A pandemia expôs fragilidades do SUS (Sistema Único de Saúde) e mostrou pontos que precisam de melhoria, como incentivo à inovação e maior integração entre pesquisa, indústria e políticas públicas. A opinião foi compartilhada pelos convidados do primeiro painel do seminário Proposta Saúde São Paulo, promovido pela Folha na última terça-feira (20).
"Nos dois anos de pandemia, percebemos que se não trouxéssemos a transformação digital para as instituições do setor não obteríamos sucesso", afirma Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo).
Segundo números do Datafolha, 20% dos brasileiros consideram a gestão da saúde o maior problema do país. O tema é o que mais preocupa os entrevistados ouvidos em julho de 2022. Em seguida aparecem economia (13%), desemprego (10%), fome/miséria (10%) e inflação (9%).
Nos dois anos de pandemia percebemos que se não trouxéssemos transformação digital para instituições de saúde não iríamos obter sucesso. Todo cidadão tem que ter acesso a saúde de qualidade
Mediado pela repórter especial da Folha Cláudia Collucci, o seminário aconteceu no auditório do Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Durante o evento, o Sindhosp apresentou um documento com propostas de melhoria para o sistema de saúde paulista.
O plano passa por temas como fortalecimento da atenção primária, promoção da saúde digital e formação de profissionais. O objetivo, diz Balestrin, é otimizar o fluxo de tratamento dos pacientes e diminuir filas.
Aumentar o uso da tecnologia foi tópico presente na maioria das propostas, tanto para aplicação em processos clínicos quanto na gestão de dados. A ideia é aumentar a velocidade do compartilhamento de informações no setor.
Acreditamos que a inovação é o caminho para conseguirmos acelerar processos que podem ajudar no enfrentamento de problemas emergenciais e crônicos do sistema de saúde
Balestrin conta que cerca de 150 pessoas participaram da elaboração do documento. Entre elas pesquisadores, agentes políticos, organizações de classe, especialistas do setor privado e entidades como o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O Sindhosp reúne 51 mil estabelecimentos de saúde.
No caso da promoção da saúde digital, o documento prevê a criação de um comitê multiprofissional para estruturar o projeto e a criação de leis para regulamentar a prática e o financiamento dos atendimentos digitais, além da integração de sistemas de informação, para criar prontuários eletrônicos.
Para formação profissional, o sindicato sugere a criação de um sistema informatizado de controle e gestão da capacitação dos profissionais, revisão das grades curriculares universitárias e a criação de programas de formação integrados a instituições estaduais.
Maior integração entre os setores público e privado também é uma das propostas do documento para aumentar a capacidade de atendimento nos hospitais.
A criação de indicadores de desempenho, para melhorar a gestão de contratos no setor, e a definição de agendas conjuntas, de prevenção e tratamento de doenças crônicas, são algumas das metas estabelecidas pela entidade.
Para Gabriela Almeida, diretora de assuntos estratégicos da farmacêutica Janssen, atrair investimento de empresas multinacionais, como é o caso da companhia, e ampliar o acesso da população a novas terapias e medicamentos ainda é um desafio. Ela diz ser preciso "incentivar condições regulatórias atraentes no curto, médio e longo prazo", para acelerar parcerias.
O evento teve patrocínio do Sindhosp e da Janssen.
Assista ao seminário completo:
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