Embri�o dos evang�licos, Reforma Protestante completa 500 anos
Fabrizio Bensch/11.ago.2010/Reuters | ||
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Est�tuas de Lutero comp�em instala��o de 2010 do artista Ottmar Hoerl na pra�a central de Wittenberg |
Era corriqueiro pregar recados na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha do in�cio do s�culo 16.
Membros da universidade local usavam-na como quadro de avisos: ligeiros recados convocavam alunos para argui��es orais ou anunciavam cancelamentos de aula. Nada al�m do prosaico –com a exce��o de um deles, que foi capaz de transformar a civiliza��o ocidental.
Em outubro de 1517, o ent�o frade e te�logo Martinho Lutero afixou uma folha impressa contendo 95 teses que dariam in�cio � Reforma Protestante.
O anivers�rio de 500 anos do epis�dio tem impulsionado eventos e exposi��es ao redor do mundo. Estima-se que, hoje, 12% da popula��o mundial seja protestante. Trata-se de um grupo plural, composto por diversas denomina��es.
As mais antigas preferem ser chamadas de protestantes. Outras se identificam com o termo "evang�lico", que vem do grego e significa "boas novas". Entretanto, n�o � errado considerar os dois termos sin�nimos, conta o pastor Walter Brunelli, autor da enciclop�dia "Teologia para Pentecostais" (Central Gospel, 1.728 p�ginas divididas em quatro volumes, R$279,99).
No Brasil, 30% se declaram evang�licos –grupo que cada vez mais acumula cadeiras no Congresso (cerca de 80 deputados e um senador) e "likes" na internet.
As denomina��es mais frut�feras por aqui s�o as pentecostais, ramo mais recente do cristianismo que se diferencia dos demais, grosso modo, pela pr�tica de "falar l�nguas" quando em estado de transe religioso.
Adeptas da "teologia da prosperidade", que promete b�n��os materiais, as igrejas neopentecostais s�o outro fil�o em alta –dessa linhagem v�m gigantes como a Igreja Universal do Reino de Deus.
AL�M DA RELIGI�O
Corrup��o do clero, luxo excessivo em Roma e neglig�ncia eclesi�stica s�o causas comumente associados � reforma, diz o historiador Ronaldo Vainfas, professor de hist�ria moderna da Universidade Federal Fluminense (UFF). Explica��es de natureza socioecon�mica.
Ele, contudo, chama aten��o para a face teol�gica do movimento ao citar o historiador franc�s Lucien Febvre: "H� que buscar causas religiosas para uma revolu��o religiosa".
Algo que afligia os crist�os da �poca era o problema da "salva��o espiritual": como alcan�ar o reino dos c�us?
Lutero, estudioso da religi�o, havia chegado � conclus�o de que as pessoas n�o poderiam se tornar mais aceit�veis aos olhos de Deus por meio do apego a "coisas religiosas", como imagens de santos, �gua benta, missas para mortos ou compra de indulg�ncias –todos estes, produtos e servi�os oferecidos exclusivamente pela Igreja Cat�lica, diz � Folha o professor do departamento de religi�o da Universidade Columbia, reverendo Euan Cameron.
Segundo o acad�mico, a Reforma "representou para a popula��o da Europa sua primeira experi�ncia de mobiliza��o em massa em favor de uma causa ideol�gica".
Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria
O leitor n�o deve se sentir ignorante caso n�o consiga traduzir as frases acima.
N�o mais do que cem pessoas hoje em dia falam latim fluentemente, afirma o padre Reginald Foster, especialista na l�ngua, em entrevista � BBC.
N�o era muito diferente na �poca de Lutero: praticamente s� membros do clero dominavam o idioma. O problema � que, em 1517, as B�blias e as missas eram em latim.
As frases, que se tornaram s�mbolo do movimento, significam: "Somente a escritura, somente Cristo, somente a gra�a, somente a f�, gl�ria somente a de Deus".
A partir desse quinteto, toda a f� crist� ocidental foi transformada, inclusive a cat�lica. Houve maior empenho das igrejas (das novas e da velha) em fazer com que suas doutrinas fossem melhor compreendidas pelos fi�is.
Educa��o em massa, liberdade religiosa e o embri�o da separa��o Igreja-Estado fazem parte da prole da reforma.
Para o ex-frade alem�o, todos os fi�is deveriam ter o direito de ler as escrituras sagradas –anseio que s� p�de ser perseguido gra�as a uma recente inven��o, a imprensa de Gutenberg.
Em pouco tempo, Martinho Lutero atraiu a simpatia de grupos como nacionalistas, humanistas e opositores aos privil�gios do clero.
A mais nova celebridade do Sacro Imp�rio Romano-Germ�nico conquistou fama suficiente para se blindar de uma poss�vel execu��o. A excomunga��o, no entanto, foi inevit�vel.
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