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paulista/centro

Velho moderninho da Rep�blica, edif�cio Esther foi pioneiro em espa�o multi�so

Entrar no edif�cio Esther, localizado em frente � pra�a da Rep�blica, no centro de S�o Paulo, � um pouco como entrar numa m�quina do tempo ligeiramente desregulada.

Inaugurado em 1938 e projetado por �lvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho, o pr�dio, que leva o nome da usina e da mulher do industrial Paulo Nogueira, que o encomendou, � considerado a mais antiga obra modernista da cidade e um marco dessa escola arquitet�nica no pa�s.

De fato, � poss�vel sentir ali o peso do tempo. "Dizem que o Di Cavalcanti morou aqui", � uma frase comumente ouvida de moradores e profissionais liberais instalados nos cerca de 120 apartamentos do edif�cio, que tem cinco elevadores com acabamentos de madeira e estampados com a marca da Usina Esther.

N�o que ele deixe transparecer a idade avan�ada. "O Esther � um pr�dio pioneiro em v�rios aspectos", explica o arquiteto Andr� Scarpa, 33. "N�o s� pela sua arquitetura modernista mas tamb�m por ser um dos primeiros edif�cios a propor o uso misto do seu espa�o, oferecendo servi�os bem diversificados."

Scarpa conta que, quando da inaugura��o do edif�cio, as extensas janelas com vista para a Rep�blica escandalizaram a moral predominante na �poca: "Achavam que as pessoas ficavam muito expostas. Dizem que na inaugura��o chamaram at� um padre para benzer o local".

O que n�o impediu que o pr�dio fosse frequentado por intelectuais, artistas e membros da alta sociedade paulistana, como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Assis Chateubriand, que ali, no chamado Clubinho, no subsolo, iniciou as tratativas para a constru��o do que alguns anos depois seria o Masp.

O Clubinho fechou, Di Cavalcanti morreu, e a Usina Esther desocupou o local durante a d�cada de 1960, deixando o edif�cio em um estado de abandono que se prorrogou por quase tr�s d�cadas.

v�deo do edif�cio Esther

er ganhou novo sopro. Escrit�rios de arquitetura, profissionais liberais e novos moradores entusiastas da reocupa��o do centro promoveram uma renova��o do quadro de inquilinos.
O outrora requintado subsolo, casa do Clubinho e da Boate O�sis, hoje � ocupado pelo Clube Executivo, balada dedicada a "afters", festas que come�am �s 6h -o que n�o incomoda os moradores.

"Esse uso misto d� uma vida diferente para o pr�dio, diz Renato Figueiredo, 29, consultor de marcas que veio de Pinheiros h� cerca de quatro anos para morar no edif�cio. "Aqui voc� est� sujeito a encontrar a diferen�a, porque a vizinhan�a � muito ecl�tica."

De fato, se as profundezas pertencem ao batid�o, as alturas s�o da culin�ria contempor�nea. A cobertura do pr�dio abriga desde agosto de 2016 o Esther Rooftop, restaurante do chef Olivier Anquier, que morou no local.
Em maio, o franc�s pretende inaugurar uma padaria no t�rreo do edif�cio: "Quero oferecer um p�o de qualidade para um leque mais aberto de p�blico. Posso fazer isso na Rep�blica, mas n�o nos Jardins ou em Moema", diz.

O arquiteto Jo�o Vicente, 55, que se mudou h� pouco para seu "escrit�rio-apartamento" no pr�dio, tamb�m deseja fazer parte da transforma��o do centro. "N�o quero ser um velhinho da vila. Quero ser um velhinho da cidade." Assim como o quase octogen�rio Esther.

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