A�cio definiu conluio em licita��o em Minas, afirma delator da Odebrecht
Alan Marques/Folhapress | ||
O senador A�cio Neves (PSDB), que governou Minas de 2003 a 2010 |
Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto J�nior afirmou em sua dela��o premiada � Lava Jato que se reuniu com A�cio Neves (PSDB-MG) para tratar de um esquema de fraude em licita��o na obra da Cidade Administrativa para favorecer grandes empreiteiras.
A reuni�o, segundo o delator, ocorreu quando o tucano governava Minas.
Segundo a Folha apurou, Benedicto J�nior, conhecido como BJ, disse aos procuradores que, ap�s o acerto, A�cio orientou as construtoras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho. De acordo com o depoimento, com Oswaldinho, como � conhecido, foi definido o percentual de propina que seria repassado pelas empresas no esquema.
Ainda de acordo com o delator, esses valores ficaram entre 2,5% e 3% sobre o total dos contratos.
Em nota, A�cio repudiou o teor do relato de Benedicto J�nior e defendeu o fim do sigilo sobre as dela��es "para que todo conte�do seja de conhecimento p�blico".
Oswaldinho � um colaborador das campanhas do hoje senador mineiro. De acordo com informa��es obtidas pela reportagem, o ex-executivo da Odebrecht afirmou que o pr�prio A�cio decidiu quais empresas participariam da licita��o para a obra.
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), a Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, custou R$ 2,1 bilh�es em valores da �poca. Foi inaugurada em 2010, �ltimo ano de A�cio como governador, sendo a obra mais cara do tucano no governo de Minas.
Niemeyer n�o queria empresas pequenas na obra porque considerava o projeto extremamente complexo e temia que empresas pequenas n�o conseguissem execut�-lo.
Com Oswaldinho, que foi presidente da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econ�mico de Minas Gerais), as empresas negociariam, ainda de acordo com Benedicto J�nior, como seriam feitos os pagamentos.
As informa��es fornecidas por BJ em sua dela��o premiada foram confirmadas e complementadas, segundo pessoas com acesso �s investiga��es, pelos depoimentos do ex-diretor da Odebrecht em Minas Sergio Neves.
Sergio Neves aparece nas investiga��es como respons�vel por operacionalizar os repasses a Oswaldinho e � ele quem detalha, na dela��o, os pagamentos a A�cio.
L�der do cons�rcio, que contou com Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galv�o, a Odebrecht era respons�vel por 60% da obra e construiu um dos tr�s pr�dios que integram a Cidade Administrativa, o Edif�cio Gerais.
Benedicto J�nior e S�rgio Neves est�o entre os 77 funcion�rios da Odebrecht que assinaram acordo de colabora��o com a Lava Jato. As dela��es foram homologadas pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carm�n L�cia, e enviadas � Procuradoria-Geral da Rep�blica, sob sigilo.
RECALL DA ANDRADE
A Folha apurou que, em raz�o das confiss�es de BJ e Sergio Neves, procuradores da Lava Jato exigiram dos advogados da Andrade Gutierrez, no fim de 2016, uma esp�cie de complementa��o das dela��es de seus executivos, que eles chamam de "recall".
Isso porque, segundo investigadores, funcion�rios da Andrade n�o detalharam o esquema de propina na Cidade Administrativa e em outras duas obras especificadas nas dela��es da Odebrecht: a constru��o do Rodoanel e do Metr�, em S�o Paulo.
Nas pr�ximas semanas, o ex-presidente da AG Energia Fl�vio Barra e o ex-vice-presidente institucional da empresa Fl�vio Machado ser�o ouvidos novamente em Curitiba. Outros executivos da empresa tamb�m podem ser inclu�dos no "recall".
Barra dar� detalhes das obras em S�o Paulo, enquanto Machado vai confirmar a vers�o que Oswaldinho cobrou propina de 3% do valor dos contratos da Cidade Administrativa, o que chegaria a cerca de R$ 40 milh�es somente na parte da Andrade.
Esse tamb�m � o relato do ex-presidente da OAS L�o Pinheiro. Em junho de 2016, a Folha publicou que ele contaria, em sua dela��o premiada, que pagou a A�cio, via Oswaldinho, o mesmo percentual em rela��o � obra, de 3%. As negocia��es com a OAS, por�m, foram suspensas por causa de vazamentos.
O nome de Oswaldinho tamb�m aparece em uma troca de mensagens de setembro de 2014 entre o ent�o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Benedicto J�nior, que tratavam de uma doa��o de R$ 15 milh�es "de recursos disponibilizados a Mineirinho via Sergio Neves".
"Combinei que Sergio Neves sentaria com OSW para ver forma (dentro das limita��es que temos) de 15", diz a mensagem enviada a BJ por Marcelo Odebrecht.
Na campanha presidencial de 2014, em que foi derrotado por Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves recebeu R$ 15 milh�es da empreiteira baiana como doa��o oficial.
Alexandre Rezende - 24.jun.2016/Folhapress | ||
Complexo arquitet�nico da Cidade Administrativa de Minas Gerais, constru�da durante a gest�o A�cio |
OUTRO LADO
Em nota enviada � Folha, o senador A�cio Neves repudiou o teor da dela��o premiada de Benedicto J�nior, ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura.
O ex-governador de Minas disse que "defende o fim do sigilo sobre as dela��es homologadas para que todo conte�do seja de conhecimento p�blico".
"E que as pessoas mencionadas possam se defender, uma vez que � imposs�vel responder a especula��es, interpreta��es ou informa��es intencionalmente vazadas por fontes n�o identificadas", afirmou o tucano.
A dela��o da Odebrecht foi homologada pela presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carm�n L�cia, na segunda-feira (30). Ela manteve o sigilo dos depoimentos.
A�cio disse que desconhece o conte�do do que classifica de "suposta dela��o". "As afirma��es relatadas s�o falsas e absurdas", afirmou.
Segundo a nota do tucano, as informa��es obtidas pela reportagem "reproduzem assunto recorrente e sobre o qual o senador j� se manifestou anteriormente".
E afirma: "O edital de constru��o da Cidade Administrativa foi previamente apresentado ao Minist�rio P�blico e ao Tribunal de Contas do Estado e as obras auditadas durante sua execu��o por empresa independente contratada via licita��o p�blica, n�o tendo sido apontada qualquer irregularidade durante todo o processo".
Em junho, quando a Folha publicou que a OAS tamb�m mencionaria um esquema envolvendo a Cidade Administrativa, o senador refutou as acusa��es.
Na ocasi�o, ele declarou que as afirma��es necessitam de provas "sob o risco de servirem apenas a interesses outros que n�o os da verdade".
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Delator da Odebrecht cita A�cio - Ex-executivo relata propina no governo de Minas |
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