O ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol disse nesta sexta-feira (17) que foi censurado pela direção da UFPR (Universidade Federal do Paraná) ao não conseguir realizar uma palestra no Salão Nobre da Faculdade de Direito, em Curitiba.
Já a instituição diz que o evento intitulado "Voz e Vez: A Liberdade de Expressão e Processo Penal" foi divulgado mesmo antes da autorização formal do Setor de Ciências Jurídicas para uso do espaço.
O DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFPR, que articulava um ato de protesto contra Deltan no momento da chegada dele ao local, comemorou a não realização do evento em uma rede social.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, o ex-procurador da Lava Jato diz que há uma tentativa de "calar a direita". "A turminha da esquerda, que diz defender a democracia, a pluralidade, a diversidade, executam a intolerância, o desrespeito e a censura. A universidade é pública, não é da esquerda nem da direita. É de todos", disse ele.
Segundo o diretório dos estudantes, foi "uma vitória do movimento estudantil e todo o campo progressista, democrático e popular" da instituição. "Aqueles que diariamente atacam as instituições públicas de ensino amam utilizá-las de palanque político para espalhamento do ódio."
O evento com Deltan era organizado pelo Geld (Grupo de Estudos Liberdade e Dignidade), que tem entre seus fundadores o advogado e empresário Rodrigo Marcial, suplente de vereador em Curitiba pelo partido Novo.
O ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal migrou para o Novo no final de setembro, meses após ter seu mandato na Câmara dos Deputados cassado por decisão da Justiça Eleitoral.
Segundo Marcial, o evento começou a ser divulgado há quase uma semana, quando já tinha uma "pré-reserva" do Salão Nobre. Ele afirma que outros eventos do Geld já foram realizados na faculdade sem dificuldade.
Em nota à reportagem, a UFPR afirma que o Setor de Ciências Jurídicas "não recebeu a confirmação por um docente da Faculdade que o mesmo se responsabilizaria pelo evento e que acompanharia o desenvolvimento do mesmo".
Marcial sustenta que havia o nome de uma docente da UFPR no formulário encaminhado ao setor e entende que obstáculos burocráticos inéditos foram criados depois que a instituição soube quem seria o palestrante.
O advogado disse que entrou com um mandado de segurança na tentativa de manter a realização do evento, marcado para 19h15 desta sexta.
Marcial era estudante de direito na UFPR em 2013, quando o Geld foi fundado. O objetivo, segundo ele, era criar um ambiente onde "a gente pudesse abordar tópicos que não fossem somente aqueles que a gente considera de hegemonia da esquerda". "Nasceu com a vocação de estudar autores conservadores e trazer o debate para dentro da universidade pública", afirma.
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