A biblioteca comunitária Dona Leonor, em Mauá, no ABC paulista, surgiu a partir de uma roda de samba.
A Solano Trindade, em Cidade Tiradentes, bairro periférico no extremo leste de São Paulo, derivou de um grupo de hip hop.
A Caminhos da Leitura, em Parelheiros, na zona sul, funciona dentro do cemitério, na casa do coveiro.
Essas e outras 110 organizações formam a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC), criada em 2015 para mapear iniciativas do tipo no país, dar apoio e ajudar no desenvolvimento de políticas públicas.
"São instituições que contribuem para democratizar o acesso aos livros, mas que não têm fomento do governo", diz Danilo Ramos, integrante do conselho gestor.
Para ser considerada comunitária, a biblioteca tem que ser iniciativa da população e também gerenciada por ela.
Seus acervos, compostos em geral por doações, são representativos da diversidade dos bairros em que estão inseridas.
Para atrair e criar leitores, essas bibliotecas promovem rodas de leitura, saraus e oficinas —prática que as instituições públicas incorporaram nos últimos anos.
E extrapolam as paredes dos espaços. "A gente faz mediação de leitura em posto de saúde, em campo de futebol. É preciso seduzir o leitor", diz Ramos.
A maior parte delas, 86,7%, fica em áreas urbanas, porém em zonas periféricas, territórios de ocupação e favelas, de acordo com pesquisa da RNBC.
São regiões sem equipamentos culturais, e a biblioteca acaba virando ponto de referência. "Os moradores criam vínculos com o espaço. Muitas vezes, ele serve para organizar a comunidade", diz Ramos.
A pesquisa mapeou 143 bibliotecas em 45 municípios, e mostrou o impacto dessas instituições: são mais de 23 mil atendimentos mensais e cerca de 200 mil beneficiários atingidos indiretamente pelas ações promovidas.
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