Apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entoaram a expressão "sem anistia" quando o agora presidente empossado leu em discurso trecho de um relatório produzido pela equipe de transição com um diagnóstico do país sob a gestão de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
"O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio", afirmou Lula de cima do parlatório do Palácio do Planalto diante de multidão que acompanhava o discurso na Praça dos Três Poderes.
De acordo com o petista, o Brasil "bateu recordes de feminicídios, as políticas de igualdade racial sofreram severos retrocessos, produziu-se um desmonte das políticas de juventude, e os direitos indígenas nunca foram tão ultrajados na história recente do país".
A situação do país foi levantada por grupos temáticos sob a coordenação do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
No discurso, Lula mencionou que livros didáticos que deverão ser usados no ano letivo de 2023 ainda não começaram a ser editados, que faltam remédios no programa Farmácia Popular e não há estoques de vacinas para o enfrentamento das novas variantes da Covid-19.
Disse ainda que faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. "Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro", afirmou.
Após esse trecho do discurso, o presidente foi interrompido pelo público, que repetiu seguidas vezes a expressão "sem anistia".
Antes, no discurso que fez no Senado, ao ser empossado para o terceiro mandato como presidente, Lula afirmou que não há "ânimo de revanche contra os que tentaram subjugar a nação a seus desígnios pessoais e ideológicos, mas vamos garantir o primado da lei".
Disse, no entanto, que "quem errou responderá por seus erros, com direito amplo de defesa, dentro do devido processo legal".
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