Descrição de chapéu Eleições 2022

Lula diz que Tebet terá papel que quiser na campanha e ouve recado sobre responsabilidade fiscal

Ex-presidente diz que, após 'recuperar a democracia', vai sentar outra vez com senadora para saber 'caminho a trilhar'

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São Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nesta sexta-feira (7) com Simone Tebet (MDB), terceira colocada na disputa à Presidência, e recebeu a promessa de "total apoio" da senadora.

Em seu discurso, Tebet disse as suas propostas apresentadas foram aceitas pela campanha do petista e mencionou a "responsabilidade fiscal que o momento exige".

A senadora Simone Tebet (MDB) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Mathilde Missioneiro/Folhapress

"Temos as nossas diferenças políticas e econômicas, mas elas são infinitamente menores do que aquilo que nos une", afirmou. "Este não é um encontro agendado pela história, mas, sem dúvida nenhuma, é exigido por ela."

Lula agradeceu o apoio, disse que aprendeu "muito" com a campanha da senadora e, questionado sobre o papel de Tebet na campanha, disse que ela "vai fazer o que ela quiser".

O petista fez menção ao superávit primário em seu governo e disse que "responsabilidade fiscal é uma coisa que a gente tem", mas afirmou que não é preciso lei garantindo isso.

"O Brasil foi o único país do G20 que fez superávit primário todo ano [na gestão dele]. O PSOL foi criado disso, de racha no PT por causa de superávit primário. Eu passei a vida toda sendo contra o superávit primário e, quando cheguei à Presidência, percebi que era preciso fazer e fizemos", afirmou.

Depois de dizer que não é preciso lei para teto de gastos, Lula disse que ela limitaria "utilizar dinheiro para coisas que são essenciais". "Você não pode deixar de investir dinheiro na saúde achando que é gasto. Na educação achando que é gasto", afirmou.

A senadora disse que irá "aonde a campanha precisar", citando que estará nas ruas, nas praças e nos comícios.

O petista afirmou ainda que a proposta de governo apresentada por Tebet é "totalmente assimilável" ao plano de governo de sua campanha e sinalizou para uma participação da senadora em uma eventual gestão.

"Pode ficar certa que vamos colocar em prática. E eu espero que você esteja junto para ajudar a executar cada uma dessas coisas que você propõe", disse Lula.

Ao ser questionada se ela se colocará como uma interlocutora com o setor do agronegócio, segmento que está mais alinhado com o presidente Jair Bolsonaro (PL), Tebet disse que irá "cumprir missões onde achar que são necessárias" e que enxerga ser possível "reverter" esse alinhamento do segmento com o atual chefe do Executivo ao apresentar e detalhar o programa de governo de Lula.

"Sou do agronegócio e estou pronta, inclusive, para desmistificar essa tese equivocada que só interessa ao atual presidente da República de que é agronegócio ou o meio ambiente. Quando, na verdade, os dois andam juntos", disse.

O petista voltou a dizer que não pretende divulgar quem serão seus ministros em um eventual governo antes de terminar as eleições. Ele afirmou que é preciso, primeiro, ganhar as eleições antes de discutir composição de governo, porque "isso não é um negócio, isso é uma ação programática."

"A Simone está aqui para ajudar a gente a recuperar a democracia do nosso país. Depois que a gente recuperar a democracia, vamos sentar outra vez e vamos saber o caminho que a gente vai trilhar. Tenho certeza que será um bom caminho", continuou Lula.

Ao ser questionada sobre a declaração de responsabilidade fiscal que fez no começo de sua fala, a senadora disse que entende "a posição do PT, que é ser contra o teto de gastos", mas que é preciso alguma âncora fiscal mínima.

"Não necessariamente um teto de gastos. Alguma âncora, mínima, que dê obviamente conforto ao mercado, que dê tranquilidade aos investidores, para que a gente possa ter uma economia equilibrada. Mas isso é por conta da própria equipe econômica", disse Tebet.

Em seguida, Lula voltou a afirmar que, caso eleito, irá governar o país com "credibilidade, previsibilidade e estabilidade".

Esse foi o primeiro encontro público dos dois. Na quarta-feira (5), Lula e Tebet almoçaram juntos na casa da ex-prefeita Marta Suplicy, em São Paulo, e selaram o acordo para o segundo turno.

Nele, a senadora apresentou e o petista concordou em incorporar ao seu plano de governo propostas encampadas por ela no primeiro turno.

Após o almoço, Tebet declarou apoio ao candidato petista dizendo não reconhecer no atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), compromisso com a democracia. Ela afirmou também que o que está em jogo é "muito maior do que cada um de nós".

Na quarta à noite, à imprensa, Lula afirmou que quer a senadora em viagens e comícios ao seu lado e que o apoio de Tebet é "programático".

Desde que recebeu o apoio de Tebet, Lula tem acenado com o acolhimento de propostas caras à senadora. Em encontro com parlamentares do PSD na quinta (6), o petista falou de renegociação da dívida das famílias, com a criação de um fundo que serviria de avalista para credores.

Esse foi um dos cinco itens apresentados por Tebet como condição para participação da campanha.

Pela manhã, em discurso após caminhada em São Bernardo do Campo, Lula mencionou outra proposta da emedebista: paridade salarial para mulheres que exerçam a mesma função que homens dentro da mesma empresa.

Em entrevista à Folha na quinta, Tebet afirmou que o "erro fatal" que custou a vitória no primeiro turno das eleições ao petista foi não ter detalhado seu plano de governo e ter apenas focado seus feitos do passado. Agora, ela espera que esse erro seja corrigido.

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