Estrat�gia de redu��o de danos no consumo de �lcool deve ser individual
Para ser eficiente, uma estrat�gia de redu��o de danos no consumo de bebidas alco�licas deve ser pensada de forma individual e adaptada a um determinado contexto. A afirma��o � do professor da Faculdade de Sa�de P�blica da USP e presidente da Abramd (Associa��o Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas), Rubens Adorno.
Segundo ele, para lan�ar programas de preven��o, � preciso "conhecer muito bem o contexto de cada um e ser criativo em rela��o a ele, al�m de levar em conta a situa��o geral dessa sociedade".
"Na Alemanha, um dos pa�ses com o maior n�vel de alcooliza��o da Europa, os gar�ons s�o alertados para n�o oferecer bebida a quem j� passou do limite", contou.
As declara��es foram feitas durante a segunda mesa de debates, sobre redu��o de danos no consumo de �lcool, realizada nesta quarta-feira (23) no f�rum "Mudan�a de H�bitos e Redu��o de Danos � Sa�de", no teatro Unibes Cultural, em S�o Paulo. O evento foi promovido pela Folha com patroc�nio da Philip Morris.
Reinaldo Canato / Folhapress | ||
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Quirino Cordeiro, do Ministerio da Sa�de, Rubens Adorno, professor da USP, Isabel Tremarin, orientadora educacional do Colegio Anchieta, e Claudia Colucci (moderadora) |
Tamb�m participaram do debate o coordenador nacional de Sa�de Mental, �lcool e Outras Drogas do Minist�rio da Sa�de, Quirino Cordeiro, e a coordenadora de orienta��o educacional do Col�gio Anchieta, de Porto Alegre, Isabel Tremarin.
Segundo Cordeiro, a estrat�gia de redu��o de danos tem sido aplicada pelo governo brasileiro principalmente na forma de unidades de acolhimento voltadas para pessoas dependentes do �lcool e outras drogas. Para ele, h� evid�ncias de sucesso na aplica��o do modelo.
"No in�cio da epidemia de Aids, se percebeu que, quando voc� oferecia a possibilidade de os indiv�duos fazerem o uso de drogas injet�veis com maior seguran�a, diminu�a a ocorr�ncia de Aids e de hepatite", disse.
Ele lembra, no entanto, que a redu��o de danos � uma estrat�gia de pouca exig�ncia, que n�o obriga o consumidor a parar de beber. "� preciso haver a promo��o da abstin�ncia em alguns casos. �s vezes a individualiza��o do tratamento requer outras estrat�gias que n�o a redu��o de danos."
Como outros exemplos de estrat�gias de redu��o de danos, Cordeiro cita programas que evitem que as pessoas dirijam depois de beber e tamb�m leis que restrinjam o acesso ao �lcool.
Como exemplo de restri��o de acesso � bebida ele cita o caso do munic�pio de Diadema, na Grande S�o Paulo, onde, em 2002, foi criada uma lei que estabelece o fechamento de estabelecimentos que vendem bebidas alco�licas ap�s as 23h. Para Cordeiro, a a��o teria influenciado a queda das taxas de homic�dio e suic�dio na cidade nas duas d�cadas seguintes.
Para Adorno, no entanto, n�o � comprovada a rela��o entre a ocorr�ncia dos dois fatores na cidade. Os n�meros de homic�dios e suic�dios seriam "problemas muito mais complexos e nunca monocausais", afirmou.
�LCOOL ENTRE JOVENS
No debate, a coordenadora educacional Isabel Tremarin falou sobre a preven��o do consumo de �lcool entre jovens e adolescentes.
Com o objetivo de ilustrar os perigos da neglig�ncia dos pais em rela��o ao consumo de �lcool por jovens, Tremarin coordenou a produ��o de um filme de fic��o em parceria com pais de alunos do Col�gio Anchieta, que foi lan�ado em junho deste ano.
A inten��o � que o filme, que tem cerca de 30 minutos e est� dispon�vel na internet, seja usado em escolas como forma de alerta.
Para Tremarin, um dos maiores riscos do consumo de �lcool entre os jovens � o fato de o c�rebro deles ainda estar em desenvolvimento.
"Pessoas com menos de 18 anos t�m a �rea do c�rebro que controla a sensa��o de prazer bem mais desenvolvida do que a �rea ligada ao controle de impulsos. Isso significa que o controle de prazer tem maior ader�ncia, enquanto aquele que diz o que � certo e errado amadurece um pouco depois", explica.
Segundo ela, estudos mostram que pessoas que come�aram a consumir �lcool com menos de 18 anos t�m chances maiores de desenvolver depend�ncia. Para combater a pr�tica, ela defendeu a forma��o de "uma alian�a forte entre educadores, fam�lia e �rg�os p�blico, com o objetivo de fazer a preven��o do consumo e promover o cuidado com essas crian�as".