Start-up recicla res�duos indesejados, das c�psulas de caf� �s fraldas
Se j� � dif�cil obter �ndices elevados de reciclagem para res�duos com valor de mercado, tais como papel, pl�stico e vidro, o que dizer ent�o de restos pouco valorizados pelas cooperativas?
Para evitar o destino comum dos aterros ou dos lix�es, a start-up Boomera se especializou justamente no tipo de lixo que ningu�m quer –ou consegue– reciclar.
Keiny Andrade/Folhapress | ||
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O engenheiro de materiais Guilherme Brammer mostra c�psulas de caf� trituradas |
A empresa patenteou recentemente um sistema de reciclagem para fraldas descart�veis. Tamb�m possui tecnologias para reciclar c�psulas de caf� expresso e embalagens flex�veis como "BOPP", tipo de pl�stico revestido com alum�nio, utilizado para embalar biscoitos, chocolates e salgadinhos industrializados.
Tudo come�ou em 2011 com o primeiro empreendimento criado pelo engenheiro de materiais Guilherme Brammer. A meta era achar solu��es tecnol�gicas para viabilizar a reciclagem de res�duos mais complexos.
A Pol�tica Nacional de Res�duos S�lidos acabara de ser aprovada e impunha a obriga��o de as empresas serem correspons�veis por embalagens colocadas no mercado.
Brammer n�o teve d�vidas: passou a procurar grandes companhias para verificar quais eram os principais gargalos para a reciclagem e como poderiam trabalhar em conjunto.
Uma das primeiras tecnologias foi uma solu��o para o "BOPP". O material, muito leve, n�o atrai o interesse das cooperativas de reciclagem. A empresa engajou algumas cooperativas na coleta dessa embalagem e desenvolveu, para a PepsiCo, uma resina a partir do material triturado. Essa resina passou a ser utilizada na fabrica��o de displays voltados � divulga��o dos produtos nos pontos de venda, fechando o ciclo.
"Esse tipo de embalagem passava batido nas esteiras das cooperativas. Foi preciso criar incentivos financeiros para viabilizar a coleta", conta Brammer.
A Boomera paga hoje at� R$ 200 pela a tonelada dessas embalagens e j� s�o 250 as cooperativas com as quais trabalha em parceria, nas cidades de S�o Paulo, Manaus e Porto Alegre.
Al�m de desenvolver a tecnologia de reciclagem sob demanda das empresas, a start-up faz a opera��o log�stica de res�duos complexos, caso de c�psulas de caf� expresso e fraldas descart�veis.
As c�psulas s�o um res�duo novo que est� se tornando rapidamente um problema ambiental quando n�o retorna � ind�stria, o que j� fez com que alguns pa�ses adotassem medidas para restringir o seu consumo.
Com o time da Dolce Gusto, um das marcas de c�psulas da Nestl�, a Boomera desenvolveu duas aplica��es para reaproveitar o material.
As c�psulas usadas, ap�s tritura��o, viram um tipo de resina que pode ser utilizada para confec��o de novos produtos relacionados ao universo do caf�, como um porta-c�psulas e vasinhos usados para acomodar as mudas cafeeiras na agricultura.
Por�m, a log�stica reversa das c�psulas ainda � o maior desafio. Para fazer com que o material retorne para a reciclagem, foram estabelecidos 30 pontos de coleta em S�o Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e interior paulista, onde o consumidor pode descartar as c�psulas em lojas da rede P�o de A��car.
"Para estimular o consumidor a se engajar, estamos estudando um mecanismo de b�nus ou desconto na compra de novas c�psulas", diz o empreendedor. Hoje a empresa recicla cerca de tr�s toneladas de c�psulas por m�s, mas tem capacidade para reciclar at� 20 toneladas/m�s.
Outra solu��o customizada da Boomera foi com as fraldas descart�veis p�s-consumo. A empresa j� havia patenteado uma tecnologia para a reciclagem desse produto, em parceria com a Universidade Mackenzie, e deu in�cio a um piloto. O primeiro passo � esterilizar as fraldas. Depois, o equipamento desenvolvido pela empresa separa res�duo org�nico do inorg�nico (que cont�m pl�stico que pode ser reciclado e transformado em resina).
Para viabilizar o piloto, a empresa buscou 10 toneladas de fraldas em grandes geradores, como hospitais e creches, e agora est� desenvolvendo os primeiros produtos de pl�stico injetado com a resina proveniente das fraldas, como cestos de lixo e cabides. A empresa tem capacidade para processar at� 20 toneladas de fraldas por m�s.