Descrição de chapéu Eleições SP TSE

Candidatos em SP se esquivam de recado de Cármen contra violência na campanha e culpam rivais

Nunes critica Marçal, que cita cadeirada de Datena e diz que respostas agressivas são contra 'injustiça'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Candidatos a prefeito em São Paulo se esquivaram em comentar a declaração da presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, que criticou o ambiente hostil nos debates nas eleições municipais pelo país.

Em sessão no tribunal na terça-feira (24), a ministra falou em "cenas abjetas e criminosas que rebaixam a política a cenas de pugilato, desrazão e notícias de crime", sem mencionar episódios específicos.

O candidato fala com repórteres usando camisa branca e boné
O candidato do PRTB, Pablo Marçal, durante agenda de campanha nesta quarta-feira (25), em São Paulo - Gustavo Zeitel/Folhapress

No debate promovido pelo Flow Podcast, que ocorreu na segunda-feira (23), Nahuel Medina, assessor de Pablo Marçal (PRTB), agrediu com um soco Duda Lima, marqueteiro da campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Segundo a campanha de Nunes, o marqueteiro sofreu descolamento de retina por causa da agressão. Duda passou por exames com oftalmologista na terça e, de acordo com seu advogado, teve um corte profundo próximo à sobrancelha.

Na semana anterior, José Luiz Datena (PSDB), provocado por Marçal, acertou o candidato do PRTB com uma cadeirada em debate na TV Cultura.

Em agenda de campanha nesta quarta (25), Marçal foi questionado sobre a declaração da ministra. Ele respondeu: "Eu não cheguei a ver, mas eu tive informação de que ela não falou de agressividade, mas de agressão".

"Eu sou contra todas as agressões, mas [criticar] agressividade no debate é como se você estivesse tirando o direito de uma pessoa ter a liberdade de fazer o que precisa ser feito."

Na mesma ocasião, Marçal criticou a organização do debate do Flow, dizendo ter sido prejudicado, e afirmou: "Até hoje toda minha resposta que parece agressiva é só resposta para injustiça".

Na noite de terça, o candidato do PRTB, ao falar sobre a declaração da ministra, citou a cadeirada de Datena e voltou a culpar o marqueteiro de Nunes, ao qual diz que "perdeu o controle".

"Eu apanhei calado, podendo ter agredido poderosamente, usando o artigo 25 do Código Penal, que é legitima defesa. Eu não sou de agressão, se realmente estiverem preocupados com isso afastem o Datena, que foi pra agressão."

A reportagem da Folha procurou a campanha de Datena para comentar as declarações de Cármen Lúcia. Ele disse : "A ministra tem razão em condenar qualquer ato de violência na política. Eu concordo plenamente. Tanto que direcionei minha campanha a impedir que candidaturas que atentam contra nossas instituições e contra a nossa democracia prosperem aqui na cidade".

Questionado por meio de sua assessoria, Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que Cármen, ao condenar a violência no processo eleitoral, "contribui para o processo democrático em meio às ameaças bolsonaristas".

"Estive com ela há dois meses, inclusive, para tratar da escalada das fake news nas eleições municipais e suas consequências nefastas. Hoje, infelizmente, estamos vendo aqui em São Paulo o resultado desse modus operandi baseado na mentira e no discurso de ódio: uma lamentável e interminável troca de agressões entre os candidatos bolsonaristas que sabota a discussão de propostas para os problemas da maior cidade do país", disse o candidato do PSOL em nota.

Também nesta quarta, o prefeito Ricardo Nunes afirmou que a declaração da ministra do TSE aponta que "muitos infelizmente não estão vendo o risco que a gente está cometendo na nossa democracia".

"Todos nós defendemos a democracia, o que esse cara [Marçal] tá fazendo é algo absurdo."

Na mesma fala, o prefeito aproveitou para atacar o adversário do PRTB, questionando as declarações que o rival costuma dar sobre a condenação expedida na Justiça Federal de Goiás em 2010 por integrar quadrilha de fraude bancária.

A candidata do PSB, Tabata Amaral, foi questionada sobre a fala da ministra e respondeu criticando Marçal.

"A gente coletivamente não está preparado para lidar com candidatos como o Pablo Marçal. Não é só o STF, a imprensa, as candidaturas. Ele não deveria nem ser candidato. Um cara que foi preso, condenado por fazer parte de quadrilha que rouba idoso, que lei é essa que permite que uma pessoa como essa seja candidato? Ele está com financiamento ilegal. Eu não estou jogando palavras ao vento. Reunimos diversas provas."

Ainda nesta quarta, Tabata disse que "paciência tem limite" e buscou explicar a utilização de palavrão depois do debate no Flow.

"Homem pode dar cadeirada, homem pode dar soco, mulher não pode falar filha da puta? Eu vou falar. Se alguém se incomodar, vou falar duas vezes", afirmou Tabata, em referência a episódios de violência em debates.

Na noite de segunda, depois do final do debate do Flow, Tabata afirmou em entrevista: "Sabe qual a merda maior? Eu estava lá que nem uma filha da puta falando sobre as minhas propostas, fazendo um debate sério, e eu tenho certeza que amanhã só vão falar do soco".

A deputada federal reclamou que, devido à violência, ninguém teria como comparar as propostas. "Eu tenho uma teoria, quase uma teoria da conspiração, de que colocaram o Pablo Marçal para que a gente não visse as merdas que estão acontecendo em São Paulo."

Nesta quarta, em entrevista a jornalistas, Tabata relembrou o momento, ironizou o autodenominado ex-coach e disse que ela também se cansa.

"Eu sou uma pessoa com equilíbrio emocional. O Pablo Marçal adora falar sobre isso. Mas eu sou a única com equilíbrio emocional naquele debate. A única centrada falando de proposta sou eu. Agora, até eu me canso uma hora."

Nesta quarta, Marçal fez carreata em Perus, na zona norte de São Paulo, e prometeu ir mais vezes à região na reta final da campanha, em um aceno ao eleitorado da periferia, que vem disputando principalmente com Nunes e Boulos.

"A gente começou a campanha nas periferias e a gente vai investir nossa energia toda nas periferias para o povo entender que o governo do Pablo Marçal vai ser para os mais pobres."

Colaborou UOL

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.