Datafolha: 52% afirmam nunca confiar em nada do que diz Bolsonaro

Outros 29% responderam confiar às vezes no presidente, enquanto 18% dizem sempre confiar nele

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São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) segue sem a confiança da maioria da população, segundo o Datafolha. Uma parcela de 52% dos brasileiros afirmou nunca confiar nas declarações do mandatário que busca a reeleição.

Outros 29% responderam que confiam às vezes em Bolsonaro, enquanto uma minoria de 18% afirma sempre confiar no que o presidente diz. E 1% não soube opinar.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante convenção do PP, em Brasília - Adriano Machado - 27.jul.22/Reuters

A nova medição do Datafolha ocorre dez dias após a apresentação de Bolsonaro a dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada.

Na ocasião, o presidente repetiu mentiras e teorias da conspiração sobre urnas eletrônicas, desacreditou o sistema eleitoral, promoveu novas ameaças golpistas e atacou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar disso, o nível de credibilidade em Bolsonaro se manteve praticamente o mesmo da pesquisa anterior, com uma diferença dentro da margem de erro.

Em junho, 53% dos entrevistados declararam não confiar nunca em Bolsonaro; 29% disseram confiar às vezes e 17% responderam confiar sempre.

A nova pesquisa Datafolha, contratada pela Folha, ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades do país entre quarta (27) e quinta (28). A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01192/2022.

De acordo com o levantamento, Bolsonaro continua em segundo lugar na corrida pela Presidência, 18 pontos atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista marcou 47% das intenções de votos, contra 29% do presidente.

Bolsonaro é também o candidato mais rejeitado: 53% dizem que não irão votar nele de jeito nenhum contra 36% de Lula.

A confiança em Bolsonaro é maior entre seus eleitores –54% dizem sempre acreditar nele, 42% declaram às vezes acreditar e 3% responderam nunca acreditar. Já entre quem declara voto em Lula, os índices são de 2%, 18% e 79% respectivamente.

O presidente também vai melhor entre aqueles que avaliam sua gestão como ótima ou boa, que são 28% da população. Dentre esses, 56% dizem que Bolsonaro sempre tem sua confiança, 35% dizem que às vezes e 6% nunca.

Para quem avalia o governo como ruim ou péssimo (45%) a situação se inverte e o descrédito nos discursos dispara. Ninguém (0%) diz confiar sempre nas falas de Bolsonaro, 7% dizem confiar às vezes e 92% dizem não confiar nunca.

Os que declararam seguir Bolsonaro em redes sociais se dividem da seguinte forma: 44% afirmam sempre confiar, 36% afirmam confiar às vezes e 19% afirmam nunca confiar no que fala o presidente da República.

No universo das mulheres, 15% declararam sempre confiar em Bolsonaro, contra 30% que dizem confiar às vezes e 53% que dizem não confiar nunca. Entre evangélicos, a divisão é, respectivamente, de 26%, 36% e 36%.

O índice de quem diz sempre confiar no que Bolsonaro declara, que é de 18% na média, vai a 9% entre jovens de 16 a 24 anos; chega a 30% entre quem recebe mais de 10 salários-mínimos e alcança 13% entre pretos.

Já o índice de quem diz nunca confiar no presidente, de 52% na população, varia para 58% entre quem tem ensino fundamental; 60% entre quem mora no Nordeste; 38% entre quem mora no Norte; 57% entre desempregados e 29% entre empresários.

Ao longo do mandato, iniciado em 2019, Bolsonaro já chegou a registrar um percentual de 60% de desconfiança plena sobre suas declarações, em dezembro de 2021. O melhor desempenho foi em agosto de 2020, quando a taxa dos que diziam acreditar completamente nele bateu 22%.

O descrédito no presidente é alimentado por uma série de declarações mentirosas e distorcidas, sobretudo acerca do sistema eleitoral brasileiro. A estratégia tem o objetivo de tumultuar a eleição e preparar o terreno para a contestação do resultado.

O teor golpista das falas de Bolsonaro, especialmente após a apresentação aos embaixadores, provocou reação na cúpula do Judiciário, em diferentes setores do Ministério Público, na Embaixada dos Estados Unidos e entre partidos de oposição.

Uma carta em defesa da democracia que será lida no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP tem acumulado adesões desde que foi aberta ao público na última terça-feira (26).

O documento, que começou com a assinatura de 3.000 pessoas, entre banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas outras personalidades, faz parte de uma iniciativa suprapartidária e critica, sem mencionar o nome do presidente, os ataques contra o processo eleitoral perpetrados por Bolsonaro.

Por causa da suspeita de espalhar notícias falsas sobre o sistema de votação e as urnas eletrônicas, ele é alvo de investigações da Polícia Federal e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bolsonaro também está na mira de inquérito da PF pela ilação de que vacinas contra a Covid-19 estariam relacionadas à transmissão do HIV, o que é desmentido por cientistas e médicos. A afirmação se somou a outros episódios de desinformação patrocinados por ele contra a imunização.

Além disso, o presidente acumula idas e vindas em suas falas. Um exemplo recente é o discurso sobre corrupção.

Em julho de 2021, Bolsonaro declarou que seu governo estava há dois anos e meio "sem uma mácula sequer sobre corrupção".

Depois das acusações de corrupção em escândalos como o do Ministério da Educação e da Codevasf, Bolsonaro declarou neste mês que "se procurar, vai achar alguma coisa".

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