Nos últimos dez meses, o número de carros de passeio 100% elétricos ofertados ao público no Brasil passou de zero para cinco, e há outros modelos a caminho. Por enquanto, nenhum custa menos de R$ 150 mil, valor pedido pelo Renault Zoe.
Há ainda Nissan Leaf (R$ 195 mil), BMW i3 (R$ 237.950) e JAC iEV 40 (R$ 154 mil).
O Jaguar I-Pace, que custa a partir de R$ 437 mil, completa a lista. Desde seu lançamento, em maio, 80 unidades foram emplacadas no país. A autonomia chega a 480 km, o que permitiu uma viagem até Limeira (a 151 km de São Paulo), para o teste Folha-Mauá.
O I-Pace foi avaliado em pista fechada, onde acelerou do zero aos 100 km/h em 4,7 segundos, sendo 1,1s mais rápido que o rival a gasolina Porsche Cayenne V6 (R$ 439 mil).
O Jaguar exibia autonomia de 131 km ao fim do teste, insuficiente para voltar a São Paulo. A solução foi parar no eletroposto do shopping Parque das Bandeiras, em Campinas.
Em todo o Brasil, há cerca de 170 pontos de recarga, segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). É um número ínfimo diante dos mais de 40 mil postos de gasolina do país.
Após rodar 81 km sem trânsito, a autonomia do I-Pace caiu para 33 km. Gastar mais na estrada é uma peculiaridade de elétricos, que gostam de engarrafamentos. Nessa situação, as freadas ajudam a recuperar energia.
O carregador do shopping estava com o visor arranhado, mas funcionava. Sua instalação custou R$ 30 mil em 2017, segundo a CPFL Energia. Após plugar o Jaguar, o painel mostrou que seria preciso esperar 11 horas para ter as baterias 100% abastecidas.
Após quatro horas de espera, havia energia suficiente para rodar 160 quilômetros.
Na garagem da Folha, o I-Pace foi conectado a uma tomada de 110v. O mostrador indicou que as baterias só estariam cheias após 47 horas. Para devolvê-lo à Jaguar, foi preciso levar o carro ao eletroposto do shopping JK Iguatemi, na Vila Olímpia (zona oeste).
Os quatro pontos de energia estavam ocupados por carros híbridos plug-in, que podem rodar com gasolina e eletricidade, sendo possível carregá-los na tomada. Essa fila de espera por energia deve se tornar cada vez mais comum.
O manobrista se dispôs a conectar o I-Pace logo que surgisse uma vaga, e assim foi feito. Por enquanto, não há cobrança de energia, o que certamente irá mudar quando houver mais elétricos nas ruas.
O Nissan Leaf também foi avaliado, apenas em uso urbano. Sua autonomia é de até 240 km, segundo a fabricante.
A primeira viagem foi feita com o e-Pedal ativado. O sistema aproveita a energia das frenagens para recarregar as baterias. Porém, há um efeito colateral: nessa condição, o Leaf reduz a velocidade bruscamente sempre que o motorista tira o pé do acelerador.
O maior problema também foi a recarga. A fonte acoplada ao fio pesa uns três quilos e, se a tomada não estiver rente ao chão, é preciso improvisar um apoio para o cabo.
A melhor opção é usar o kit domiciliar que vai junto com os carros elétricos. O custo de instalação está embutido no preço do automóvel.
No caso do Leaf, o equipamento é capaz de encher as baterias em oito horas, sendo indicado para uso noturno. O consumo de energia equivale ao de um ar-condicionado.
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