Segundo maior destino do país para viagens de negócios, o Rio sofre com a reputação de cidade violenta.
Seus índices de criminalidade não são os piores do Brasil: ocupa a 21ª posição entre as capitais no ranking de crimes letais por 100 mil habitantes, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mas sua relevância como vitrine do Brasil age como lupa sobre os problemas.
Na última quarta (14), repercutiu o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Ela criticava a intervenção do governo federal, que colocou um general do Exército no comando das forças de segurança do Rio, e denunciava abusos cometidos por policiais militares.
“Já tivemos clientes que estavam com eventos agendados para o Rio e cancelaram”, diz Rubens Schwartzmann, presidente da Abracorp.
Para o presidente da Embratur, Vinícius Lummertz, a intervenção federal vai ajudar. “Dá uma mensagem clara de que vamos enfrentar a questão de segurança.”
Ele não teme que a ação das Forças Armadas espante os turistas. “A percepção de segurança aumenta à medida em que você vê a polícia.”
A opinião é compartilhada pela Riotur, empresa de turismo municipal, que afirma que mais de 80% da população carioca aprova a medida.
A rede Windsor, que tem 14 hotéis no Rio e 40% dos hóspedes em viagens corporativas, diz que suas reservas não foram afetadas. A taxa de ocupação foi de 70% em fevereiro, contra 65% no mesmo mês de 2017.
“Tivemos alguns cancelamentos de eventos, porém, não temos como afirmar que o motivo seja a violência carioca”, diz Ivan Bonfim, gerente corporativo de vendas.
A secretaria de segurança do Rio afirma que suas forças trabalham para tornar a cidade “um bom lugar para morar, trabalhar e viajar”, com polícias dedicadas ao turista.
Para Eduardo Colturato, diretor de turismo e eventos da SPTuris, a situação no Rio pode levar mais eventos para São Paulo. Mas só se o clima de insegurança permanecer, já que encontros corporativos são decididos com meses ou anos de antecedência.
Ele afirma que o turismo de negócios paulistano não é prejudicado pela violência. “Nossas vias de acesso não têm grandes problemas, não temos o que vemos no Rio, com tiroteio na Linha Vermelha e na Linha Amarela.”
Outras capitais brasileiras também já preocuparam o setor de turismo, como Natal, que teve greve de policiais entre dezembro e janeiro. “Quanto mais aparecia na TV, mais cancelamentos”, diz Tomás Ramos, diretor de marketing da rede de hotéis BHG.
Segundo a secretaria de segurança do Rio Grande do Norte, a situação de policiais foi regularizada em janeiro.
Greve de policiais também afetou Vitória, em fevereiro de 2017. “Um evento no hotel foi adiado”, diz Ramos.
A secretaria de turismo do Espírito Santo afirmou que houve muitos cancelamentos de viagens na época, mas que, “poucos meses após o episódio, o fluxo aumentou”. De 722 mil turistas no Estado em junho de 2016 foi para mais de 1 milhão no mesmo mês do ano passado.
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