Folha prepara sistema de publica��o que facilita produ��o em v�rios meios
Evandro Malgueiro/Casa Locomotiva | ||
Montagem sobre fotografia de J. R. Eyerman para a "Life Magazine", de 1952, em Los Angeles |
Cada jornalista que produz uma reportagem da Folha tem � disposi��o um p�blico jamais imaginado por seus colegas de d�cadas atr�s.
Mais de 20 milh�es de brasileiros consomem conte�do do jornal a cada m�s, segundo a M�trica �nica de Audi�ncia, apresentada em 2015 e coordenada pelo Ipsos.
O alcance � mais nacionalizado e mais internacionalizado do que em qualquer outro momento do jornal. A velocidade de difus�o das not�cias n�o tem paralelo.
A mesma trilha que expandiu o universo de leitores, por�m, tem exigido que o jornal repense rapidamente modelos de neg�cio e de produ��o de conte�do.
Reside a� o que o diretor de Reda��o, Otavio Frias Filho, chamou recentemente de "profundo paradoxo" vivido pelo jornalismo.
"Nunca se divulgou nem se leu tanta not�cia como hoje", afirmou Frias Filho no Encontro Folha de Jornalismo.
"Por outro lado, e da� o paradoxo, os pilares de sustenta��o econ�mica do jornalismo foram abalados pela transforma��o tecnol�gica."
A principal mudan�a para os jornais diz respeito aos anunciantes, que historicamente formaram o maior dos pilares de sustenta��o do jornalismo profissional.
Com crescimento anual na casa de dois d�gitos, a publicidade digital somou em 2015 cerca de 30% do mercado global, estimado em US$ 570 bilh�es pela consultoria eMarketer. Com suas plataformas on-line, os jornais tamb�m competem por esse dinheiro.
Trata-se de um mercado peculiar: est� por um lado concentrado em grandes empresas tecnol�gicas, notadamente o Google, e, na parcela restante, pulverizado por uma infinidade de concorrentes de diversos tamanhos.
Vale lembrar, de qualquer modo, que mexer nos pilares de sustenta��o n�o � uma novidade para o jornalismo profissional. No mercado americano, o mais estudado e discutido de todos, a publicidade s� assumiu o posto de maior fonte de receita na reta final do s�culo 19.
O mais famoso epis�dio desse ponto de inflex�o foi a batalha entre dois bar�es da m�dia dos EUA: Joseph Pulitzer (1847-1911) e William Randolph Hearst (1863-1951). O primeiro tem o nome associado ao mais respeitado pr�mio jornal�stico do mundo. O segundo ficou eternizado como o personagem retratado no filme "Cidad�o Kane", cl�ssico de Orson Welles.
Numa guerra de circula��o, eles baixaram os pre�os dos di�rios para um centavo, transformando-os em produtos de massa, com circula��o de centenas de milhares de exemplares. O novo modelo de neg�cios atraiu os anunciantes, e a partir da� a ind�stria jornal�stica se transformou profundamente.
"Nesse ambiente competitivo, o jornal di�rio mudou radicalmente", escreveu o professor universit�rio Joseph Turow no livro "Media Today: An Introduction to Mass Communication".
Com muitos desenhos, colunistas, robustas se��es de esporte e revistas dominicais cheias de fotografias, o jornal se tornou um mosaico de conte�dos destinado a atrair os mais diferentes tipos de pessoas, apontou.
Segundo Turow, esse produto complexo levou a uma estrutura corporativa igualmente complexa, "com departamentos de publicidade e de circula��o que frequentemente eram t�o grandes quanto a pr�pria Reda��o".
SINAIS DE REA��O
Agora, novamente colocada � prova, a ind�stria jornal�stica d� os primeiros sinais de rea��o. A mais recente edi��o do anu�rio World Press Trends, da WAN-IFRA (Associa��o Mundial de Jornais), mostrou que pela primeira vez no s�culo 21 a receita global dos jornais com a venda do conte�do ultrapassou o faturamento com publicidade.
Em 2014, os di�rios mundiais faturaram, somados, US$ 179 bilh�es, sendo US$ 92 bilh�es de circula��o impressa e digital e US$ 87 bilh�es em publicidade, de acordo com a estimativa da organiza��o -que ressalta que o n�mero total supera o das ind�strias de livros, de m�sica e de filmes.
"H� uma mudan�a s�smica, levando a �nfase do neg�cio de uma rela��o de empresa para empresa ('publishers' para anunciantes) para uma rela��o crescente entre empresa e consumidores ('publishers' para leitores)", afirmou Larry Kilman, secret�rio-geral da WAN-IFRA.
A Folha n�o s� acompanha como tem sido protagonista em v�rios aspectos desse movimento da ind�stria.
Foi o primeiro jornal em tempo real em l�ngua portuguesa, tendo montado sua vers�o web dois meses ap�s a internet comercial chegar ao Brasil, em 1995.
Foi o primeiro �rg�o de m�dia brasileiro a lan�ar um aplicativo com tecnologia HTML5, em 2011, adaptando seu conte�do a diferentes tamanhos de tela de aparelhos m�veis, hoje a fonte dominante de audi�ncia.
Foi o primeiro ve�culo do pa�s a adotar um modelo de paywall (muro de cobran�a) poroso em suas p�ginas de internet, em 2012, dando in�cio a um movimento que acabou abrangendo grande parte dos jornais brasileiros.
N�o por acaso, a Folha � l�der em assinaturas digitais, segundo o IVC (Instituto Verificador de Comunica��o).
O jornal agora tem dedicado energia � confec��o de um publicador �nico de todo seu conte�do, nos mais diferentes formatos e capaz de servir a uma Reda��o com equipes que trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana.
Batizado de Gutenberg, homenagem ao inventor da imprensa, o sistema entrou em opera��o em janeiro, na reforma visual do "F5", site de entretenimento da Folha. Ser� expandido nos pr�ximos meses a outros sites do jornal e facilitar� a distribui��o em diferentes plataformas do conte�do produzido pela Reda��o.
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