Morre Ricardo Zarattini, que foi deputado pelo PT e preso pol�tico
Avener Prado - 18.mar.2013/Folhapress | ||
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O ex-deputado Ricardo Zarattini em lan�amento de livro em S�o Paulo em 2013 |
Morreu neste domingo (15) o ex-deputado federal Ricardo Zarattini. Engenheiro, foi um dos 15 presos pol�ticos soltos, em 1969, em troca da liberta��o do embaixador americano Charles Burke Elbrick. Pai do l�der do PT na C�mara, o deputado federal Carlos Zarattini, e irm�o do ator Carlos Zara (1930-2002), ele tinha 82 anos e estava internado havia dez dias na UTI do hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo.
Zarattini tinha c�ncer na medula e sofria das intercorr�ncias provocadas pela doen�a. Seu corpo ser� velado a partir da meia-noite na capela do Cemit�rio S�o Paulo, em Pinheiros (zona oeste), e o enterro est� previsto para a tarde desta segunda-feira (16).
L�der estudantil aos 16 anos, o pol�tico foi um dos participantes da campanha "O Petr�leo � Nosso", que culminou com a cria��o da Petrobras.
Ex-integrante do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucion�rio), foi preso pela primeira vez no dia 10 de dezembro de 1968, em Pernambuco, tr�s dias antes da decreta��o do AI-5, o Ato Institucional n� 5. Torturado, foi encarcerado no Quartel Dias Cardoso (PE).
Em 1969, conseguiu fugir com a ajuda dos soldados aos quais dava aulas e que o apelidaram de "o professor". Ficou escondido por um m�s no Convento das Doroteias, gra�as ao auxilio de dom H�lder C�mara. Voltou clandestinamente para S�o Paulo. Em julho, foi preso pela Opera��o Bandeirante (Oban). Detido e torturado na cadeia do Drag�o por 14 dias, foi libertado em setembro daquele ano em troca do embaixador americano sequestrado por militantes de esquerda.
No grupo dos 15 libertados, estava o ex-ministro Jos� Dirceu. Em 2013, na comemora��o dos 78 anos, Zarattini fez um ato de desagravo aos petistas condenados no processo do mensal�o. Ao comentar a morte do ex-deputado, Dirceu lembrou ter convivido com ele em Cuba e como era conhecido: "velho Zara".
Zarattini foi assessor de Dirceu na Casa Civil, no primeiro ano do primeiro governo Lula, e assumiu uma vaga de deputado em 2004, j� que era suplente de bancada. O ex-ministro o descreve como um homem dedicado "ao combate ao imperialismo".
"N�o tenho palavras para expressar minha gratid�o ao companheiro Zara", escreveu Dirceu.
Zarattini tinha mobilidade e fala comprometidas em decorr�ncia da doen�a e de torturas. Caminhando com aux�lio de uma bengala e, no fim da vida, em cadeira de rodas, ele participava nos �ltimos tempos de atos em defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
"Perdemos um grande companheiro, Ricardo Zarattini, revolucion�rio, socialista e petista", escreveu o ex-presidente do PT Rui Falc�o.
Carlos Eduardo - 25.fev.2000/Folhapress | ||
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O ex-deputado federal Ricardo Zarattini em Bras�lia, em 2000 |
Zarattini iniciou sua milit�ncia pol�tica quando ainda era secundarista e foi presidente da Uni�o Estadual dos Estudantes (UEE) de S�o Paulo. Ap�s sua liberta��o em troca do embaixador Elbrick, Zarattini foi para o M�xico, Cuba e Chile. Em 1974, voltou ao Brasil clandestinamente. Em maio de 1978, foi novamente preso e torturado, sendo libertado no ano seguinte no processo de anistia.
O ex-deputado foi o primeiro brasileiro a ter o banimento revogado, filiando-se em seguida PDT, de Leonel Brizola. Em 1993, a convite de Brizola, foi trabalhar na lideran�a do PDT na C�mara dos Deputados, onde permaneceu at� 2002, mesmo depois de se filiar ao PT. Em 2002, concorreu pelo PT � C�mara. Como era suplente, assumiu uma vaga em 2004.
Em 2013, foi inocentado de ser um dos respons�veis pela explos�o de uma bomba no sagu�o do aeroporto do Recife, ocorrida em 1966. Documentos dos �rg�os de seguran�a, apresentados pela Comiss�o Estadual da Mem�ria e Verdade Dom Helder C�mara, desvinculavam o pol�tico da acusa��o.
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