Em Pernambuco, em 2010, questionei Sueli Dumont, chefe de uma família de 17 pessoas, sobre como seria seu voto naquele ano.
“Para prefeito?”
Expliquei que a eleição seria para presidente.
“Em Lula”, respondeu.
Enquanto eu dizia que Lula não podia ser candidato, uma de suas filhas interveio:
“Ô, ‘mainha’, agora é a mulher de Lula que vai entrar no lugar dele.”
“E como é o nome dela?”
“É Vilma” —disse a filha.
“Então vou votar em Vilma.”
Quem vive no “Sul maravilha” tem pouco contato com um Brasil mais profundo, onde serviços públicos são muitas vezes precários a ponto de manter milhões de brasileiros à margem da civilização.
Mas é também a partir de locais distantes que o destino do país é decidido. Tanto pelos votos que elegem o Congresso e o presidente quanto pelo uso que os governantes fazem de nossos impostos, distribuídos país afora via fundos constitucionais.
Foi pensado nisso que a Folha e o Datafolha criaram duas ferramentas para aferir o que ocorre em termos de gestão no país: o REM-F (Ranking de Eficiência dos Municípios – Folha), de 2016, e o REE-F (Ranking de Eficiência dos Estados – Folha), que o jornal acaba de lançar.
A partir de indicadores em saúde, educação, infraestrutura, segurança e finanças, os trabalhos mostram quem entrega mais serviços à população gastando menos.
São todos dados objetivos a serem atualizados ao longo dos anos, o que permitirá saber quais prefeituras e estados evoluirão mais (ou menos).
A confissão aqui é que a semente da ideia surgiu num momento de frustração e raiva, em 2015, ao dar com o nariz em portas fechadas de prefeituras do Nordeste. Dava a hora do almoço, fechavam, muitas vezes para o resto do dia.
O REM-F e o REE-F têm origem na mesma pergunta: “Mas quem, afinal, controla o trabalho desse pessoal?”.
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