'H� uma tentativa de me tirar do jogo pol�tico', diz Lula ap�s condena��o
Miguel Schincariol/AFP | ||
O ex-presidente Lula fala em pronunciamento � imprensa na sede do partido em S�o Paulo |
Em sua primeira declara��o ap�s ser condenado pela Lava Jato, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, 71, disse, nesta quinta-feira (13), que a decis�o judicial despertou sua disposi��o para se lan�ar candidato �s elei��es presidenciais de 2018.
"Se algu�m pensa que com essa senten�a me tiraram do jogo, pode saber que eu t� no jogo", afirmou Lula.
"E quero dizer ao meu partido que at� agora n�o tinha reivindicado, mas vou reivindicar, de me colocar como postulante � Presid�ncia da Rep�blica em 2018."
Do lado de fora do Diret�rio Nacional do PT, no centro de S�o Paulo, essa fala foi recebida com aplausos por cerca de 300 militantes e apoiadores do ex-presidente, que promoveram um "abra�o simb�lico" a Lula na rua. No carro de som, anunciava-se a mobiliza��o como lan�amento da pr�-candidatura do petista.
"Quem acha que � o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim � o povo brasileiro", prosseguiu o petista.
Na rua, a mobiliza��o, com carro de som e apoiadores erguendo bandeiras e vestindo camisetas do partido, ganhou ares de com�cio.
"N�s vamos lan�ar Lula imediatamente candidato � Presid�ncia", discursou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em frente ao pr�dio do diret�rio, ao lado de Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, e Luiz Marinho, presidente estadual.
Gleisi disse que quem quiser impedir a candidatura do ex-presidente "vai responder pela instabilidade pol�tica no pa�s": "N�o vamos admitir uma elei��o sem Lula". Marinho anunciou que o petista ir� percorrer o pa�s —come�ando, provavelmente, no pr�ximo dia 20 de julho, quando est� programada uma manifesta��o na avenida Paulista.
PROCESSO
Na quarta (12), o juiz Sergio Moro, respons�vel pelo processo em primeira inst�ncia sentenciou o presidente por corrup��o e lavagem de dinheiro no caso do tr�plex de Guaruj� (SP).
Lula criticou a decis�o do juiz e afirmou que ir� recorrer "em todas as inst�ncias".
"Acho que � preciso processar essa senten�a no CNJ [Conselho Nacional de Justi�a]. � preciso fazer processo contra quem mente, contra quem n�o disser a verdade nesse pa�s", afirmou.
Lula disse que n�o havia provas suficientes na decis�o —uma tentativa de tir�-lo do jogo pol�tico.
"Ficaria mais feliz se eu fosse condenado com base em uma prova. O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, � perceber que fui v�tima de um grupo de pessoas que contou uma primeira mentira e passa a vida para justificar aquela primeira mentira", afirmou.
"N�o sei como algu�m consegue escrever quase 300 p�ginas para n�o dizer absolutamente nada."
CR�TICAS
� mesa, Lula estava acompanhado de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e de deputados da sigla. Tamb�m rodearam o ex-presidente lideran�as de movimentos sociais, como Guilherme Boulos, do MTST, e Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.
Em diversos momentos, o ex-presidente criticou os m�todos da Lava Jato e da cobertura da imprensa do caso –citou a revista Veja e a TV Globo.
Lula disse que, quando critica a Pol�cia Federal e o Minist�rio P�blico, n�o se refere � institui��o, mas � for�a-tarefa da Lava Jato.
"Moro deve prestar contas para a hist�ria, como eu. A hist�ria � que vai dizer quem est� certo e quem est� errado. N�o � poss�vel ter Estado de direito se a gente n�o acreditar na Justi�a. E por isso a Justi�a n�o pode mentir, n�o pode tomar decis�es pol�ticas. Tem que tomar decis�es baseadas nos autos."
Na senten�a que condenou Lula, Moro diz que ele recebeu vantagens indevidas da construtora OAS na forma de um tr�plex reformado em Guaruj� (SP).
O petista n�o ser� preso –pelo entendimento do Supremo, s� come�ar� a cumprir a pena se a segunda inst�ncia ratificar a decis�o.
O PT deve manter a candidatura de Lula � Presid�ncia em 2018, afirmou, na quarta (12), o ex-ministro Tarso Genro: "Ele � a �nica lideran�a, com apelo popular e capacidade pol�tica, para encaminhar uma sa�da n�o violenta para a crise".
Tamb�m em entrevista a jornalistas, na quarta (12), a defesa de Lula disse que Moro "desprezou as provas da inoc�ncia" e "usou o processo para fins de persegui��o pol�tica" ao condenar o ex-presidente.
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O que ainda pesa
Outras a��es penais contra o petista
Jul.2016
Onde: A��o corre no DF
Caso: Lula virou r�u pela 1� vez acusado de tentar comprar o sil�ncio de Nestor Cerver�, ex-diretor da Petrobras
Acusa��o: Obstru��o de justi�a
O que diz a defesa: Lula nunca interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos � Lava Jato
Out.2016
Onde: Opera��o Janus
Caso: Teria agido para favorecer a Odebrecht em contratos em Angola financiados pelo BNDES
Acusa��es: Corrup��o passiva, lavagem de dinheiro, tr�fico de influ�ncia e organiza��o criminosa
O que diz a defesa: Lula n�o tratou, nem quando era presidente nem depois, dessas rela��es comerciais
Dez.2016
Onde: Opera��o Zelotes
Caso: Lula integraria um esquema para beneficiar as empresas MMC, Caoa e SAAB. Um filho de teria recebido em troca R$ 2,5 milh�es
Acusa��es: Lavagem de dinheiro, tr�fico de influ�ncia e organiza��o criminosa
O que diz a defesa: Nem o ex-presidente nem seu filho participaram de atos ligados a essas empresas
Dez.2016
Onde: A��o sob responsabilidade de Moro
Caso: Ele teria recebido propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para nova sede do Instituto Lula e um apartamento
Acusa��o: corrup��o passiva
O que diz a defesa: Lula alugava o apartamento. Seu instituto funciona em outro local h� anos
Mai.2017
Onde: Lava Jato
Caso: Relacionadas ao s�tio de Atibaia (SP), reformado por Odebrecht e OAS. Acusa��o ainda n�o foi apreciada por Moro
Acusa��es: Corrup��o passiva e lavagem de dinheiro
O que diz a defesa: Den�ncia � persegui��o pol�tica; n�o h� provas de que o s�tio seja de Lula
Livraria da Folha
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