Moda de sucos prensados a frio chega a SP; rep�rteres fizeram o teste

Ao entrar na Press Juice, na rua Haddock Lobo (regi�o oeste), chamam a aten��o as geladeiras met�licas repletas de sucos de todas as cores. Os produtos t�m ingredientes variados e misturas nem sempre animadoras –mesmo para naturebas–, mas que (quase sempre) surpreendem positivamente no sabor. Caso do Suco Verde 2, que leva couve, espinafre, alface romana, aipo, pepino, ma�� verde, lim�o-siciliano e gengibre (R$ 19,90). Mas o que h� de especial nos l�quidos coloridos? � o m�todo de extra��o: estes s�o prensados a frio.

"Por ser prensado a frio, o suco mant�m as enzimas vivas e preserva todas as vitaminas e nutrientes, o que n�o acontece quando � utilizado um liquidificador, que tem o motor muito pr�ximo da l�mina", explica Thiago Pestana, 28, um dos s�cios da marca.

O m�todo ao qual a s�opaulo teve acesso n�o usa �gua e � feito em uma m�quina que tritura os alimentos a partir de um motor distante da �rea de corte. Na sequ�ncia, a ma�aroca � comprimida dentro de um saco perme�vel, que coa o l�quido.

A falta de adi��o de �gua, a��car ou conservantes neste m�todo de extra��o n�o � um detalhe que deve passar batido –� o que transforma o produto em suco de verdade. Segundo determina��o do Minist�rio da Agricultura, para ser chamado de suco, o produto deve ser 100% fruta. No caso do n�ctar, h� um percentual m�nimo de suco ou da polpa, que depende da fruta. Desde julho de 2014, os r�tulos das bebidas devem informar quanto de polpa da fruta ou suco s�o utilizados na composi��o.

No �ltimo ano, pelo menos quatro empresas que utilizam o processo de prensagem a frio surgiram em S�o Paulo: a franquia americana Urban Remedy, a familiar Detox Market, a ItGreen, al�m da j� citada Press Juice.

Apesar dos procedimentos serem similares, as empresas guardam seus equipamentos a sete chaves. Nem fotos s�o permitidas.

A origem dos neg�cios tamb�m � semelhante. A inspira��o vem dos "juice bars" (casas especializadas em sucos) americanos, que h� cerca de dois anos se espalharam por Nova York e pela Calif�rnia. A influ�ncia gringa aparece no visual das marcas.

VIVENDO DE L�QUIDO

Outro ponto em comum entre as marcas � o fato de todas oferecerem o programa "detox", uma dieta l�quida � base das bebidas do card�pio. Segundo as empresas, o processo oferece vantagens como descansar o aparelho digestivo e ajudar a eliminar as toxinas acumuladas. Al�m de, claro, emagrecer.

Para quem discorda dos supostos benef�cios da bebida tend�ncia a �nica vantagem dessa dieta � a perda de peso. Caso do nutr�logo e cardiologista H�lio Osmo, 52 –que afirma n�o existir estudo cient�fico que comprove a efic�cia do processo em preservar os micronutrientes.

"Esses sucos s�o fracos nutricionalmente porque n�o t�m fibras, que precisamos consumir todos os dias. N�o far�o mal se adicionados a uma dieta saud�vel, mas � um problema tomar s� isso. O que desintoxica o corpo � a �gua presente nas frutas", assegura. "Se voc� comer direito, n�o consumir a��car e tomar muita �gua, vai dar no mesmo."

Sobre a falta de fibras na dieta, a nutricionista Paula Gandin, 28, � mais flex�vel. "N�o � ideal tir�-las da alimenta��o, mas � um detox'", afirma. "Durante a dieta, como estes sucos n�o t�m fibras, o corpo absorve mais r�pido os nutrientes. Mas, a longo prazo � ruim ficar sem", explica.

Para o m�dico Alberto Gonzalez, 53, o melhor processador s�o os dentes e a mastiga��o. "Dos tr�s processadores (liquidificador, centr�fuga e prensa), o que mais se aproxima deste processo � a prensagem a frio."

Gandin diz que cada corpo reage de uma maneira aos diferentes tipos de alimenta��o, mas que prefere n�o recomendar a dieta dos sucos a seus pacientes. "O certo � aprender a comer direito."

Ela refor�a que o "detox" n�o pode ser usado para anular um fim de semana "p� na jaca". Pelo menos um dia antes de fazer o processo, n�o � recomendado consumir carne, gorduras, caf� e bebidas alco�licas.

"� importante equilibrar uma dieta de sucos e n�ctares com uma alimenta��o balanceada saud�vel, de prefer�ncia com orienta��o de um nutricionista funcional", diz Gonzalez.

Um ponto com que os tr�s especialistas concordam: comer a fruta � sempre a melhor op��o.

ABAIXO, LEIA O DEPOIMENTO DAS DUAS REP�RTERES

Elas testaram por um dia a dieta dos sucos. Veja suas impress�es:

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SOBREVIVI PARA CONTAR, por Marina Consiglio

Antes de ler meu depoimento, h� duas coisas que voc� deve saber sobre mim. 1�) sou dessas que mal come e j� planeja a pr�xima refei��o. 2�) eu fumo desde os 17 anos (desculpa, av�!). �s vezes eu paro. Mas volto. Fa�o isso h� dez anos. Em junho, voltei com os cigarros.

Minha primeira dieta l�quida foi o Detox Classic. Eu estava animada para encarar o desafio, mesmo quando vi a sacolinha com os seis sucos que seriam as minhas �nicas refei��es naquele dia. L� pelas 18h, meu bom humor e minha disposi��o haviam desaparecido. Estava morrendo de fome. A sensa��o ruim passou no dia seguinte, quando acordei disposta, de bom humor e desinchada. O melhor: sem vontade alguma de fumar.

Detox Classic (R$ 109), da Press Juice

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CANSADA, MAS SEM DESEJO POR DOCES, por Nat�lia Albertoni

O meu primeiro detox foi o Da Casa. O in�cio foi f�cil, apesar do sals�o onipresente do suco de estreia (s�o seis ao todo). �s 18h o clima mudou. A sensa��o de fome misturou-se a uma dor muscular forte. Cansada e de mau humor, tomei o �ltimo, que ironicamente se chama "Deleite" -n�o �! Na manh� seguinte, notei uma secada na regi�o do abdome e uma baita dor de cabe�a que, segundo a Urban, se deve � cervejinha tomada antes de iniciar a dieta.

O mais interessante, por�m, foi perceber que eu, choc�latra, n�o senti falta dos doces -sensa��o que durou semanas. A experi�ncia tamb�m despertou a vontade de comer melhor. Tenho trazido lanchinhos para o trabalho desde ent�o. Mas n�o sei se faria de novo.

Da Casa (R$ 109,70), da Urban Remedy

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