Cavernas do Petar levam turistas a uma 'viagem ao centro da Terra'
A escurid�o � completa. T�o profunda que n�o faz a m�nima diferen�a ficar de olhos abertos ou fechados. O sil�ncio tamb�m � sepulcral, interrompido apenas pelas gotas d'�gua que caem sobre as pedras, como se dezenas de torneiras com defeito estivessem por ali.
Quando o guia reacende a luz do capacete e autoriza os visitantes a fazerem o mesmo, todos suspiram aliviados. Com a lanterna, reaparecem estalactites, estalagmites e outras forma��es rochosas de nomes curiosos, como cortinas, travertinos e helictites, que ficam no Petar (Parque Estadual Tur�stico do Alto Ribeira), em S�o Paulo.
Com mais de 250 cavernas catalogadas, ali est� um dos parques mais antigos do Estado. Criado em 1958 em uma �rea de mais de 35 mil hectares, o local se tornou atrativo tur�stico a partir da d�cada de 1980 –o que mudou a vida das cidades de Iporanga e Apia� (a cerca de 315 km da capital), que t�m no turismo uma das principais atividades.
A brincadeira de apagar as luzes no meio da caverna seria quase imposs�vel at� 2008. Nessa �poca, eram usadas carbureteiras para iluminar a escurid�o. Como esse tipo de lanterna funciona com combust�o, n�o pode ser apagada e acendida com tanta facilidade. Al�m disso, deixava um cheiro forte no ar e liberava res�duo que escurecia as rochas.
Esse e outros danos ambientais (que passavam pela visita��o sem controle e por pessoas que levavam pontas de estalactites como recorda��o para casa) fizeram o Ibama proibir a entrada de turistas no local no ano de 2008.
Foi ent�o que o governo do Estado precisou arrumar a bagun�a. Ap�s dois meses de interdi��o, criou um plano de emerg�ncia que permitiu a abertura 12 cavernas e obrigou a presen�a de guias nas visitas (cerca de R$ 240 por grupo). O ingresso custa R$ 13.
A ideia era que em dois anos houvesse um plano definitivo de manejo para a �rea. Mas isso n�o aconteceu, e o Petar funciona em car�ter provis�rio at� hoje.
SECOS E MOLHADOS
Toda essa hist�ria da interdi��o ainda gera confus�o para os turistas, que n�o sabem ao certo se o parque est� realmente funcionando. Mas est�. E a todo o vapor.
A melhor maneira de chegar ao Petar, partindo de S�o Paulo, � de carro. S�o cerca de quatro horas de trajeto. A partir de Registro (SP), dirige-se por estradas menores cercadas por bananeiras com sacos pl�sticos para proteger os frutos. Ent�o chega-se a Iporanga, onde sapos musculosos atropelados na pista d�o o tom da paisagem t�pica de interior.
Na beira do rio Ribeira, a cidade guarda um pouco da arquitetura colonial. Mas para quem quer aventura e cavernas a melhor op��o � sair logo do centro e ir ao afastado bairro da Serra, onde est�o as pousadas e o acesso aos principais n�cleos do Petar: Santana e Ouro Grosso.
Santana � o mais pop. A caverna que leva o mesmo nome do n�cleo � uma das mais bonitas. Cheia de estalactites ("cones" de rocha presos ao teto) e estalagmites (presos ao ch�o), ela oferece caminhos entre rochas e goteiras por cerca de 800 metros –a caverna � muito maior, passa dos 5 km, mas o plano emergencial s� permite acesso a essa pequena parte.
Entre as outras 11 grutas visit�veis, h� um pouco de tudo: com mais ou menos forma��es geol�gicas, com aranhas e morcego ou sem nenhum bicho e at� com rios que passam no meio delas.
Na �gua Suja, por exemplo, caminha-se por um curso d'�gua. No fim, uma cascata convida turistas mais corajosos a mergulhar –mesmo com o frio da gruta, que pode chegar a 15� C. Ali, a �gua bate na cintura. J� na caverna Alambari de Baixo, o n�vel do rio pode chegar � altura do peito.
Outra que impressiona � a Casa de Pedra. Com uma entrada de 215 metros de altura, entrou no "Guinness Book" como a caverna com a maior abertura do mundo.
O Petar, por�m, vai al�m dos subterr�neos. Com mata atl�ntica preservada, ele guarda cachoeiras, �reas para piquenique, trilhas e animais como a on�a-pintada.
Mas o melhor est� nas cavernas, claro. Onde mais � poss�vel brincar de Indiana Jones em S�o Paulo?
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Preste Aten��o!
Parques estaduais no sul de SP
Santana
� a caverna mais visitada. Nos 800 metros abertos ao p�blico, conhecem-se estalactites, estalagmites e outras forma��es. Em 1985, Hermeto Pascoal usou as pedras da gruta como percuss�o
�gua Suja
Para visit�-la, � preciso molhar as roupas e os t�nis ao caminhar por dentro de um riacho. No fim, h� uma pequena cachoeira onde turistas podem se banhar
Morro Preto
Tamb�m no n�cleo Santana, conta com uma esp�cie de mirante, com vista privilegiada para a entrada da caverna � contraluz. As estalactites formam uma moldura ideal para selfies
Alambari de Baixo
Fica no n�cleo Ouro Grosso e tamb�m faz visitantes andarem por um rio. A �gua chega ao peito, e h� trechos que exigem a ajuda de cordas
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Pacotes
R$ 400
Pre�o por pessoa para 3 noites durante o fim de semana na Pousada da Diva, em Iporanga (a 303 km da capital). Valor para grupos de quatro pessoas. Inclui passeios, caf� da manh�, lanche na trilha, jantar no s�bado e almo�o no domingo. Sem transporte terrestre. Reservas: parqueaventuras.com
R$ 920
Valor por pessoa para 3 noites em quarto duplo na Pousada das Cavernas em Iporanga. Inclui caf� da manh�, dois lanches na trilha e tr�s refei��es na pousada. Sem transporte terrestre. Com passeios pelo Petar. Reservas: adventureclub.com.br
R$ 1.890
Pre�o por pessoa para quatro noites em quarto triplo na Pousada da Diva, em Iporanga. Inclui passeios pelo Petar, pens�o completa e transporte terrestre de S�o Paulo. Reservas: pisa.tur.br
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