Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) elogiaram nesta quinta-feira (1º) a escolha do presidente Lula (PT) de seu advogado e amigo Cristiano Zanin para compor a corte.
Já a presidente da corte, Rosa Weber, criticou a falta de mulheres no Supremo no mesmo dia da indicação de Zanin, embora sem comentar diretamente a opção de Lula.
Questionado por jornalistas antes de entrar para a sessão plenária, Luiz Fux disse que a indicação é "ótima".
Já Gilmar Mendes afirmou que a escolha é positiva e que Zanin é qualificado. "É alvissareira a notícia de que o nome do brilhante advogado Cristiano Zanin foi encaminhado à apreciação do Senado Federal. O dr. Zanin sempre demonstrou elevado tirocínio jurídico em sua trajetória profissional", disse.
Luís Roberto Barroso disse que o advogado "atuou com elevada qualidade profissional em casos que tramitaram perante o Supremo".
"Minha visão dele é a de um advogado sério e competente, que exibiu dedicação ao cliente e conduta ética, mesmo diante da adversidade. Da minha parte, será muito bem-vindo", afirmou.
Os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para compor a corte, também se mostraram favoráveis à escolha.
Enquanto Kassio disse que a indicação é "ótima", Mendonça desejou-lhe sucesso "na trajetória do Senado".
Segundo a Constituição, o indicado pelo presidente terá que ser aprovado pelo plenário do Senado para tomar posse no tribunal. Antes, será sabatinado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa.
"Entendo que é uma prerrogativa do presidente da República a indicação. Cabe agora ao Senado avaliar os critérios e requisitos que a princípio eu entendo que ele tenha", disse.
Após ter sido indicado, Mendonça teve um nível de apoio baixo no plenário do Senado quando comparado com a votação dos atuais ministros do STF. Até então, o menor número de votos favoráveis no plenário era do ministro Edson Fachin, aprovado com o placar de 52 votos a 27.
Entre os dez atuais ministros, há apenas duas mulheres: Rosa e Cármen Lúcia.
Durante reunião no Supremo nesta quinta com o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, que realiza visita oficial ao Brasil, Rosa perguntou ao finlandês como era a representação de mulheres no Judiciário do país.
Disse que ela era a primeira magistrada de carreira no STF e afirmou ainda que o número de mulheres nos tribunais superiores é ínfimo.
"Aqui no Brasil nós temos muitas mulheres na base da magistratura, na Justiça em primeiro grau, mas o número decresce no intermediário. Na cúpula, nos tribunais superiores, o número é ínfimo", disse Rosa.
O presidente da Finlândia disse que era muito interessante o fenômeno que Rosa acabara de dizer e que, em seu país, nos anos 1980, quando ele mesmo ingressou para a carreira da magistratura, entravam muitas mulheres jovens e que agora a Finlândia tem mulheres "em todos os níveis".
Caso aprovado, Zanin assumirá a cadeira deixada por Ricardo Lewandowski, que completou a idade limite para atuar na corte em 11 de maio, mas antecipou a aposentadoria para abril.
Em nota, Lewandowski disse que Zanin "é um experiente e combativo advogado que preenche todos os requisitos constitucionais para ocupar uma vaga de ministro do STF. "Será, com certeza, um magistrado competente e imparcial", disse.
Lewandowski trabalhava nos bastidores para que o advogado baiano Manoel Carlos de Almeida Neto, ex-secretário-geral do STF e próximo a ele, assumisse a vaga.
Ao confirmar a escolha, Lula disse que todo mundo esperava que ele fosse indicar o Zanin, não só pelo papel que teve em sua defesa, "mas simplesmente porque se transformará num grande ministro da Suprema Corte desse país".
E prosseguiu: "Conheço as qualidades como advogado, conheço as qualidades dele como chefe de família e conheço a formação dele. Ele será um excepcional ministro do STF se aprovado pelo Senado e acredito que será e acho que o Brasil vai se orgulhar de ter o Zanin como ministro da Suprema Corte."
Paulista de 47 anos, Zanin tornou-se advogado de Lula em 2013 e ficou conhecido por defender o petista nos processos da Lava Jato.
Ele era apontado como o favorito para ser indicado à corte desde que Lula venceu as eleições em 2022. Em março deste ano, o presidente, em mais um indício de que pretendia indicar seu advogado, afirmou em entrevista que "todo mundo compreenderia" caso ele o escolhesse.
O advogado se aproximou de Lula pelo fato de ser casado com Valeska Martins, filha de Roberto Teixeira, amigo e ex-advogado do petista.
A indicação de Lula para a vaga foi a mais demorada do petista. Em seus dois mandatos anteriores, as definições vieram em média duas semanas após a abertura das vagas.
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