Descrição de chapéu Lava Jato Folhajus STF

Governo Lula faz acordo, mas quer mais 30 dias para desenho final de repactuação de multas da Lava Jato

Prazo estipulado pelo ministro André Mendonça venceu nesta quarta (26)

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Brasília

O governo Lula (PT) e empreiteiras fecharam nesta quarta-feira (26) acordo sobre novos termos das leniências da Lava Jato. A proposta construída para ser entregue ao ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), inclui também o pedido de prazo de 30 dias para a elaboração dos detalhes finais do novo acordo.

A petição deve ser protocolada nesta quinta (27). Entre os benefícios oferecidos às empresas, estão o aumento do uso do prejuízo fiscal para até 50% e a isenção de juros moratórios —apenas com atualização pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) até maio deste ano.

Geraldo Magela/ Senado
Fachado do prédio onde funciona a Controladoria-Geral da União

O pedido de mais um mês feito a Mendonça é para que possam fazer as cláusulas dos aditivos e o chamado reperfilamento, ou seja, a fixação dos detalhes como prazos, carência e parcelamento de acordo com as circunstâncias de cada uma das empresas.

Ao longo desse período, ainda há espaço para os ajustes finais do que constará nas cláusulas dos acordos. E a definição do cronograma de pagamento levando em conta a capacidade de pagamento das empresas.

Cabe à AGU (Advocacia-Geral da União), que representa a União, enviar a proposta para os novos termos ao relator. É, no entanto, a CGU (Controladoria-Geral da União) que lidera o processo de negociação com as construtoras.

O magistrado fixou esta quarta-feira (26) como prazo final para o retorno sobre o consenso alcançado. Mas ao menos uma empresa ainda debatia sobre algumas possibilidades até o fim do dia —o que não impede que as demais concretizem a negociação.

Os acordos de leniências foram firmados durante o auge das investigações da Lava Jato. A leniência é uma espécie de delação premiada das empresas, em que há pagamento em troca da possibilidade de continuar obtendo contratos públicos. Juntas, elas devem aos cofres públicos R$ 11,8 bilhões em valores corrigidos.

As empresas em negociação são a Metha (antiga OAS), Novonor (antiga Odebrecht), UTC, Engevix, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.

As empreiteiras tinham até às 23h59 desta segunda-feira (24) para responder formalmente à proposta apresentada pela CGU e pela AGU. Ainda que com retorno positivo, as construtoras entregaram também algumas ressalvas sobre o formato do cálculo para os novos termos e os pagamentos.

Depois disso, empresas, CGU e AGU seguiram em conversas, algumas tensas. Para representantes do governo que participam dos diálogos, algumas declarações de concordância, diante das ponderações apresentadas, não foram claras o bastante.

Os prejuízos fiscais, um dos principais pontos do debate, são definidos contabilmente quando a empresa antecipa o pagamento de tributos sobre um lucro que depois não se realiza. Quando isso ocorre, o governo permite que compensem o valor em futuros pagamentos de tributos.

No fim do processo, até a noite desta quarta, as duas principais divergências eram sobre a base sobre a qual se calcularia o teto do uso do prejuízo fiscal: sobre o saldo restante da dívida, como quer o governo, ou sobre o valor global, como tentam as empresas; e a respeito do índice de correção.

Parte das empresas entende que o teto de 50% deve ser calculado em cima do valor total da dívida, não sobre o saldo devedor restante de cada empreiteira. Dessa forma, o montante que cada uma poderia usar do prejuízo fiscal cresceria e elas conseguiriam pagar uma proporção maior do que devem dessa forma.

Outra discordância apresentada é a respeito da correção da dívida. Da data dos acordos até 31 de maio de 2024, a correção havia sido feita com juros compostos, pela Selic do Banco Central. Pela proposta, essa correção, para esse período, passou a ser feita pelo IPCA. Mas com a previsão de uso da Selic da Receita Federal, que é simples, a partir do fechamento do ciclo de renegociação.

Ou seja, houve um desconto pela mudança de índice aplicado até o fim de maio. Mas algumas das empresas queriam rever esse tópico para estender a revisão da correção. Essas construtoras disseram ao governo que o ideal seria seguir aplicando o IPCA. Isso tornaria a dívida menos onerosa e passível de ser paga em menos tempo.

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