Descrição de chapéu Eleições SP Datafolha

Datafolha: Nunes e Boulos ignoram Marçal e só admitem risco para campanha alheia

No MDB e no PSOL, a chance de ficar de fora do 2º turno é vista como um problema do rival, enquanto PRTB diz contar com reta final e voto envergonhado

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São Paulo

Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), que não estão longe de Pablo Marçal (PRTB) na pesquisa Datafolha desta quinta-feira (26), ignoraram a resistência do influenciador, que se mantém no primeiro pelotão mesmo após variar a postura entre governante e agressivo, o episódio do soco no debate nesta semana e as diversas peças de propaganda contra ele.

Fotos de três homens branco com barba escura. No centro está Guilherme Boulos, com terno escuro, camisa azul e gravata cinza. À direita, Pablo Marçal, de camisa escura. À esquerda, Ricardo Nunes, de camisa branca e paletó escuro.
Na montagem, da esq. para a dir., os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal

A pesquisa mostra que Nunes e Boulos lideram, com 27% e 25%, respectivamente. Marçal marca 21% —teve 19% há uma semana. Sua rejeição, porém, é de 48%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Nos bastidores, aliados de Nunes avaliam que é Boulos quem corre o risco de ficar fora do segundo turno caso seja ultrapassado por Marçal. Eles minimizam a marca do candidato do PRTB, afirmando que se trata de uma recuperação, e não de um crescimento, e lembrando que a oscilação positiva ficou dentro da margem de erro.

A equipe de Boulos, por outro lado, comenta em reservado que Marçal representa uma ameaça maior a Nunes, já que divide a direita e pode desidratar a votação do prefeito. A avaliação é que a esquerda ficar fora da próxima etapa é algo improvável, diante do histórico da capital e dos índices do deputado que apontam um voto consolidado.

Publicamente, tanto Nunes quanto Boulos evitaram dar importância ao resultado de Marçal.

"Não sou comentarista de pesquisa eleitoral", respondeu o deputado ao ser questionado sobre a resiliência do influenciador durante agenda de campanha em Sapopemba (zona leste).

"Eleição é igual a jogo do Corinthians, só se define aos 48 do segundo tempo", disse o candidato apoiado por Lula (PT). Boulos afirmou ainda que a pesquisa está "praticamente igual" à da semana passada e lembrou sua liderança na espontânea, em que marca 21% —eram 23%.

Em nota, a campanha do PSOL menciona a manutenção do percentual de 38% dos eleitores que dizem não votar de jeito nenhum em Boulos: "Nossa rejeição se manteve estável, sem oscilação".

Já Nunes afirmou que a imprensa "dá muita atenção" para Marçal. "A estratégia dele está dando tão certo que eu estou em primeiro lugar nas pesquisas e ele está em terceiro", disse após um evento com investidores no Itaim Bibi (zona oeste). Ele ressaltou ainda sua baixa rejeição, de 21%.

Aliados do prefeito já dão como certo que Marçal conservará essa parcela de 20%, que inclui eleitores da direita que eles consideram radicalizados. Mas, por outro lado, ponderam que o candidato do PRTB criou um teto com a sua rejeição de 48% e que, portanto, deve variar dentro de uma margem pequena.

Estrategistas da campanha do MDB, na mesma linha do prefeito, dizem haver muito palco para Marçal e apostam que o influenciador vai buscar novos holofotes nos próximos debates.

Na campanha do PSOL, apesar do discurso oficial de que não se escolhe adversário, auxiliares continuam entusiasmados com a possibilidade de um embate contra Marçal, que seria mais favorável ao candidato de Lula. Uma hipótese é que o nome do PRTB pode crescer a ponto de tirar Nunes do segundo turno.

Integrantes da campanha de Marçal avaliam que a tendência é que aumentem os percentuais de intenções de voto nesta última semana de campanha, quando o eleitor decide. Eles dizem ter levantamentos internos em que o influenciador apareceria em primeiro lugar.

Os interlocutores do candidato do PRTB consideram um cenário de segundo turno entre Marçal e Boulos e contam ainda com o voto envergonhado no influenciador, que não seria captado pelas pesquisas.

Aliados de Tabata Amaral (PSB), que passou de 8% para 9%, creditam a oscilação positiva à sequência de debates, pontuando que ela tem conseguido se sobressair aos adversários e apresentar propostas. A campanha mira os indecisos da pesquisa espontânea, que ainda representam 28% dos eleitores.

"Tabata oscilou um ponto positivamente, manteve a rejeição mais baixa entre os primeiros colocados e aumentou o conhecimento. O cenário da eleição de São Paulo é complexo, envolve fatores surpresa, o uso de violência e meios ilegais de financiamento das redes sociais", diz a campanha em nota.

José Luiz Datena (PSDB) nem sua equipe quiseram comentar a pesquisa, em que o tucano manteve 6%. O resultado é um balde de água fria para a parte de sua campanha que esperava lucrar com a cadeirada de Datena em Marçal, no último dia 15. Nas ruas, o apresentador vem sendo louvado pelo episódio.

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