Conhe�a o criador do Menino da Tarde e outras figuras folcl�ricas do Carnaval de Olinda

A quem olha para qualquer um daqueles gigantescos bonecos de aspecto r�stico no meio da multid�o talvez custe acreditar, mas sua confec��o leva, no m�nimo, duas semanas. Com cerca de 4 kg de manta de fibra de vidro, 4 kg de resina, 200 g de talco, 100 ml de catalisador, 50 ml de cobalto e muita imagina��o, nasce cada personagem do Carnaval de Olinda (PE), um dos mais tradicionais do Brasil.

A inspira��o vem de figuras do folclore nacional, como o curupira ou o saci, ou mesmo de aspectos da hist�ria e dos costumes da regi�o, como o canga�o ou o xote. A fofoqueira das ladeiras de Olinda, a namoradeira da pra�a, assim como a solteirona da rua do Amparo, tamb�m s�o candidatas a integrar a galeria de tipos pitorescos.

Quem conta os bastidores dessa cria��o carnavalesca � S�lvio Romero Botelho de Almeida, olindense nascido no dia 14 de maio de 1956, considerado o pai dos bonecos gigantes. � com alguma nostalgia que S�lvio se lembra do impacto de quando, ainda menininho, aos oito anos de idade, viu pela primeira vez o Homem da Meia-Noite, que puxava quatro alegorias pela rua General Dantas Barreto, no bairro do Carmo.

"Eu era um pirralho, mas aquilo me marcou profundamente. A qualquer dist�ncia, voc� conseguia v�-lo no meio da multid�o", recorda-se. "O Homem da Meia-Noite foi o meu farol. Mais: o grande sinaleiro da navega��o da minha vida", diz, sem conter a emo��o.

A viagem criativa seguiu em terra firme e com ela S�lvio aprimorou-se cada vez mais na arte de dar vida �s suas jocosas criaturas. Foi ele, afinal, quem concebeu o Menino da Tarde, fruto do encontro entre as duas figuras mais famosas do Carnaval pernambucano: o Homem da Meia-Noite e a Mulher do Dia. "Precisava criar o meu universo m�gico", diz ele diante de 35 de suas colossais cria��es, expostas no piso superior da agrad�vel Quatro Cantos Galeria & Caf�, no s�tio hist�rico.

Naquela �poca, 1974, quando fazia esculturas, entalhes em madeira e m�scaras, S�lvio foi convidado a gerar o terceiro boneco da hist�ria do Carnaval de Olinda.

De madeira, capim, papel�o e papel, o primeiro Menino da Tarde tinha 2,90 m de altura e pesava 35 kg. Atualmente, explica S�lvio, a modelagem dos bonecos � feita num bloco de isopor, e o corpo � composto de fibra de vidro. Cada um deles chega a alcan�ar 3,40 m e pesa entre 13 kg e 15 kg. Ao todo, ele acredita ter dado origem a uma prole de 1.300 bonecos gigantes, figuras emblem�ticas do Carnaval pernambucano, cujo modelo vem da Europa, onde existem similares h� mais de 500 anos.

O brilho volta aos olhos de S�lvio quando a conversa retoma a figura do Homem da Meia-Noite. H� 38 anos, o artista pl�stico tamb�m � o respons�vel pelo restauro, tanto pr� quanto p�s-Carnaval, do boneco que, nascido em 1932, tornou-se s�mbolo da folia.

"� uma figura m�stica, toda cercada de resguardos", diz S�lvio, com alguma rever�ncia.

"Ele � filho de Iemanj�!"

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35 bonecos gigantes de S�lvio Botelho est�o expostos na Esta��o Quatro Cantos Galeria & Caf�.

R. Prudente de Moraes, 440, s�tio hist�rico de Olinda, tel. (81) 3429-7575

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