami, nos Estados Unidos, o navio para 4.345 passageiros passa pelas Bahamas, chega ao México e retorna ao porto de origem. A decoração, inspirada na atriz italiana Sophia Loren, revive o glamour dos anos dourados das viagens de navio, com direito a escadarias de cristais Swarovski, piscina de borda infinita, piazza de pedra, cassino veneziano e teatro com shows ao estilo Broadway.
O Aurea Spa oferece menu variado de tratamentos de bem-estar e permite que o hóspede seja atendido ao ar livre, com vista para o mar, enquanto degusta espetos de frutas como cortesia.
Quando: 27 de fevereiro (sete noites)
Roteiro: Miami (EUA)/Nassau (Bahamas)/Georgetown (Ilhas Caimã)/Costa Maya (México)/Cozumel (México)/Miami (EUA)
Quanto: na CVC, a partir de R$ 2.419 por pessoa
cvc.com.br
COSTA LUMINOSA
Obras de arte de Botero, lustres de cristais de Murano e ambientes internos com iluminação teatral compõem a decoração no luxuoso navio que, nesta temporada, navega pelo Mar Mediterrâneo —com saída da Itália, a embarcação percorre portos da França e da Espanha.
Com sete piscinas e hidromassagens, além de spa, o Luminosa ainda dispõe de cinco restaurantes e 12 bares, incluindo uma pizzaria, um wine bar e uma gelateria.
Quando: 19 de fevereiro (sete noites)
Roteiro: Savona (Itália)/Marselha (França)/Barcelona (Espanha)/ Valência (Espanha)/Palermo (Itália)/
Civitavecchia (Itália)
Quanto: na CVC, a partir de R$ 3.168 por pessoa
DISNEY DREAM
A embarcação operada pela Disney Cruise Line parte de Porto Canaveral, na Flórida (EUA), passa pelas Bahamas, e retorna. Transportados em 1.250 cabines, os passageiros são encantados pela atmosfera Disney desde o momento em que a buzina toca músicas de famosos desenhos animados.
Campo de minigolfe, quadras esportivas, três piscinas, teatro, cinema, clubes para crianças e para adolescentes, spa e um enorme toboágua transparente que se projeta para fora do navio, o AquaDuck, compõem o pacote de entretenimento.
Quando: 4 de março (três dias)
Roteiro: Porto Canaveral (EUA)/ Castaway Cay (Bahamas)/Porto Canaveral (EUA)
Quanto: na CVC, a partir de R$ 4.938,55* por pessoa (*câmbio de 1 de dezembro)
Procolos
Confira abaixo os procedimentos de segurança sanitária implementados pela CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos).
Embarque: os hóspedes devem apresentar teste PCR com resultado negativo, realizado até três dias antes da viagem, ou antígeno, realizado até um dia antes. Todos os tripulantes fazem três testes antes de entrar em serviço.
A bordo: é obrigatório o uso de máscaras fora das cabines e os navios seguem com 75% da ocupação. Cada companhia tem autonomia para estabelecer os próprios procedimentos para garantir o distanciamento nas áreas comuns.
Excursões: visitas em terra estão autorizadas e devem seguir os protocolos das companhias e dos municípios, previamente divulgados antes de cada escala.
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