Argentina Jujuy encanta com montanhas coloridas e deserto de sal

Bastaram quatro passos dentro do Boeing 737-700, num fim de tarde primaveril no aeroporto de Buenos Aires, para mirar uma garota de tra�os ind�genas, cabelos negros e compridos, bochechas fofinhas e olhos amendoados, levemente rasgados. Duas horas de voo naquela sorridente companhia serviram para que nos aclimat�ssemos ao que seria uma imers�o no cora��o da Argentina ind�gena e andina, mais "hermana" de seus vizinhos como Chile e Bol�via,�tanto nos tra�os f�sicos quanto�nos costumes e na cultura.

Aterrissamos no aeroporto de San Salvador de Jujuy. Localizada a 1.400 km de Buenos Aires, a capital da prov�ncia de Jujuy tem uma popula��o de 330 mil habitantes. Em suas ruas centrais, mulheres vestidas de xales coloridos com beb�s amarrados �s costas caminham em grupo, murmurando em qu�chua, l�ngua ind�gena ainda hoje falada em pa�ses da cordilheira dos Andes.

Aos poucos, o noroeste argentino vai se revelando uma regi�o de caracter�sticas �mpares, com desertos cor de ocre e dep�sitos de sal que mais se parecem amontados de neve, por onde rebanhos de lhamas pastam ao l�u.�

Seguimos quase sempre pela Rota 9, rodovia que cruza povoados de uma regi�o �rida, repleta de forma��es geol�gicas milenares e multicoloridas. Num itiner�rio que acumula mais de 10 mil anos de hist�ria, desponta a Quebrada de Humahuaca, forma��o geol�gica que ocupa um vale montanhoso de 155 km de extens�o, declarado patrim�nio da humanidade na categoria paisagem cultural.

Logo na entrada de Purmamarca, vilarejo a 65 km de San Salvador, uma parada. � ali que estende-se o�Cerro de Los Siete Colores. Ao longo de milhares de anos, a natureza vem exercendo a arte de pintar pontos dessa colina de amarelo, laranja, vermelho, verde, marrom, lil�s e violeta.

Roberto de Oliveira/Folhapress
Jujuy � uma prov�ncia do noroeste argentino
Jujuy � uma prov�ncia do noroeste argentino

Povoado de terra batida, a vizinha Tilcara � conhecida como a capital arqueol�gica da prov�ncia, enquanto Humahuaca, riscada por ruelas de pedra iluminadas por l�mpadas de ferro forjado, � a sede hist�rica da quebrada. L� est� a Serran�as de Hornocal, impressionante colina de 14 cores (o guia n�o pode bobear, porque voc�s precisam chegar l� no momento exato em que o sol incide diretamente sobre a montanha, potencializando, assim, sua colora��o).

Moradores desses charmosos povoados t�m especial apre�o � Semana Santa, feriado que se destaca no calend�rio de celebra��es sincr�ticas.

Peregrinos de diferentes etnias ind�genas se conectam por estradas constru�das no per�odo inca e percorrem 24 km at� chegarem ao santu�rio da�Virgem, a 4.000 metros.

Atinge um pouquinho mais quem serpentear a Cuesta del Lipan, uma impressionante estrada sinuosa cuja altitude m�xima chega a 4.100 metros. � de causar vertigem.�

Por ela, alcan�amos o deserto de sal argentino, as Salinas Grandes, uma monumental crosta (com cerca de meio metro de espessura), acumulado ap�s secar um lago que ali existia h� milhares de anos. Estamos na Rota 52, que liga a Argentina ao Deserto do Atacama, no Chile.

No lugar do caleidosc�pio das montanhas, a paisagem segue estonteante mas desta vez bicolor: o azul-celeste domina o c�u e parece fundir-se � imensid�o branca do sal. � mais uma das in�meras e surpreendentes paisagens dessa regi�o ainda pouco conhecida pelos paulistanos.

O jornalista viajou a convite da Secretaria de Turismo de Jujuy

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