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Materiais de demoli��o ganham destaque em projetos de arquitetura

Nenhuma reforma � totalmente sustent�vel, mas � poss�vel renovar um ambiente gerando pouco impacto na natureza por meio do reaproveitamento de materiais, do uso de mat�rias-primas renov�veis e da reciclagem dos res�duos da obra.

Garimpar itens em demolidoras e lojas de usados � uma das estrat�gias de quem deseja fazer uma obra ecologicamente correta.

"O material sustent�vel � aquele que j� existe. O ideal � sempre reutilizar as coisas, respeitando padr�es de qualidade e de durabilidade", afirma L�cia Pirr�, professora de arquitetura do Centro Universit�rio Belas Artes.
Itens de segunda m�o podem deixar o resultado final de um projeto ainda melhor, afirma Rodrigo Loeb, da Mindlin Loeb + Dotto Arquitetura, especializada em arquitetura sustent�vel.

"As madeiras de melhor qualidade s�o, em geral, oriundas de demoli��es de casas antigas", diz Loeb.

Foi o que serviu de base para o piso da varanda do apartamento da biom�dica Ana Paula Casarini, 34, e de seu marido, o m�dico Daniel Vicaria, 39, em Perdizes (zona oeste de S�o Paulo).

"Quer�amos transformar a varanda em uma esp�cie de quintal de casa, com plantas e madeira", conta Casarini.

"A madeira de demoli��o tem o apelo est�tico e sustent�vel, tornando-a ainda mais nobre do que a madeira rec�m-extra�da", explica a arquiteta Maria Lav�nia, respons�vel pela obra.

No entanto, � preciso tomar cuidado com materiais reaproveitados, alerta Tatiana Sakuri, arquiteta e professora da USP. "Eles podem estar contaminados por metais pesado e microorganismos, como fungos e parasitas", afirma a arquiteta.

A prepara��o do material, que inclui limpeza, alinhamento e tratamento contra pragas, acaba encarecendo o valor do projeto, segundo Lav�nia. A instala��o do piso na varanda de Casarini, que tem 47 m�, custou R$ 18.900.

Zanone Fraissat/Folhapress
Ana Paula Casarini, 34, e Daniel Vicaria, 39, no apartamento em que vivem, em Perdizes (zona oeste de SP)
Ana Paula Casarini, 34, e Daniel Vicaria, 39, no apartamento em que vivem, em Perdizes (zona oeste de SP)

AT� O FIM

Reaproveitar as estruturas e revestimentos j� existentes no im�vel � uma outra forma de poupar a natureza.

"A reforma sustent�vel � aquela que usa ao m�ximo o que j� existe. N�o � preciso ter tudo novo e perfeito", diz a designer Erika Karpuk, do Est�dio Dekor.

Ela sugere, por exemplo, aplicar revestimentos autoadesivos em m�veis, paredes e pisos para dar nova cara aos ambientes e evitar o descarte excessivo de res�duos.

Segundo a designer, repaginar itens antigos � uma tend�ncia: "Tenho visto um grande n�mero de pessoas que querem evitar a retirada de revestimentos. N�o s� pela quest�o ecol�gica, mas porque o processo n�o � pr�tico ou barato".

Caso o morador queira trocar os revestimentos, mas sem causar muitos danos ao meio ambiente, uma boa op��o s�o materiais feitos a partir de recursos renov�veis. Pap�is de parede de bambu e pastilhas de casca de coco s�o alguns deles, aponta Pirr�, do Centro Belas Artes.

Segundo ela, para fazer uma boa escolha � preciso pensar em algumas quest�es. "A mat�ria-prima � renov�vel? De onde vem? Quantas vezes ter� de ser trocada? N�o existe uma regra m�gica sobre sustentabilidade, tudo deve ser ponderado", afirma.

Nesse sentido, ela diz que materiais como o alum�nio e o concreto, cuja produ��o consome bastante energia, podem n�o ser ruins devido � durabilidade.

Outro aspecto que pode ser considerado � a emiss�o de subst�ncias t�xicas. A arquiteta Ana Rosa Lombardi, 47, pintou as paredes externas de sua casa, em Jaguari�na (regi�o metropolitana de Campinas), com tintas a base de terra e cal. "Sou al�rgica e essa tinta � at�xica", diz.

O im�vel, de 144 m�, ganhou um "telhado verde", sistema de aquecimento solar e arm�rios com madeira reutilizada. O projeto custou em torno de R$ 180 mil.

Avener Prado/Folhapress
A designer J�lia Dugaich, 28, em seu apartamento no Brooklin (zona sul de SP), com aplica��es de tecido na parede
A designer J�lia Dugaich, 28, em seu apartamento no Brooklin (zona sul de SP), com aplica��es de tecido na parede

COM AS PR�PRIAS M�OS

Para quem n�o est� disposto a gastar muito dinheiro em projetos de reforma sustent�veis, a solu��o � renovar a casa com as pr�prias m�os. Sem mexer em estruturas, � claro.

A ajuda para a tarefa pode ser encontrada em blogs e p�ginas de decora��o na internet, que cont�m dicas sobre como repaginar os m�veis e reutilizar itens que iriam para o lixo -sempre de uma forma econ�mica.

O "Remob�lia" (blogremobilia.com), do casal de designers Patr�cia Melo, 33, e Vinicius Yagui, 34, � um deles. "Reaproveitar objetos desperta consci�ncia sobre o ciclo do consumo. Al�m disso, cria uma hist�ria para o m�vel, que deixa de ser uma pe�a de mostru�rio e fica mais interessante", diz Melo.

Um port�o encontrado em uma demolidora, que foi colocado na entrada do cont�iner onde os dois vivem, em Mogi das Cruzes (Grande SP), e uma mesa com tampo de carretel s�o os itens garimpados preferidos da designer.

Zanone Fraissat/Folhapress
A designer Patr�cia Melo, do blog Remob�lia
A designer Patr�cia Melo, do blog Remob�lia

O "Est�dio Vira-Lata" (facebook.com/estudioviralata), da designer paulistana J�lia Dugaich, 28, segue a mesma linha. "Tive a ideia de criar a p�gina quando morei na Austr�lia, onde as pessoas colocavam lixos 'bons' na porta de casa, como sof� e cadeiras, para as outras pessoas pegarem", conta.

O objetivo dela com a p�gina � fazer as pessoas repensarem o que �, de fato, lixo. "Quero ensinar a dar novos significados a pe�as obsoletas", afirma Dugaich.

Entre suas cria��es favoritas est�o uma lumin�ria de l�pis de cor, um banco com fita de cetim e uma mesa com lousa para escrever.

A designer baiana Eva Mota, 32, quer estimular a criatividade dos leitores na p�gina "Ateli� Casa de Maria" (ateliecasademaria.com.br).

"A import�ncia da decora��o sustent�vel � sugerir um novo olhar para o que j� existe. Com isso, criamos lares mais aut�nticos", diz. "N�o � projetar de forma simpl�ria."

A transforma��o de uma geladeira antiga com tinta amarela e a substitui��o de papel de parede por est�ncil foram algumas das sugest�es queridinhas dos leitores.

"Precisamos sempre questionar se o item que queremos comprar � realmente necess�rio", afirma Mota.

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