Tarcísio diz não ter queixa contra Dilma, só agradecimento, e nega interesse em 2026

Governador ligado a Bolsonaro afirma que trabalho com petista 'deu muito certo', rebate Malafaia e afirma não pensar em eleição

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São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira (6) que só tem a agradecer à ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pelo tempo em que trabalharam juntos quando ele foi diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

"Trabalhei com a presidente Dilma, sem termos alinhamento político, ela sempre foi muito respeitosa comigo e eu com ela. E deu muito certo", afirmou o político, em um evento para investidores em São Paulo organizado pela Galapagos Capital.

O governador do estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Ele é um homem branco, de cabelos grisalhos, usa um terno azul escuro e gravata da mesma cor, está olhando para a sua direita
O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) - Danilo Verpa - 6.mai.2024/Folhapress

Tarcísio afirmou ainda que foi levado para conhecer Jair Bolsonaro (PL) e "de repente virou ministro da Infraestrutura", dizendo que o capitão reformado do Exército não utilizou a lógica de dar cargos a partidos durante sua gestão.

Apesar da fala, Bolsonaro loteou durante seu governo cargos de autarquia e estatais ao centrão, como na Codevasf (Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), usada para dar vazão a emendas parlamentares.

O governador de São Paulo disse ter gratidão ao ex-presidente e que discursou em favor dele em ato na avenida Paulista em fevereiro por serem amigos.

Em um momento em que as críticas vindas de aliados de Bolsonaro ao governador se intensificaram, Tarcísio negou interesse na próxima disputa ao Planalto e disse não ter planos para o pleito por enquanto. "Não estou pensando na eleição de 2026, não tenho o menor interesse nisso, zero."

Tarcísio é visto como um possível herdeiro do espólio do ex-chefe do Executivo, declarado inelegível no ano passado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e tem sido pressionado a deixar seu partido, o Republicanos, para se filiar ao PL.

Desde o início do ano, o ex-presidente, sua esposa Michelle e parlamentares têm manifestado publicamente seu desejo de tê-lo na legenda.

O governador aproveitou para rebater o pastor Silas Malafaia, que disse que Bolsonaro deveria "dar uma prensa" em seu afilhado político. "Outro dia, um pastor aí chegou e me descascou, disse que eu quero isso, que não vou ajudar o Bolsonaro. Ele não me conhece."

Sobre as eleições municipais deste ano, Tarcísio afirmou que irá trabalhar com todos os prefeitos eleitos a partir do próximo ano, independentemente da questão partidária. Mas disse estar otimista com o desempenho de seu eixo político.

"Acho que vamos ter um bom resultado em termos de grupo político. Existe uma tendência de que as candidaturas da centro-direita saiam vitoriosas, isso vai acontecer na maioria esmagadora dos municípios."

Disse pretender se envolver o mínimo possível na eleição municipal, por esse não ser o papel do governador, mas que tentará ajudar candidatos com melhor relação com o governo estadual.

Tarcísio reiterou que gostaria que o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fosse o vencedor da disputa, porque já trabalha e possui capacidade de diálogo com ele. Citou projetos de médio e longo prazo que precisam de afinamento entre os chefes dos Executivos estadual e municipal.

O ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro prepara um mergulho na campanha de Nunes neste ano, mas não deve partir para a agressividade contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que também disputará o cargo, em busca de manter a imagem de racionalidade que o ajudou a se eleger em 2022.

Acrescentou, ainda, que Nunes é uma pessoa "extremamente humilde", com um "grande coração". "O meu desejo é ter um prefeito em São Paulo com quem tenha uma boa relação. O ideal para mim seria trabalhar com o atual, que tem me ajudado muito, com quem consigo conversar."

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